Ministério diz que poderá comprar 10 milhões de doses de vacina russa
Importação do imunizante deverá ser feita por meio de laboratório de Brasília
Brasília e Rio - O Ministério da Saúde informou nesta sexta-feira (5) que poderá adquirir 10 milhões de doses da vacina Sputnik V importadas da Rússia por meio do laboratório União Química, que tem uma parceria para oferta do imunizante no Brasil. A aquisição está condicionada a um aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para uso emergencial e caso o preço seja “competitivo”, aponta.
A posição foi manifestada em reunião com representantes da empresa e o secretário-executivo do ministério, Elcio Franco. “Iremos contratar e comprar as dez milhões de doses, se o preço for plausível, e efetuaremos o pagamento após a Anvisa dar a autorização para uso emergencial da ‘Sputnik V,’ fazendo a disponibilização imediatamente aos brasileiros. E futuramente, a depender dos entendimentos que tivermos com a União Química, interessa-nos também adquirir a produção que a empresa vier a fazer no Brasil dessa vacina”, disse o secretário, por meio de nota.
Segundo a pasta, o volume de doses se baseou em um documento apresentado pelo Instituto Gamaleya, onde a vacina é fabricada, e enviado ao ministério.
O cronograma encaminhado pelo instituto estima o envio 400 mil doses uma semana após assinatura do contrato de compra. Outros 2 milhões de doses estariam no Brasil um mês depois e mais 7,6 milhões nos dois meses seguintes, informa.
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) divulgou nesta sexta, pela primeira vez, o cronograma detalhado de produção das vacinas desenvolvidas pela Astrazeneca/oxford no Brasil. A primeira remessa do imunizante só será concluída no meio de março, como já previsto após o atraso na importação da matéria-prima da China.
Serão 15 milhões de doses finalizadas no próximo mês, sendo que o primeiro lote de 1 milhão de doses será entregue entre os dias 15 e 19 ao Ministério da Saúde. Elas serão formuladas com o IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) que começará a chegar ao Rio de Janeiro neste sábado (6).
Depois, a fundação pretende formular e envasar cerca de 28 milhões de doses por mês. Isso dará um total de 100 milhões de vacinas até julho, quantidade que estava sendo projetada desde o início e não sofrerá atrasos, segundo o laboratório.
A partir de abril, a Fiocruz começa a incorporar a tecnologia para produzir seu próprio IFA em sua fábrica, não mais dependendo da importação do insumo. A expectativa é que a entrega das primeiras remessas totalmente nacionais comece em julho, somando mais 110 milhões de doses no segundo semestre.
O que mudou, segundo a presidente Nísia Trindade, foi o ritmo das remessas de insumo que serão recebidos. Antes eram previstos dois lotes por mês, com quantidade suficiente para produzir 15 milhões de doses mensais. Agora, serão três lotes por mês até abril, e depois mais quatro lotes em maio e um em junho.
“Foram apenas questões de segurança e acondicionamento, que mudam durante o processo”, disse Trindade em entrevista coletiva nesta sexta.
Depois que o IFA chegar, o cronograma de fevereiro é o seguinte: ele será descongelado a partir do dia 10 (sua armazenagem é feita a -55ºc) e formulado até o dia 12 para passar por uma pré-validação. Do dia 13 a 17, será envasado, revisado, rotulado e embalado, passando também pelo controle de qualidade.
No dia 18, o primeiro lote do produto será liberado para avaliação da Anvisa, que precisa aprová-lo antes da produção e distribuição. “Já estamos conversando com a Anvisa para que não haja atraso na autorização”, afirmou a presidente da Fiocruz.
Em 23 e 28 de fevereiro, a fundação receberá as duas remessas do IFA que faltam para completar a quantidade de vacinas a ser produzida até março. A capacidade de envase da Fiocruz dobrará de fevereiro para março: de 700 mil para 1,3 milhão de doses por dia.
“Foram apenas questões de segurança e acondicionamento, que mudam durante o processo”