Folha de Londrina

Haitianos retidos no Acre rompem barreira e entram no Peru

Grupo foi recebido pela polícia peruana com agressões físicas, informou rádio local. Fronteira entre Brasil e Peru está fechada devido à Covid-19

- Fabiano Maisonnave

O Rio Branco, AC

- Proibidos de atravessar a fronteira que separa a cidade de Assis Brasil (AC) do Peru por causa da pandemia de coronavíru­s, centenas de migrantes haitianos romperam um cordão de militares e policiais nesta terça-feira (16) e cruzaram até o país vizinho. O grupo foi reprimido pela tropa de choque assim que entrou no território peruano. Cenas transmitid­as pela rádio peruana Madre de Dios no início da tarde mostram dezenas de policiais empurrando, com escudos, os haitianos de volta para a ponte que separa o município de Iñapari (no Peru) de Assis Brasil, que fica a 363 quilômetro­s de Rio Branco, capital do estado.

Desesperad­o, um homem haitiano aparece sentado no chão gritando que seu filho havia ficado para trás. “Hoje, eles informaram que às 11h usariam as mulheres e crianças como escudo para ultrapassa­r a barreira militar do Peru. Conseguira­m forçar a entrada, mas foram recebidos com muita agressão física. Há gestantes que estão perdendo seus bebês na calçada”, disse à reportagem a secretária de Assistênci­a Social de Assis Brasil, Johanna Meury Oliveira. “Estamos restabelec­endo a ordem” disse um coronel da polícia peruana à rádio. “Vamos expulsar todos.”

Desde domingo (14), centenas de haitianos vindos da região Sul e Sudeste do Brasil acampavam sobre a ponte binacional, que separa os dois países, apesar de haver abrigos cedidos pela prefeitura de Assis Brasil. A ação era um protesto contra a decisão do governo peruano de manter a fronteira fechada, impedindo a passagem dos migrantes. Apesar disso, o Peru não deu sinais até o momento de que irá reabrir a divisa, fechada por causa da pandemia da Covid-19. Na ocasião, já exisitia o temor que o grupo tentasse furar a barreira para entrar no país vizinho.

PREFEITO PEDE AJUDA

O prefeito da cidade, Jerry Correa (PT), chegou a pedir socorro aos governo estadual e federal para obter recursos para seguir ofertando abrigo e alimentaçã­o aos imigrantes. Eles ocupam atualmente dois abrigos públicos e duas casas alugadas por conta própria na cidade. No sábado (13), o governo do Acre tinha distribuíd­o cestas básicas nos abrigos e realizou uma operação na faixa de fronteira para coibir a atuação de coiotes. Dez anos atrás, a fronteira entre o Acre e o Peru serviu de rota de entrada de milhares de haitianos no Brasil. Com a crise econômica e a falta de perspectiv­as no país, o mesmo caminho passou a ser usado pelos haitianos para tentar chegar aos EUA, um perigoso roteiro por terra que costuma durar meses e atravessa toda a América Central e o México..

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