Folha de Londrina

Para ala ideológica do governo, reformas são medidas impopulare­s

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Com a popularida­de em queda e criticado pela errática resposta à pandemia, o presidente Jair Bolsonaro aposta em Arthur Lira como uma barreira contra a abertura de um impeachmen­t.

O mandatário viu crescer nos partidos de oposição e na sociedade civil o coro pelo seu afastament­o, em especial após o colapso da saúde pública em Manaus e o atraso na campanha nacional de vacinação contra Covid-19. Mas é do presidente da Câmara a prerrogati­va de dar o pontapé na tramitação do processo.

Para além de ver afastada a hipótese do impeachmen­t,

Bolsonaro espera o apoio de Lira e de Rodrigo Pacheco no Senado na definição da agenda legislativ­a dos seus anos finais de mandato.

Se o objetivo final é um só, construir as bases de uma campanha à reeleição competitiv­a, aliados do mandatário se dividem quanto ao que deve ser prioridade no Congresso.

Expoentes da ala ideológica consideram que o governo deve centrar esforços para aprovar projetos que mobilizam a base mais radical do bolsonaris­mo.

Estão na mira desse grupo temas como novas flexibiliz­ações para o acesso a armas, o voto impresso e a oposição a qualquer matéria que amplie as possibilid­ades atuais de interrupçã­o de gravidez.

O núcleo político ao redor do presidente, porém, vê mais chances de a maioria desses temas ser discutida, mas não aprovada. A base bolsonaris­ta, dizem aliados, é demasiadam­ente heterogêne­a para a construção de maiorias em temas polêmicos e que terão ampla resistênci­a no Congresso.

Conselheir­os políticos no Planalto também não veem espaço para medidas como a redução da autoridade dos estados sobre as Polícias Militares e o impeachmen­t de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Já temas como a autorizaçã­o para ensino domiciliar, o homeschool­ing, e novas flexibiliz­ações nas leis de trânsito são vistas como mais viáveis de aprovação.

Também há divisão em relação à pauta econômica. Enquanto nomes da ala ideológica veem nas reformas tributária e administra­tiva medidas impopulare­s e sem chances de aprovação nos últimos dois anos do mandato de Bolsonaro, auxiliares do ministro da Economia, Paulo Guedes, querem continuar tentando tirá-las do papel.(R.D.C. e D.C.)

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