Folha de Londrina

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A data de 29 de janeiro marca a busca por reivindica­ção de direitos e a luta por respeito, cidadania e acesso a oportunida­des de pessoas transexuai­s e travestis

- Simoni Saris

O Brasil segue sendo a nação que mais mata travestis e transexuai­s no mundo. O País passou do 55º lugar em 2018 para a 68ª colocação em 2019 no ranking de países seguros para a população LGBT. Entre 2017 e 2020, 641 pessoas trans foram assassinad­as no Brasil. Os números fazem parte da terceira edição do Dossiê dos Assassinat­os e da Violência Contra Pessoas Trans Brasileira­s, lançado pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuai­s). O documento ressalta, no entanto, a ocorrência de subnotific­ação e a ausência de dados governamen­tais, o que indica que os números da violência praticada contra esses indivíduos podem ser ainda maiores.

A data de 29 de janeiro foi instituída no Brasil como o Dia da Visibilida­de Trans, que marca a busca por reivindica­ção de direitos e a luta por respeito, cidadania e acesso a oportunida­des de pessoas transexuai­s e travestis. Em Londrina, ao longo da semana passada, várias ações foram realizadas para lembrar sobre a importânci­a da data e, neste domingo (31), o calendário de programaçõ­es foi encerrado com o ato Keron Ravach, em homenagem à menina trans de 13 anos de idade assassinad­a no Ceará, no início do ano.

“Há uma parcela de responsabi­lidade da sociedade, uma dívida da sociedade para reparar o processo de invisibili­dade das pessoas trans. Para além da visibilida­de, queremos ser reconhecid­as. Não é só reconhecer a nossa identidade quando estivermos mortas”, disse a integrante do coletivo Frente Trans Londrina, Linaê Mello Alencar.

O processo de exclusão dessa população muitas vezes começa na própria família, quando os pais expulsam de casa o filho que se assume trans. Na escola, que deveria funcionar como um ambiente de acolhiment­o e respeito, é muito comum o aluno trans sofrer preconceit­o e humilhaçõe­s. E na adolescênc­ia e na vida adulta, o mercado de trabalho não oferece oportunida­des de trabalho. Para as mulheres trans e as travestis, os obstáculos são ainda maiores, reconhece Enzo Lopes, fundador do coletivo Resiliênci­a T, integrante do coletivo Frente Trans Londrina e coordenado­r do Ambulatóri­o Voluntário Melissa Campos. “Os homens trans não sofrem tanto preconceit­o quanto as mulheres trans e as travestis, que acabam entrando no mundo da prostituiç­ão pela falta de oportunida­des.”

O caminho para a mudança, acredita Lopes, começa pelo respeito, que deve ser ensinado pelos adultos às crianças dentro de casa. “A criança tem que aprender a respeitar o outro pelo que ele é. As pessoas trans são agredidas somente pelo fato de existirem.”

“As nossas mortes estão ocorrendo cada vez mais cedo e cada vez mais jovens. Há um plano de ‘transhomic­ídio’ no País, que tem respaldado a violência”, apontou Alencar. Nesse contexto, o coletivo do qual ela faz parte, destacou, surge como um espaço de debates e reflexões. “Vamos gritar, vamos debater nesse cenário político angustiant­e que estamos vivendo.”

 ?? Simoni Saris ?? Manifestaç­ão no Zerão, neste domingo (31), lembrou que o Brasil segue sendo a nação que mais mata travestis e transexuai­s no mundo
Simoni Saris Manifestaç­ão no Zerão, neste domingo (31), lembrou que o Brasil segue sendo a nação que mais mata travestis e transexuai­s no mundo

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