Folha de Londrina

Vacina da Janssen de dose única é eficaz contra a Covid-19

Johnson & Johnson pretende enviar o pedido de aprovação para uso emergencia­l à FDA até a próxima semana, o que colocaria a vacina disponível para uso até o final de fevereiro

- Ana Bottallo

São Paulo - A Janssen, braço do laboratóri­o Johnson & Johnson (J&J), anunciou nesta sexta-feira (29) que sua vacina contra a Covid-19 é eficaz contra o desenvolvi­mento da doença com uma única dose.

Os dados de segurança e imunogenic­idade da vacina já haviam sido publicados no dia 13 de janeiro na revista científica New England Journal of Medicine, em artigo que constatou a produção de anticorpos em 98% dos participan­tes após uma dose única.

Os resultados divulgados nesta sexta-feira se referem aos ensaios clínicos de fase 3 do imunizante, conduzidos simultanea­mente em diversos países, e são para casos moderados e graves, que necessitam de hospitaliz­ação. Ainda não há dados para proteção de casos assintomát­icos ou impedir infecção do vírus.

Os números variaram também segundo a região do estudo, indicando uma possível influência das novas variantes do coronavíru­s no número de casos e consequent­e proteção da vacina.

Nos Estados Unidos, onde foram avaliados cerca de 45 mil participan­tes, a eficácia da vacina em impedir hospitaliz­ação foi de 72%. Na América Latina, essa taxa caiu para 66%, enquanto na África do Sul, foi menor ainda, de 57%.

O país sul-africano vem enfrentand­o um aumento do número de casos e mortes devido à circulação de uma nova variante, a B.1.135, caracteriz­ada por uma série de mutações, incluindo a E484K, possivelme­nte associada a uma evasão do sistema imune. A linhagem, identifica­da primeiro nesse país, já foi detectada nos Estados Unidos.

Não foram divulgados dados do estudo da vacina para o Reino Unido, onde uma nova variante também tem causado aumento substancia­l no número de casos não só na região, mas também em outros países da Europa.

MANAUS

No Brasil, a nova variante de Manaus causa preocupaçã­o semelhante por conter as duas mutações identifica­das nas variantes do Reino Unido e da África do Sul, na proteína S do Spike (ou espícula, o gancho utilizado pelo coronavíru­s para entrar nas células).

Se for confirmado que a baixa eficácia da vacina está associada à evasão do sistema imune pela variante da África do Sul, outras vacinas em fase final de testes ou já aprovadas para uso, como as da Pfizer/BioNTech, Moderna, Oxford/AstraZenec­a e Novavax podem também apresentar o mesmo risco.

A J&J disse ainda que pretende enviar o pedido de aprovação para uso emergencia­l à FDA (agência norte-americana que regulament­a medicament­os) até a próxima semana, o que colocaria a vacina disponível para uso até o final de fevereiro.

O diretor científico da companhia, Paul Stoffels, disse ao New York Times que a vacina (da Janssen) é “a que pode fazer diferença no combate à pandemia com uma única dose”. As demais vacinas utilizadas até o momento necessitam de duas doses, em um intervalo de 21 dias, para garantir os índices de proteção.

O anúncio vem em um momento em que a administra­ção do novo presidente americano Joe Biden tenta acelerar a taxa de vacinação nos Estados Unidos, ainda com uma escassez de doses para imunizar toda a população. Autoridade­s da Casa Branca estão confiantes que a vacina da J&J será o caminho para minimizar essa escassez, mas a farmacêuti­ca pode ter apenas 7 milhões de doses prontas para uso até a decisão da FDA de aprovação, segundo oficiais de saúde familiariz­ados com a produção da empresa, e cerca de 30 milhões até abril.

AINDA EM TESTE

No Brasil, a vacina da Janssen é testada em cerca de 7.000 voluntário­s. Em janeiro, a Anvisa concedeu o certificad­o de boas práticas de fabricação à companhia. A conclusão e divulgação dos ensaios clínicos no país ainda são aguardadas.

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