Em eleições que devem definir o futuro do governo federal, a Câmara e o Senado escolhem hoje seus novos presidentes. Bolsonaro espera agenda positiva com vitória de aliados.
Eleições no Congresso acontecem nesta segunda-feira; Vitória de aliados também significa para presidente esquivar-se do impeachment
Brasília - Com a provável eleição de aliados para a presidência do Senado e da Câmara, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) planeja afastar o fantasma do impeachment e lançar as bases do seu projeto de reeleição.
Com um apoio mais sólido no Congresso - construído com o loteamento de ministérios e distribuição de emendas-, o presidente pretende pôr em votação pautas ideológicas, reforçar programas sociais e conseguir a aprovação de reformas econômicas.
Essas três áreas são consideradas por aliados os pilares da campanha de Bolsonaro em 2022, quando ele deve tentar conquistar mais quatro anos à frente do Palácio do Planalto.
O Executivo espera com ansiedade principalmente a sessão da Câmara nesta segunda-feira (1º). Líder do centrão e candidato de Bolsonaro, o deputado Arthur Lira (PP-AL) é o favorito na disputa e, na reta final, conseguiu adesões importantes contra seu principal adversário, Baleia Rossi (MDB-SP).
Para Bolsonaro, tão valiosa quanto a vitória de um aliado é o fim da era Rodrigo Maia (DEM-RJ), que apoia Baleia, na Câmara. O presidente acusa Maia de travar a agenda bolsonarista no Congresso.
Bolsonaro fez campanha por Lira e mobilizou ministros para que a estrutura do governo estivesse à disposição do aliado a fim de consolidar seu apoio na Casa.
Se o sucesso de Lira tende a fortalecer a posição de Bolsonaro no Congresso e eliminar, ao menos no curto prazo, o fantasma do impeachment, o presidente deve pagar um preço pelo casamento com o líder do centrão.
Assessores no Planalto dão como certa uma reforma ministerial que ampliará o espaço na Esplanada de legendas como PP, PSD, PL e Republicanos. O próprio Bolsonaro reconheceu nesta sexta-feira (29) que pode recriar as pastas da Cultura, do Esporte e da Pesca.
“Se tiver um clima no Parlamento, pelo que tudo indica as duas pessoas que nós temos simpatia devem se eleger, não vamos ter mais uma pauta travada, a gente pode levar muita coisa avante, quem sabe até ressurgir os ministérios, esses ministérios””‹, afirmou.
No Senado, a segunda pessoa a quem Bolsonaro se referiu é Rodrigo Pacheco (DEMMG), candidato com apoio do atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Durante a campanha presidencial em 2018, Bolsonaro, porém, se apresentou como um nome de fora da velha política e prometeu um time de ministros enxuto e livre de indicações políticas.
23 MINISTÉRIOS
Hoje o governo Bolsonaro tem 23 ministérios, 8 a mais do que os 15 prometidos na eleição. Sob a gestão de Michel Temer (MDB), seu antecessor, eram 29 pastas.
Mesmo a narrativa de um ministério sem indicações políticas será difícil de sustentar. Na reforma ministerial discutida, Bolsonaro avalia remover Onyx Lorenzoni para a Secretaria-Geral da Presidência. Com isso, o presidente poderá entregar a um partido do centrão o Ministério da Cidadania, cobiçado por ser uma vitrine que executa programas sociais.
Interlocutores disseram à Folha que, além do apoio no Legislativo, o objetivo da reforma ministerial é amarrar o maior número de legendas de centro-direita ao governo.
Bolsonaro quer limitar o número de possíveis adversários desse campo em 2022, na esperança de protagonizar um segundo turno com um nome da esquerda e, assim, reeditar a polarização de 2018 com o PT.