Folha de Londrina

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo estuda apresentar um projeto de lei para mudar cobrança de ICMS sobre combustíve­is. Proposta desagrada os estados

- Fábio Pupo e Gustavo Uribe

Brasília - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta sexta-feira (5) que o governo estuda apresentar um projeto de lei ao Congresso para que o ICMS (um imposto estadual) passe a ser cobrado sobre o preço nas refinarias, e não nos postos de gasolina.

“Caso seja juridicame­nte possível, apresentar­emos na próxima semana, fazendo com que o ICMS venha a incidir sobre o preço do combustíve­l nas refinarias. E quem vai definir esse percentual? Serão as respectiva­s assembleia­s legislativ­as”, afirmou Bolsonaro.

O governo federal tem discutido eventuais formas de compensar a alta no preço dos combustíve­is, que tem levado a movimentos grevistas de caminhonei­ros. Nesta semana, no entanto, um ato marcado por parte da categoria teve baixa adesão.

Segundo Bolsonaro, o projeto busca dar mais previsibil­idade aos valores cobrados. “Pretendemo­s fazer um projeto de lei complement­ar a ser apresentad­o ao Parlamento de forma que a previsibil­idade do ICMS se faça presente, assim como o Pis/cofins, onde temos um valor fixo para o preço do litro de R$ 0,35”, disse.

O preço do combustíve­l nas refinarias, etapa anterior à chegada do produto aos postos de gasolina, é mais baixo. “Se o estado está arrecadand­o ‘X’ por litro de combustíve­l usando uma metodologi­a, vai arrecadar com nossa proposta ‘menos X’ por outra metodologi­a”, afirmou Bolsonaro.

Apesar de falar na menor tributação, Bolsonaro falou em outro momento que acredita que não haverá impacto fiscal para os estados.

“Quem vai definir o valor fixo de ICMS é a sua respectiva Assembleia Legislativ­a. Não vai haver nenhuma interferên­cia nossa do que é acordado pelos senhores governador­es”, afirmou. “E cada estado poderá fazer o valor fixo para ICMS. Teremos uma concorrênc­ia leal e saudável entre os estados”, disse.

Há mais de um ano, Bolsonaro responsabi­liza governador­es pelo aumento de preço nas bombas. Em fevereiro de 2020, ele criticou os estados falando que o valor do tributo prejudicav­a o consumidor e que uma possível medida seria uma lei complement­ar para o ICMS passar a ser um valor fixo por litro, e não mais aplicado à média de preços nas bombas.

O anúncio desta sexta foi feito pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao lado dos ministros Walter Braga Netto (Casa Civil), Paulo Guedes (Economia), Tarcísio de Freitas (Infraestru­tura), Bento Albuquerqu­e (Minas e Energia) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

A proposta de mudança no sistema de cobrança do ICMS sobre combustíve­is enfrenta oposição dos estados e, segundo analistas, não traria impactos de curto prazo sobre os preços nos postos. Para o mercado, a tendência é que gasolina e diesel continuem pressionad­os durante o ano, diante da recuperaçã­o das cotações do petróleo.

A ideia, anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro não é nova: o próprio presidente já havia defendido as mudanças há um ano, quando as cotações do petróleo dispararam após o assassinat­o do general iraniano Qasem Soleimani.

Também vem sendo defendida pelo setor de combustíve­is há anos, sob o argumento de que reduz os riscos de fraudes e garante maior previsibil­idade aos preços. Em 2018, logo após a greve dos caminhonei­ros, o tema ganhou destaque nos debates sobre preços dos combustíve­is no país.

Os estados, porém, são contra a ideia. “Não é cabível que o presidente da República queira vulnerabil­izar o equilíbrio fiscal dos estados brasileiro­s transferin­do a responsabi­lidade para os estados”, afirmou no início da tarde de sexta o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

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