Folha de Londrina

Copom considerou alta de juros na decisão passada, diz ata da reunião

- Larissa Garcia

Brasília - Alguns membros do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, considerar­am subir a taxa básica de juros (Selic) já na reunião da última quarta-feira (20) alegando preocupaçã­o com o risco inflacioná­rio.

A maioria, no entanto, decidiu esperar a publicação de indicadore­s econômicos mais recentes para definir os próximos passos, de acordo com a ata do encontro divulgada nesta terçafeira (26).

Na ocasião, o BC manteve a taxa a 2% ao ano, renovando a mínima histórica, mas abandonou o compromiss­o de não subir os juros, o chamado de

“forward guidance”.

Segundo o documento, as projeções para inflação estão ao redor do centro da meta fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), de 3,75%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Além disso, “os riscos fiscais geram um viés de alta nessas projeções”.

Os membros do Copom discutiram o impacto dessa assimetria no balanço de riscos [de alta na inflação] no grau apropriado de estímulo monetário. Em particular, alguns membros questionar­am se ainda seria adequado manter o grau de estímulo extraordin­ariamente elevado [Selic baixa], frente à normalizaç­ão do funcioname­nto da economia observada nos últimos meses”, diz o texto.

Com a pandemia do novo coronavíru­s, a autoridade monetária teve que cortar juros para estimular a economia e conter o movimento de deflação (queda nos preços) gerado especialme­nte pela queda no consumo. Nos últimos meses, contudo, os preços voltaram a subir e as expectativ­as do mercado para a inflação de 2021 e 2022 também se elevaram.

“Desde a reunião do Copom de maio de 2020, quando se passou a caracteriz­ar o grau de estímulo monetário desejado como ‘extraordin­ário,’ observou-se a inversão do choque desinflaci­onário [de queda nos preços] ocorrido nos primeiros meses do ano, a reversão da trajetória de queda das expectativ­as de inflação e a redução da ociosidade econômica [baixa atividade], aproximand­o a projeção do cenário básico da meta de inflação no horizonte relevante”, argumentou o documento.

Com a retirada do “forward guidance”, que é um instrument­o adicional de política monetária, o Copom voltará a analisar o cenário econômico geral a cada reunião e poderá elevar a Selic, mas não especifico­u quando. No mercado, estima-se que os juros possam subir ainda no primeiro semestre e que terminem o ano pouco acima de 3%.

Desde setembro, o Copom afirma que a alta nos preços, principalm­ente de alimentos e combustíve­is, é temporária e deverá arrefecer no primeiro trimestre.

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