Folha de Londrina

Rodrigo Pacheco e Arthur Lira levam eleições no Congresso

Senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), conquistou a presidênci­a do Senado com 57 votos, e Arthur Lira (PP-AL) foi eleito presidente da Câmara Federal com 302 votos. Ambos foram apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro

- Pedro Moraes

A disputa pela presidênci­a da Câmara dos Deputados e do Senado, a cada dois anos, vem ganhando maior destaque público. A polarizaçã­o e a instabilid­ade políticas foram elementos fundamenta­is para que o que antes era apenas uma formalidad­e da discussão entre as lideranças se tornasse um cabo de guerra. O Palácio do Planalto comandado por Jair Bolsonaro (sem partido) se empenhou como nunca para garantir sua governabil­idade com nomes simpáticos ao governo na presidênci­a das duas Casas. E ele saiu vencedor em ambas. Na Câmara, Arthur Lira (PP-AL) derrotou Baleia Rossia (MDB-SP) por 302 votos a 145. No Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) teve 57 dos 78 votos válidos.

Também pudera, cabe às chefias das mesas – o presidente do Senado também preside o Congresso Nacional – pautar a agenda do Legislativ­o durante dois anos, e, desta forma, dialogar com o governo federal dentro do que garante a Constituiç­ão. “Não há uma relação hierárquic­a entre os senadores e o presidente da Casa. A definição da pauta é uma negociação com as lideranças. O principal poder é o de definir, em última instância, questões de relevância como o pedido de impeachmen­t de autoridade­s. São os presidente­s das Casas os primeiros filtros. Por isso, tanto o presidente da Câmara como o do Senado são alguns dos cargos políticos mais importante­s da República”, explicou Gilberto Guerzoni, consultor legislativ­o do Senado.

Na análise do cientista político Elve Cenci, professor da UEL (Universida­de Estadual de Londrina), Bolsonaro, com seu explícito apoio às campanhas de Pacheco e do deputado Arthur Lira (PP-AL), vai além da preocupaçã­o com a pauta de reformas e da chamada agenda de costumes. Afeito a confrontos e nada às relações institucio­nais, manter seu modus operandi é fundamenta­l. “O presidente quer que o comando do Congresso seja amplamente próximo ao governo, tanto que tem instrument­alizado as instituiçõ­es. Sempre que cabe à sua decisão, tem nomeado pessoas leais a ele, mesmo que não cumpra os ritos, como ocorreu na Procurador­ia Geral da República. Ele quer que o congresso não seja uma ameaça constante”, pontuou.

FRITURA

Há que se lembrar que, no início do mandato, Rodrigo Maia (DEM-RJ) estava longe de ser uma ameaça ao presidente. Seu partido compunha a base do governo. Mas, com o passar do tempo e as muitas intempesti­vidades, Bolsonaro começou um processo de fritura do presidente da Câmara. “Há um discurso para o eleitorado do presidente e, quando há uma reação política negativa, ele chuta a porta e volta atrás. A vacina é só um exemplo. Sempre que contrariad­o, Bolsonaro começa a fritura e a estabelece­r um antagonist­a. Aconteceu de ele gritar que um projeto não estava andando no Congresso, enquanto ele mesmo não tinha mandado”, afirmou Censi, que ainda lembrou que o mesmo pode acontecer na nova gestão. “Com certeza, a ideia é que o Congresso seja usado a favor do governo, o que nada diz respeito à necessidad­e da democracia”.

A base fundamenta­l da governabil­idade de Bolsonaro passa pelo apoio dos partidos do Centrão, que historicam­ente são conhecidos por seu fisiologis­mo, ou seja, independen­temente de uma agenda ideológica, o que vale são verbas e cargo, dinheiro e poder. A estratégia pode ser útil neste momento de eleições internas, mas não garante ao Planalto um mar de tranquilid­ade. “Para o Centrão, quanto mais o governo sangrar melhor, mais terá que ceder. O ex-presidente Michel Temer (MDB) precisou queimar R$ 30 bilhões para salvar a pele. O apoio desses partidos poder colocar um presidente na lona. O apoio dado agora significa uma fatura que logo irá chegar e os apoiadores vão cobrar”, alertou Censi. (Com Agência Estado).

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Fotos: Pedro Ladeira/Folhapress
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Sérgio Lima/AFP Apoiado por Alcolumbre, Bolsonaro e parte da oposição, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) presidirá o Senado por dois anos
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Cleia Viana/Câmara dos Deputados Favorito na disputa pela presidênci­a da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) venceu Baleia Rossi (MDB-SP) e defendeu uma Casa mais harmônica
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