Falta de vacinas pode atrasar próximas fases da campanha
Municípios brasileiros, incluindo Curitiba, contam os dias para o fim do estoque de imunizantes contra a Covid-19. Na capital, aplicação em idosos com menos de 85 anos depende da chegada de novas doses. Em Londrina ainda não há falta, mas possibilidade nã
Com a distribuição de vacinas no País abaixo do esperado, em meio ao receio com o crescimento de casos e circulação de novas cepas, alguns estados brasileiros já estão projetando a falta de doses, o que pode interromper a campanha de imunização contra a Covid-19. O Rio de Janeiro, por exemplo, deve ficar, pelo menos, uma semana sem as vacinas. Na Bahia já há falta. Em Londrina, ainda não existe escassez de doses, no entanto, não se descarta problemas futuros.
“É difícil falar. Não sabemos a previsão de chegada. São sempre de surpresa. Se não chegar mais doses nos próximos dias existe possibilidade sim (sem ficar sem vacina), mas é difícil de prever”, relatou o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado. Desde o início da campanha na cidade, em 19 de janeiro, já foram imunizadas mais de 18 mil pessoas que fazem parte dos grupos prioritários, como profissionais da saúde, idosos que vivem em asilos e mais recentemente moradores a partir dos 85 anos. O número representa pouco mais de 3% da população total londrinense.
Em Curitiba, os frascos de primeira dose deverão durar somente até sexta-feira (19), restando apenas a quantidade complementar, que é a segunda dose, o que impede a ampliação da vacinação para mais pessoas. A secretaria de Saúde da cidade informou que até segunda-feira (15) mais de 55 mil habitantes já tinham sido vacinados. Curitiba tem quase dois milhões de habitantes.
Por meio de nota, a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) informou que ainda tem cerca de 92 mil vacinas para aplicação da dose dois, referentes aos lotes três e quatro que recebeu do Ministério da Saúde. Os imunizantes serão encaminhados para os municípios na semana que vem. Questionada, a assessoria de comunicação da Sesa garantiu que o estoque atual será suficiente para a aplicação da segunda dose em 100% dos pacientes que já foram vacinados até agora no estado. O Paraná já recebeu 538.900 doses ao todo. “Ainda não há desabastecimento de vacinas, uma vez que estão sendo aplicadas ainda as segundas doses. O Paraná aguarda a remessa de novo lote pelo Ministério da Saúde”, esclareceu a pasta. A previsão é de que 4,8 milhões de doses da Coronavac sejam entregues na semana que vem ao Ministério da Saúde pelo Instituto Butantan.
IDOSOS
Desta quarta (17) até sextafeira (19), os idosos com 85 anos ou mais poderão ser imunizados contra a Covid-19 na UBS (Unidade Básica de Saúde) do jardim do Sol, na zona oeste de Londrina. O posto, que fica na rua Via Láctea, irá atender das 7h30 às 18h. O agendamento foi aberto nesta terça-feira (16) eé obrigatório no site da prefeitura (www.londrina.pr.gov.br). “É uma ação para encerrara vacinação dos idosos que não puderam ir no parque Ney Braga ou não agendaram previamente”, esclareceu Felippe Machado.
Só podem fazer a indicação do dia e horário os idosos que já estavam cadastrados e tiveram a inscrição validada. No último sábado (13), mais de 3.700 pessoas foram vacinadas, entre o público na faixa etária a partir dos 85 anos e trabalhadores da área da saúde. “Neste início de sema nademos se quência vacinando os idosos com mais de 85 anos acamados”, afirmou.
Concomitante mente, a secretaria municipal de Saúde está imunizando os profissionais que atuam nos hospitais coma segundado seda vacina.
CONVÊNIO
O Ministério da Saúde assegurou mais 54 milhões de doses da vacina Coronavac contra a Covid-19, que com outras 46 milhões, desse imunizante já contratadas, permitirá distribuir aos estados, ao longo do ano até setembro, 100 milhões da vacina, conforme contrato assinado na última segunda-feira (15/2), à noite, pela Fundação Butantan.
“Enviamos o contrato à Fundação na quinta-feira passada e trabalhamos no Ministério todo o final de semana, e sem feriado também, esperando o contrato assinado”, informou o Secretário Executivo, Elcio Franco, lembrando que “o Ministério tinha a opção de comprar essa remessa adicional da Coronavac até 30 de maio, como estava previsto no acordo que assinamos com o Butantan, em janeiro, para garantir 46 milhões de doses que, além de confirmadas, começaram a ser entregues em 18 de janeiro. Preferimos adiantar a confirmação para termos logo essas 54 milhões de doses”.
Além da Coronavac, o país receberá até dezembro mais 42,5 milhões de doses de vacinas fornecidas pelo Consórcio Covax Facility. Outro fornecedor de imunizantes contra o novo coronavirus é a Fundação Oswaldo Cruz, com quem estão contratadas mais 222,4 milhões de doses que começaram a ser entregues mês passado.
O Ministério da Saúde deverá assinar nos próximos dias contratos de compra com a União Química, que deverá entregar 10 milhões de doses da vacina Sputnik V, entre março e maio, e com a Precisa Medicamentos, que poderá trazer no mesmo período ao país mais 30 milhões de doses da Covaxin.
A pasta ainda negocia com outros laboratórios para ampliar, ainda em 2021, as 364,9 milhões de doses que o Brasil tem atualmente contratadas, fora outras 10 milhões que poderá vir a confirmar com os fornecedores da Sputnik V e da Covaxin.
“É difícil falar. Não sabemos a previsão de chegada”
A Prefeitura Municipal de Arapongas aplicou mais de 2.300 doses das vacinas contra o novo coronavírus na cidade. Além de profissionais de saúde, a cidade também realizou a aplicação das doses em agentes funerários e idosos acima de 90 anos. Na última quinta-feira (11), a secretaria municipal de Saúde iniciou a aplicação da segunda dose da Coronavac.
“Nós aplicamos mais de 2.300 doses no total. Ainda temos cerca de 320 doses, fora as 1.332 doses da Coronavac para a aplicação da segunda dose, da qual já iniciamos a realização”, explica Moacir Paludetto Junior, secretário municipal de Saúde.
Ao todo, o município recebeu 3.884 doses de vacina, com lotes de 1.332 doses da Coronavac, 900 da AstraZeneca, mais 320 doses de Coronavac e o lote de segunda aplicação das 1.332 doses da Coronavac.
Com esse número, o secretário explica que todos os servidores da saúde do município foram vacinados. “Todos eles, independentemente se atuam diretamente ou indiretamente no enfrentamento à Covid-19. Pessoas da atenção básica, CAPS, agentes de endemias, todos os profissionais de saúde do município foram vacinados”, afirma.
Também foram vacinados os trabalhadores de saúde, que prestam assistência direta aos pacientes em serviços credenciados ao SUS, por meio do Cisvir; profissionais da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais); trabalhadores de laboratórios e farmácias envolvidos na coleta e processamento de testes para a Covid-19; agentes funerários; todos os profissionais dos hospitais Honpar (Hospital Norte Paranaense), Santa Casa e Santa Rita. O Plano Municipal de Imunização estima que há 3.085 profissionais de saúde na cidade.
Entre os idosos, a prefeitura iniciou a vacinação das pessoas acima de 90 anos. “Centralizamos as aplicações com equipes volantes, alguns idosos foram até as unidades por meio de agendamento e, para aqueles acamados, fomos à residência até a última sexta-feira (12). Nesse sistema, foi um pouco mais de 358 doses de vacina para essa população”, explica o secretário. Na segunda-feira (15), as equipes também estiveram nas três ILIPs (Instituições de Longa Permanência de Idosos) do município, entre idosos e profissionais, 130 pessoas foram vacinadas.
O secretário também destaca que cerca de 30 estudantes de medicina do 5º e 6º anos que estão no internato na Honpar foram vacinados, ainda que não sejam moradores da cidade. “Tenho discutido a necessidade de o município de origem destas faculdades realizarem estas vacinações, mas sem sucesso até o momento”, afirma Paludetto Junior. Os estudantes que fazem internato no Honpar são da PUC (Pontifícia Universidade Católica),
de Londrina, e Uningá, em Maringá.
No momento, o município está com estoque baixo e aguarda a chegada do próximo lote, mas enquanto isso, dá continuidade ao plano de imunização e à aplicação da segunda dose da vacina.
O secretário não afirma quais serão as próximas etapas, porque diz que vai depender da quantidade de doses recebidas. “Não posso afirmar que será a vez dos idosos acima de 85 anos, como manda o plano de imunização, porque pode não chegar dose suficiente para todos eles. Então, vou aguardar a chegada dos novos lotes para comunicar qual será a faixa etária atingida, se será a partir dos 89 anos, ou de 88 para cima, vai depender de quanto nós tivermos”, afirma.
Até o momento, toda o processo de imunização foi centralizado por equipes determinadas, fixas ou volantes, no intuito de ter controle maior do trabalho, mas o secretário não descarta novos processos. “Estamos nos organizando para termos pontos estratégicos de vacinação, mutirões, inclusive, no Expoara, que é um estabelecimento grande, que pode servir de apoio para vacinação de um grupo maior. Em outras campanhas, nós já fizemos a vacinação em mutirões, a gente tem uma capacidade de realizar, pelo menos, cinco mil doses em um único dia, mas vai depender da quantidade de doses recebidas”, argumenta.
(L.T.)