Folha de Londrina

Plataforma aproxima artistas e edifícios que querem receber grafites

Site faz a ponte entre artistas e edifícios que queiram ter um grafite na sua fachada

- Rafael Balago

São Paulo - Um site, chamado Arte no Meu Prédio, busca unir duas pontas: edifícios que queiram receber arte em sua fachada, como grafites, a artistas que queiram paredes para expor seus trabalhos.

A plataforma foi criada em janeiro pelos artistas e produtores Kléber Pagú e Fernanda Bueno. A dupla já esteve por trás do Aquário Urbano, série de grafites perto do Copan, e do projeto que pintou frases contra o racismo no asfalto paulistano, como “Vidas Pretas Importam” na avenida Paulista, em novembro, depois do assassinat­o de João

Alberto Silveira Freitas, 40, espancado e morto em um Carrefour em Porto Alegre.

“Além de grafites, também há espaço para outras formas de arte nos prédios, como projeção de filmes e dança urbana”, conta Pagú. “É um trabalho para tirar a arte de espaços fechados e colocar na rua, com acesso grátis para todos.”

“Com a plataforma, a gente deixa de precisar bater de porta em porta pedindo autorizaçã­o. E facilita pra quem quer receber obras. É comum estarmos pintando um prédio e pessoas virem pedir para fazermos no delas também”, comenta Pagú.

No site, cada edifício envia os detalhes do espaço que abrigaria as obras, como empenas cegas ou muros. Quando um artista ou projeto se interessar, o edifício é procurado. Em seguida, a proposta de intervençã­o é apresentad­a aos moradores, para ser aprovada em assembleia interna.

A plataforma é voltada para prédios de qualquer parte do Brasil. Os edifícios que participar­em não terão custos para receber a intervençã­o, e nem receberão dinheiro para isso. A ideia é que os artistas consigam captar recursos para os projetos por meio de editais públicos ou patrocínio­s.

Ao mesmo tempo, as intervençõ­es ajudam a revigorar fachadas que estejam descuidada­s pela ação do tempo, o que poupa recursos dos condomínio­s com pintura.

O lançamento da plataforma é feito enquanto se debate na Câmara Municipal de São Paulo o projeto de lei 379/2020, que cria as chamadas Galerias de Arte a Céu Aberto na cidade. Na prática, a lei faria com que a prefeitura passe a proteger os trabalhos nos prédios, amplie a divulgação dos locais com arte urbana e dê subsídios a iniciativa­s do tipo.

“A arte urbana movimenta a região, gera turismo, ajuda os comércios por perto”, aponta Fernanda. “E é uma oportunida­de para cada prédio participar da cultura da cidade.”

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IStock Além de intermedia­r a produção de grafites para os edifícios, plataforma também oferece projeção de vídeos e dança urbana

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