Lira: ‘país não aguenta mais acotovelamentos’
Eleito presidente da Câmara dos Deputados e apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), líder do centrão, fez um discurso no plenário crítico a Rodrigo Maia (DEM-RJ), que deixou ontem o poder, afirmando que o país não aguenta mais “acotovelamentos”. A votação não havia terminado até o fim desta edição.
Apesar de não ter citado nem Maia nem Bolsonaro, Lira frisou no final de sua fala de dez minutos, grande parte dela lida, que pretende fazer uma gestão harmônica, em alusão aos embates entre Maia e Bolsonaro.
“Acredito na consciência livre das mulheres e dos homens de bem dessa Casa para que possam expressar com força a vontade de ver uma Câmara independente sim, uma Câmara autônoma, mas uma Câmara harmônica. Harmônica porque o Brasil não aguenta mais acotovelamentos, não aguenta mais brigas, não aguenta mais puxar cordas”, afirmou em uma das poucas partes em que discursou de improviso.
Lira também fez várias promessas de descentralização de poder, do fim da “Câmara do eu” em prol da “Câmara do nós”. “Olhe para a cadeira da presidência, por acaso há ali um trono?”, discursou.
Candidato do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), o deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP) defendeu a independência da Casa frente ao Executivo e acusou o governo de ameaçar parlamentares que queriam declarar voto nele.
“Agradeço a todos que não puderam declarar voto na nossa candidatura porque foram coagidos, foram ameaçados pelo governo”, disse o emedebista no início de seu discurso na sessão que elegeria o sucessor de Maia. Durante a campanha pelo comando da Câmara, o Palácio do Planalto retaliou e exonerou indicados de parlamentares de partidos que assumiram voto em Rossi.