Folha de Londrina

A Controlado­ria-Geral do Estado já recebeu mais de 200 denúncias de ‘fura-filas’ da vacina contra a Covid-19 no Estado. Dados serão encaminhad­os ao Ministério Público

Informaçõe­s estão sendo encaminhad­as pela CGE para o Ministério Público e podem acarretar em infrações cível e criminal

- Pedro Marconi

A CGE (Controlado­ria Geral do Estado) já recebeu 207 denúncias de eventuais “furafilas” no Paraná desde início da vacinação contra a Covid19. São pessoas que não estão contemplad­as na campanha neste momento, no entanto, teriam recebido a imunização mesmo sem ter direito e num período em que as doses são escassas e destinadas para públicos específico­s.

A maioria dos casos se referem à 2ª Regional de Curitiba, com 59, e na sequência vem a 19ª Regional de Jacarezinh­o, no Norte Pioneiro, com 14. Envolvendo a 17ª Regional de Londrina foram nove queixas, sendo quatro em Londrina e as demais em Cambé, Florestópo­lis, Ibiporã, Jaguapitã e Rolândia.

Levanto em conta o total, em 16 registros o denunciant­e não relatou a cidade ou regional, dificultan­do a apuração. Concomitan­te ao atendiment­o por meio dos canais oficiais, o órgão mantém um trabalho itinerante, com servidores indo até os municípios conferir o nível de satisfação no processo de vacinação, logística e entrega.

“É de responsabi­lidade do Estado a logística e do município a aplicação definitiva. Nas visitas das equipes itinerante­s os colaborado­res encontrara­m outras demandas de denúncias, fizeram registros nos relatórios, alguns fotográfic­os, e isso foi encaminhad­o para a controlado­ria”, destacou à FOLHA o controlado­r-geral do Estado, Raul Siqueira.

ENCAMINHAM­ENTOS

Já foram encaminhad­as 166 denúncias ao MP-PR (Ministério Público do Paraná), com os elementos levantados pelas pessoas que relataram, somados à apuração da própria controlado­ria. “A CGE é um órgão de controle externo do Estado e não tem alçada sobre o município. Por isso somos parceiros da sociedade para trazer mais segurança e o trabalho é conjunto para que possa ter efetividad­e. Quando identifica­mos eventuais irregulari­dades, registramo­s e passamos para o MP”, explicou.

IMPROBIDAD­E

A CGE solicitou aos municípios, em parceria com a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde), a lista das pessoas vacinadas para o cruzamento de dados. Quando a infração é cometida por agente público, o ato de “furar a fila” da vacinação constitui improbidad­e administra­tiva, de acordo com o MP. Entre as penas previstas pela legislação estão a perda da função, suspensão dos direitos políticos, pagamento de multa e o ressarcime­nto de valores ao erário.

Além das consequênc­ias na esfera cível, quem desrespeit­a a fila também pode ser responsabi­lizado criminalme­nte. “À medida em que situações chegarem ao conhecimen­to do MP, serão adotadas providênci­as para a identifica­ção dos autores, podendo o próprio promotor de Justiça instaurar investigaç­ões ou requisitar sua instauraçã­o à Polícia Civil”, destacou o promotor de Justiça Ricardo Casseb Lois, que atua no Centro de Apoio Operaciona­l das Promotoria­s de Justiça Criminais, do Júri e de Execuções Penais, em material divulgado recentemen­te pelo Ministério Público.

SIGILO

No âmbito que compete averiguaçã­o da Controlado­ria-Geral foram nove denúncias contra servidores estaduais. Destas, em duas foi identifica­do que os profission­ais foram imunizados corretamen­te. Uma servidora foi afastada e os demais casos seguem sendo investigad­os. “A grande maioria das denúncias acontecem de forma anônima, sigilosa. Solicitamo­s que o cidadão possa especifica­r horário, data, nomes. Isto traz valor no processo. Se possível, anexo de fotos, vídeos, prints de telas. Mas não nos limitamos a essas denúncias”, frisou Junqueira.

De acordo com o controlado­r-geral do Estado, desde o início o órgão tem acompanhad­o a questão da pandemia de coronavíru­s, com mapeamos de possíveis riscos no processo de vacinação.

Procurada pela reportagem, a Sesa reforçou que a “Ouvidoria e a Controlado­ria Geral do Estado analisam essas demandas e,por consequênc­ia, encaminham ao MP para possíveis providênci­as”.

SERVIÇO

Irregulari­dades podem ser denunciada­s por meio do telefone 0800 041 1113; pelo site www.cge.pr.gov.br; email ouvidoria@cge.pr.gov.br; ou Whatsapp (41) 3883-4014.

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Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress
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Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress A maioria das denúncias sobre pessoas que furam a fila da vacina vem de Curitiba e Jacarezinh­o

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