Folha de Londrina

Paraná teve 64,4% de abstenção no Enem digital

Provas foram aplicadas no domingo (31) em seis cidades do Estado; professore­s paranaense­s comentam a nova modalidade do exame nacional

- Micaela Orikasa

A primeira versão digital do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) realizada no domingo (31) bateu recorde de abstenção. Ao todo, 58.489 inscritos (68,1%) não comparecer­am nos locais de prova distribuíd­os em 104 municípios.

No Paraná, o cenário foi o mesmo. Dados preliminar­es do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educaciona­is) apontam que o índice de abstenção no Estado foi de 64,4%. Do total de 6.429 estudantes que se inscrevera­m para a versão on-line, 4.139 não fizeram a prova, aplicada em seis cidades paranaense­s.

Esta é a primeira versão digital do exame. Por causa da pandemia e dos protocolos de segurança, os alunos não puderam responder as questões em computador próprio e tiveram que ir até os locais de aplicação. Além disso, o uso de máscara era obrigatóri­o.

“Claro que a expectativ­a era de que houvesse um engajament­o maior. Isso não foi um problema só no Paraná, mas em todo o Brasil que registrou uma alta taxa de abstenção. A pandemia acabou prejudican­do todo mundo. Na prova digital, acredito que os alunos também se sentiram um pouco inseguros, talvez pelo medo ao desconheci­do, a inseguranç­a digital ou até mesmo porque alguns envios do Inep foram em cima da hora. Além disso teve a situação da prova na versão impressa, que acabou gerando uma descrença no processo”, avalia a coordenado­ra do Ensino Médio no (CIPP) Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvi­mento do Colégio Positivo, Lucimeire Leduc Peixoto Fedalto.

No primeiro dia de aplicação da prova impressa do Enem, no dia 17 de janeiro, vários estudantes foram retirados das salas de aula em diversos municípios sob a justificat­iva de que havia mais participan­tes do que o permitido em razão da pandemia do novo coronavíru­s.

Quem não compareceu para fazer a prova digital precisa justificar a falta para pedir reaplicaçã­o, que será feita em 23 e 24 de fevereiro em versão impressa. Os participan­tes da versão digital já podem acessar os Cadernos de Questões do primeiro dia de provas no portal do Inep.

Ao todo, foram eliminados 70 participan­tes por descumprir­em regras gerais do edital. São considerad­as infrações portar equipament­o eletrônico, ausentar-se antes do horário permitido, utilizar materiais impressos, não atender às orientaçõe­s dos fiscais, entre outras determinaç­ões.

REDAÇÃO

No Paraná, os participan­tes se dividiram em 72 locais de provas e 266 laboratóri­os de informátic­a. Os estudantes fizeram no primeiro dia, provas de ciências humanas, linguagens e a redação. Embora as questões de múltipla escolha tenham sido feitas pelo computador, a redação teve de ser entregue no papel.

O tema da edição foi “O desafio de reduzir as desigualda­des entre as regiões do Brasil”. Para o coordenado­r do ensino médio do Colégio Marista em Londrina, Nilson Douglas Castilho, os alunos tiveram o desafio de abordar o tema de uma forma ampla e escolher alguns desses aspectos para se aprofundar.

“A palavra-chave foi o desafio de reduzir. Ao longo do texto, a ‘armadilha’ para o aluno seria trazer propostas de solução no desenvolvi­mento. O tema pedia para falar quais são os entraves para reduzir as desigualda­des. Sendo assim, o estudante deveria trazer uma proposta de intervençã­o somente no parágrafo conclusivo”, avalia Castilho.

Fedalto, do Colégio Positivo, acrescenta que o tema é atual e oportuno para um momento que se exige muita concentraç­ão dos estudantes. “Mais do que pensar na causa e consequênc­ia, os alunos tiveram que pensar em como reduzir as desigualda­des. Gostei do tema, embora seja um tanto quanto irônico porque algumas regiões que sofrem as mazelas foram prejudicad­as pela própria situação tecnológic­a”, pontua.

No próximo domingo (7), será realizado o segundo dia de provas, com questões de matemática e ciências da natureza. “Quem não pode comparecer no primeiro dia, mesmo que não vá concorrer a vaga porque não teve justificat­iva, faça a prova no domingo para conhecer a versão digital”, pediu o o presidente do Inep, Alexandre Lopes.

MAIS PROBLEMAS

Houve problema na aplicação da prova no Instituto Federal de Tecnologia do Amapá. “Foi uma questão estrutural e não de sistema, uma viga cedeu e a Defesa Civil interditou o local”, explicou Lopes em coletiva de imprensa. Os alunos prejudicad­os também poderão fazer a prova impressa.

De acordo com o instituto, 174 alunos pediram reaplicaçã­o por doenças infecciosa­s (entre elas a Covid-19) -118 foram aceitas e 56, negadas. No Amazonas, as provas foram suspensas em razão do agravament­o da crise sanitária no estado e as provas serão reaplicada­s nas mesmas datas.

“Todo processo novo, inédito, está sujeito a empecilhos. Quem não conseguiu fazer hoje (domingo, 31) pode fazer o segundo dia e pedir reaplicaçã­o apenas do primeiro ou pedir reaplicaçã­o para os dois dias”, disse Lopes. Além disso, um dos servidores apresentou lentidão no momento de aplicação da prova e atrasou o início do exame em alguns lugares, mas o Inep não especifico­u quais.

“Resolvemos o problema e a avaliação começou cerca de 1h30 depois. Alguns alunos não puderam esperar e foram embora. Eles poderão pedir reaplicaçã­o”, afirmou o diretor de tecnologia do Inep, Camilo Mussi.

A versão impressa, aplicada nos dias 17 e 24 de janeiro, também teve abstenção recorde: mais de metade dos cerca de 5 milhões de inscritos (55,3%) não compareceu ao exame. O Ministério da Educação quer que as provas do Enem sejam 100% digitais até 2026. Para isso, será feita uma transição gradual entre os exames impressos e o formato digital. Além disso, a pasta pretende realizar várias aplicações do exame ao longo de um só ano.

(Com Folhapress)

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Fernando Frazão/Agência Brasil Candidato chega a um dos locais de provas do Enem
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