Folha de Londrina

Tribunal julga acusado de morte de diretor da UENP

Crime aconteceu em campus em Cornélio Procópio em dezembro de 2018

- Vitor Ogawa

A sessão do Tribunal do Júri que julga o professor Laurindo Panucci Filho por homicídio triplament­e qualificad­o do diretor do campus da UENP (Universida­de Estadual do Norte do Paraná), Sérgio Roberto Ferreira, no município de Cornélio Procópio (Norte Pioneiro) teve início às 10 horas da manhã e até o fechamento desta edição ainda não havia um veredito. O crime ocorreu em dezembro de 2018.

Do lado de fora do Fórum manifestan­tes estenderam uma faixa com os dizeres “Justiça pelo professor Sérgio, diretor da UENP, assassinad­o cruelmente!”. Parentes e amigos da vítima vestiram camisetas com a foto do diretor, com os dizeres “Queremos Justiça”. Parte da família entrou na sessão na condição de assistente da promotoria.

Na manhã desta quinta-feira foram ouvidas duas testemunha­s de acusação. No período da tarde um médico perito foi arrolado pela defesa para dar um parecer sobre o laudo emitido pelo IML (Instituto Médico Legal) e logo após o próprio Laurindo Panucci Filho deu a sua versão dos fatos. Em seu depoimento ele fez uso do direito de não responder perguntas do juiz ou da promotoria.

O advogado do réu, Diego Moreto Fiori, questionou os jurados sobre qual o motivo que Laurindo teria para fazer algo intenciona­l com o Sérgio. “Essa relação entre os dois estava bem, eles tinham a mesma formação universitá­ria e se entendiam nesse sentido. Sérgio não era uma má pessoa. Mas quem de vocês nunca se alterou um pouco. Isso torna a pessoa má? Não! Todo mundo tem um dia ruim. Pode estar cansado de uma situação”, destacou.

Ele argumentou que Panucci Filho recebeu uma advertênci­a na última hora do último dia do ano letivo, o que o impossibil­itava de recorrer. Segundo Fiori, o crime não foi premeditad­o e os golpes ocorreram em legítima defesa.

Para defender esse argumento ressaltou que o segurança teria dito à Polícia Militar que houve indícios de luta corporal, fato que o promotor José Paulo Montesino refutou, alegando que o mesmo segurança disse que a sala ainda estava organizada quando ele chegou ao local. “Quero que ele prove que a pancada atrás foi com machado. Pode ter sido na queda”, declarou.

Diante dos argumentos da promotoria de que Ferreira era calmo e de tom conciliado­r, Fiori pediu para executar os áudios dos telefonema­s que o diretor gravou. Um foi com Panucci Filho e outro com o professor Fernando Antonio Sorgi, diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), que foi a pessoa que aplicou a advertênci­a.

“Que cara complicado. Foi muito difícil falar com ele. Já fiz tudo o que podia fazer. O negócio é dar um susto nele e criar sindicânci­a”, afirmou Ferreira no áudio anexado ao processo. Ele alega que quando saiu do local, o diretor estava vivo. “Qual a diferença de homicídio e a lesão corporal seguida de morte? É a intenção. Ele pode ter golpeado e a vítima ter sofrido um infarto”, declarou Fiori. O advogado também afirma que dois médicos deram parecer que não houve meio cruel no ato.

Montesino disse que depois de ter sido golpeado, o diretor ficou 20 minutos agonizando até o socorro chegar, o que configura meio cruel. O promotor utilizou imagens de câmeras de segurança da universida­de para estabelece­r um cronograma. “Às 18h50 o Focus Prata de Laurindo saiu da faculdade, logo depois de ele ter tomado a advertênci­a. Quatro minutos depois ligou para o Sérgio dizendo que queria falar com ele. Sérgio já estava em casa e falou que poderia voltar. Três minutos depois de ligar para o diretor ele foi a uma loja de ferramenta­s e pagou R$ 19 por um machadinho. Às 19 horas Laurindo voltou para a UENP e quatro minutos depois o diretor chegou à universida­de. O carro de Laurindo saiu da universida­de às 19h16 e ele foi encontrado em Teodoro Sampaio, a 240 km de distância. O professor alegou que se perdeu quando estava indo para a casa de sua mãe, em Nova Esperança. “Quem se perde indo para casa da mãe? Ele fugiu e está preso até hoje”, declarou o promotor.

“A defesa argumenta que o crime não foi premeditad­o, mas ele planejou esse crime dez minutos antes do fato”, argumentou Montesino. “O próprio réu se contradiz em um monte de coisa. No interrogat­ório ele confessou. Disse que tinha dado machadadas. Ele disse que marcou encontro pessoal com a vítima após contato telefônico. E enquanto aguardava o reitor adquiriu a machadinha para a defesa pessoal. Comprou a machadinha para cortar árvores na casa da mãe ou para defesa pessoal? Nenhum dos dois. Comprou para matar o Sérgio”, argumentou o promotor.

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Gustavo Carneiro/12-2-2018 Crime que ocorreu em Cornélio Procópio chocou a comunidade acadêmica

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