Folha de Londrina

Em meio a alta de casos, Belinati descarta endurecer restrições

Movimento reuniu cerca de 400 veículos na manhã deste domingo (31) com a adesão também de trabalhado­res das vans escolares

- Micaela Orikasa

Apesar do alerta de bandeira roxa em Londrina e de janeiro ter sido o mês mais letal da pandemia na cidade, com 133 mortes, prefeito disse que não adotará medidas mais restritiva­s para conter contágio da Covid-19. Donos de escolas particular­es e pais voltaram a promover carreata ontem pelo retorno das aulas presenciai­s.

Cerca de 400 veículos saíram em carreata na manhã deste domingo (31) pelas ruas de Londrina, a favor do retorno das aulas presenciai­s. O movimento é liderado pelos grupos “Mães pela Educação” e Mães em Ação”, que têm realizado uma série de protestos nos últimos meses.

Muitos veículos traziam mensagens de protesto, bexigas e faixas pretas. A carreata teve início às 10h, percorreu as principais avenidas da região central e terminou em frente à Prefeitura. Além das famílias, muitos motoristas de vans escolares aderiram à manifestaç­ão.

“A gente sabe que o momento é crítico, mas também temos que expor nossa realidade. Queremos mostrar que a nossa categoria está passando por necessidad­es. O veículo escolar é um serviço exclusivo, ou seja, não temos como buscar meios alternativ­os para trabalhar como, por exemplo, transporta­r cargas ou demais passageiro­s. Nós só podemos atuar no transporte de crianças”, desabafou Álvaro Antônio Doroso.

Ele trabalha com transporte de escolares há 26 anos e disse que nunca enfrentou um momento tão difícil como esse que se instalou com a pandemia da Covid-19. “Tive que dispensar dois motoristas e três monitoras. Muito provavelme­nte também irei me desfazer de um veículo. Estamos nos virando com nossas reservas porque estamos há nove meses com faturament­o zero”, comentou.

DECRETOS

No dia 16 de janeiro, uma carreata pedindo o retorno das aulas aconteceu em diversas cidades brasileira­s. Dessa vez, a iniciativa foi das famílias londrinens­es, diante da suspensão da aulas presenciai­s até o dia 28 de fevereiro, em decreto assinado pelo prefeito Marcelo Belinati.

A medida frustou a expectativ­a de muitas escolas particular­es e grupos de mães, que já se preparavam para a reabertura das escolas no dia 25 de janeiro, cinco dias após o governo estadual ter publicado um decreto permitindo o retorno das aulas presenciai­s em instituiçõ­es estaduais públicas e particular­es em todo o Paraná.

“Os decretos têm causado um grande transtorno e esse é um dos motivos que nos trouxe aqui hoje. Como que o governador faz um decreto e o prefeito não acata? Temos exemplos de cidades da região que vão retornar as aulas presenciai­s. O que nós estamos pedindo é que as escolas voltem em um modelo híbrido e que os pais tenham poder de decisão sobre mandar os filhos para as salas de aula ou não”, afirma Nábila Raquel

Dourado, do Mães em Ação.

O grupo surgiu em novembro de 2020 e é composto, em sua maioria, por mães de filhos que estudam em escolas particular­es. Elas alegam que as instituiçõ­es estão estruturad­as para retornar com o cumpriment­o de todas as medidas de prevenção. “Nós estamos em busca de respostas, de estudos concretos. Queremos saber quais são as condições sanitárias necessária­s para termos o retorno das aulas presenciai­s? Só se fala em critérios epidemioló­gicos, mas nunca temos nada detalhado sobre isso. Não queremos que ninguém deixe de trabalhar, mas a gente vê o comércio, os bares e restaurant­es abertos”, ressalta.

Samara Galete, do “Mães pela Educação”, conta que o grupo foi criado há poucos dias para promover a carreata e somar força ao Mães em Ação. “A escola não é essencial só para o meu filho. Ela é essencial para muitas mães que precisam trabalhar, mas que não têm uma rede de apoio, para funcionári­os que dependem dos empregos nas escolas, para os trabalhado­res das vans escolares. Vivemos em uma cidade onde tudo pode funcionar, menos as escolas”, afirma.

AULAS SUSPENSAS

Em transmissã­o on-line na noite de sábado (30), o prefeito Marcelo Belinati comentou as manifestaç­ões sobre o retorno das aulas presenciai­s. “Faz parte do processo democrátic­o, estão defendendo aquilo que acreditam. É importante eu pedir para que as pessoas se cuidem, mas isso não vai mudar em nada o nosso entendimen­to e as aulas continuarã­o sem serem permitidas de forma presencial até o dia 28 de fevereiro”, afirmou.

Belinati reforçou que são permitidos atendiment­os individual­izados, atividades extracurri­culares, atendiment­os para crianças em situação de vulnerabil­idade social e para estudantes que apresentam dificuldad­e de aprendizag­em. “Entendo, respeito a dificuldad­e financeira das escolas, mas não dá para voltar agora. A hora que for possível voltar, as aulas vão voltar. O plano de retorno está pronto. [...] Vamos continuar seguindo a ciência e a medicina”, afirmou.

Viviani Costa) (Colaborou

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Micaela Orikasa
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Micaela Orikasa Carreata foi acompanhad­a pelos trabalhado­res das vans escolares: sem aulas, categoria afirma que está passando por necessidad­es

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