Folha de Londrina

Mulher presa por matar companheir­o alega legítima defesa

- Vitor Ogawa

Uma mulher que foi presa na última sexta-feira (22) por ter matado o companheir­o alega ter agido em legítima defesa. O episódio ocorreu na residência do casal, na rua Joana da Glória Lisboa Athayde, no Jardim San Fernando (zona leste). Em uma briga do casal, Devair Alves teria agredido a mulher, Ana Paula, que teria usado uma faca para se defender e acabou desferindo golpes contra o companheir­o. Após a morte dele, a mulher permaneceu no local, onde foi presa pela polícia, e admitiu ter sido a autora das facadas.

A irmã da mulher, identifica­da como Ana Patrícia, disse que ela agiu em legítima defesa. “Na hora que eu cheguei para acudir minha irmã, ela falou que ele tinha a atacado e que havia batido nela”, destacou. Segundo ela, os vizinhos queriam bater em sua irmã, porque ele tinha só uma perna, o que tornaria a agressão mais difícil por parte dele. “Ela ficou dentro do camburão e queriam linchar ela. A mulher pode ser agredida? Ela só agiu em legítima defesa”, declarou, alegando que uma pessoa, mesmo com uma perna só, é capaz de agredir outra pessoa. “Eu não vi a cena, mas vi ele morrer”, declarou.

Ana Patrícia ainda relatou que o companheir­o da irmã tinha bebido o dia inteiro. “Minha irmã estava sóbria. Ela defendeu o filho dela e aconteceu essa situação. Ela sofreu por ter apanhado e se defendeu. Foi só legítima defesa. Ela podia muito bem ter fugido, mas ficou no local. Mas Deus está no controle de tudo”, afirmou.

A advogada Nayara Andrade Vieira entrou com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Segundo a advogada, a audiência de custódia foi realizada no domingo (24) e foi decretada a prisão preventiva de Ana Paula. Vieira reforçou que a mulher agiu em legítima defesa. “Ela está grávida de quatro meses, quase cinco, e está no grupo de risco”, afirmou.

Um inquérito será instaurado para investigar o homicídio e ficará a cargo do delegado José Arnaldo Peron. Ele recebeu o caso apenas na tarde desta segunda-feira e disse que ainda não tinha como dar detalhes sobre a apuração.

O homem morto já tinha passagem pela polícia por roubo de carro e chegou a ser baleado pela PM (Polícia Militar) em uma perseguiçã­o em fevereiro de 2019. A irmã dele, Vilma Alves, disse que o relacionam­ento do casal era recente. “Fui na casa deles umas cinco ou seis vezes. Um dia, há uns cinco meses atrás, ele nos ligou para buscar ele na UPA porque ela tinha batido nele e quebrado a muleta dele, pois ele era deficiente, não tinha uma perna”, declarou.

Vilma afirmou que não pode dizer o que ocorreu no episódio da facada, mas que um amigo dele que morava perto dizia que o casal sempre brigava. “Ele ligava e dizia para minha mãe buscar ele, porque ela ia acabar matando ele”, afirmou. “Foi ele quem não conseguiu se defender. Foi ela quem o matou. Ele estava tentando mudar de vida.”

A reportagem procurou a Guarda Municipal para saber se a acusada teria alguma medida protetiva pela Justiça, mas recebeu como resposta que as informaçõe­s referentes às medidas protetivas a que a Defesa Social tem acesso são apenas para a fiscalizaç­ão do trabalho da Patrulha Maria da Penha. A reportagem também procurou o Ministério Público, mas não foi atendida.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil