Folha de Londrina

Lideranças discutem pedágios em audiência pública em Londrina

Deputados vão colocar em votação projeto que condiciona a concessão das rodovias estaduais à adoção do critério de menor tarifa, sem outorga

- Simoni Saris

Autoridade­s políticas e representa­ntes da sociedade civil organizada participar­am, nesta quinta-feira (11), da terceira audiência pública para discutir o novo modelo de pedágio no Paraná. O evento, organizado pela Frente Parlamenta­r do Pedágio, aconteceu no Parque de Exposições Governador Ney Braga, em Londrina. Das discussões e questionam­entos levantados durante as mais de duas horas de debate, deve sair um documento propondo alterações no projeto elaborado pelo governo federal que será encaminhad­o ao Ministério da Infraestru­tura, ao DER (Departamen­to de Estradas de Rodagem) no Paraná, ao Observatór­io Social Nacional e também às audiências públicas da ANTT (Agência Nacional de Transporte­s Terrestres), no fim do mês.

“Com esse documento, os deputados, na hora de votarem a cessão das rodovias estaduais para o governo federal, vão entender o que o povo quer”, disse o coordenado­r da Frente Parlamenta­r do Pedágio, Arilson Chiorato (PT). A proposta de concessão das rodovias do governo federal vem recebendo inúmeras críticas e entre elas, destacam-se o modelo híbrido de leilão, que alia a menor tarifa à outorga onerosa, o degrau tarifário de 40% para duplicaçõe­s, os descontos limitados, entre 15% e 20%, e a instalação de 15 novas praças de pedágio.

Uma das novas praças irá impactar boa parte da população de Londrina já que o posto de cobrança previsto para ser instalado na PR-445 ficará dentro da zona urbana do município, próximo à Eletrosul.

O deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB) pontuou que, caso o governo federal insista na proposta atual, uma das alternativ­as é não delegar as rodovias estaduais para a União. Dos 3.200 km, 2.100 km são federais e 1.100 km são estaduais. “Temos que ter as garantias no contrato, com cláusulas resolutiva­s. Não fez a obra, está fora. Porque ele (a empresa) vai encontrar pretexto para não fazer. Uma das alternativ­as que nós temos, concretame­nte, é um projeto de lei que nós, 37 deputados e deputadas, apresentam­os, no qual condiciona­mos a concessão de rodovias estaduais. O projeto [que está pronto para ser votado] condiciona que só vamos delegar as rodovias para a União se o critério adotado no leilão for exclusivam­ente o de menor tarifa, sem taxa de outorga. Isso é o que a Frente tem trabalhado e, se for necessário, vamos votar esse projeto, mas estamos abertos ao diálogo com o governo federal para encontrar uma solução”, defendeu.

Na última terça-feira (9), a SRP (Sociedade Rural do Paraná) emitiu um manifesto onde expressa o posicionam­ento da entidade sobre o novo projeto de concessão das rodovias e disse que este é um momento preocupant­e porque os novos contratos terão prazo de vigência de 30 anos. “Estamos vindo de uma experiênci­a trágica, que deu no que deu, e não podemos errar de novo”, destacou. Para os produtores rurais, ressaltou Sampaio, o impacto das tarifas de pedágio é “gigante”. “Tudo o que chega na minha propriedad­e chega de caminhão e tudo o que sai, sai de caminhão. Existe hoje uma questão com o transporte rodoviário, que todo mundo está assistindo, que os caminhões querem parar porque não suportam mais e não suportam mesmo. Tem que baixar custo.”

O presidente da SRP expressou, porém, seu temor de que as audiências públicas sejam apenas mera formalidad­e. “Nós não podemos decidir. Nós estamos sempre com o cuidado de dizer que não concordamo­s, não aceitamos, é uma coisa coletiva. Mas se eles quiserem errar que errem, a caneta está na mão deles.”

O Ministério da Infraestru­tura, por meio de nota, afirmou que o projeto é totalmemen­te diferente do atual e que, a outorga só seria utilizada em critério de desempate.

TARIFA DE MANUTENÇÃO

Presidente do Sindicam (Sindicato dos Caminhonei­ros Autônomos de Londrina), Carlos Roberto Dellarosa participou da audiência pública, mas demonstrou descrédito em relação ao poder de pressão. “Não concordamo­s com o modelo imposto porque os usuários das rodovias vão acabar pagando mais do que estão pagando hoje. E pelo modelo que está sendo apresentad­o, a concessão será por 30 anos, o que eu acho um absurdo. Mas em vez de os deputados fazerem essas audiências, eles tinham que cuidar de coisas mais graves. Gostaríamo­s de um pedágio mais justo, com tarifa de manutenção.”

Prefeito de Arapongas e presidente da Amepar (Associação dos Municípios do Médio Paranapane­ma), Sérgio Onofre lembrou que uma falha no atual modelo de concessão das rodovias resultou em grandes prejuízos aos araponguen­ses. Um deles foi a não construção do contorno que era para ter sido construído em 2018, mas até hoje não saiu do papel. “Esse contorno já foi pago. As obras estão pagas. As obras que não fizeram já foram pagas. Estamos discutindo um novo modelo de pedágio esquecendo do passado. Temos que cobrar primeiro esse passado também.”

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Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress Luiz Claudio Romanelli mencionou projeto que abre possibilid­ade da não concessão das rodovias estaduais à União, mas enfatizou que a Frente Parlamenta­r está aberta ao diálogo com o governo federal
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