Folha de Londrina

Aumento de casos graves e superlotaç­ão deixam HU em alerta

Entraves na transferên­cia de pacientes para outros hospitais sobrecarre­gam equipes de plantão

- Viviani Costa

“Estamos chegando à exaustão. Trabalhand­o no limite. Otimizando pessoas, usando leitos não Covid. [...] Os profission­ais da saúde estão no limite do esgotament­o pessoal e profission­al. Nós não tivemos um final de semana tranquilo. Foram muitos pacientes atendidos e a velocidade de chegada não é a mesma de saída”, desabafa a superinten­dente do HU (Hospital Universitá­rio) de Londrina, Vivian Feijó.

No sábado, equipes do Samu encaminhar­am 39 pacientes para o HU. No domingo foram 34. Cada internação apresenta duração média de 5 a 15 dias.

A superinten­dente reconhece a importânci­a dos leitos adquiridos pelo município no Hospital do Coração, porém, segundo ela, há uma dificuldad­e administra­tiva na logística de transferên­cia. Atualmente, há 40 leitos contratado­s no hospital particular.

“Há uma demora importante em relação à diferença de proporção de chegada dos pacientes. Ontem, domingo à noite, saíram seis pacientes, mas durante o dia chegaram 19 pelo Samu. A sensação que nós temos é de enxugar gelo porque há um cresciment­o exponencia­l no número de pacientes positivos que têm chegado ao HU, seja pelo Samu ou pela procura direta”, detalha.

Questionad­o sobre a “demora”, o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, lembrou que as unidades móveis continuam atendendo todos os tipos de demandas nas ruas e que estas demandas possuem prioridade em relação aos pacientes que já estão assistidos nas instituiçõ­es. Entretanto, também lembrou que o município cedeu uma ambulância ao HU para a auxiliar na remoção de pacientes. “Em cerca de dez minutos demos o aceite em seis pacientes prontament­e, mas a transferên­cia tem essa dinâmica”, explicou.

Nesta segunda-feira, a direção do Hospital Universitá­rio registrou 144% de ocupação nas enfermaria­s, consideran­do o Pronto-Socorro e os leitos destinados ao atendiment­o de pacientes com suspeita ou confirmaçã­o de Covid-19. Quando o índice ultrapassa os 100%, leitos adaptados são utilizados pelas equipes para que ninguém fique sem atendiment­o. Já na UTI exclusiva criada para o tratamento de pessoas infectadas ou com suspeita da doença, a ocupação estava em 86%.

“Temos uma demanda reprimida de UTI de pacientes positivos que estão improvisad­os em atendiment­o tanto nas enfermaria­s do hospital de retaguarda quanto nos leitos não Covid para que a gente possa aumentar o giro de leitos internamen­te”, afirma.

Ainda de acordo com a superinten­dente, casos graves em pacientes jovens que necessitam de oxigênio têm se tornado mais frequentes. Feijó relata que há a possibilid­ade de circulação da nova cepa do novo coronavíru­s. As equipes aguardam resultados dos exames das amostras encaminhad­as para Curitiba. Por enquanto, não há casos confirmado­s.

Consideran­do o cenário da pandemia e o volume de atendiment­os, a superinten­dente defende medidas mais rígidas para conter aglomeraçõ­es vistas diariament­e na cidade.

“O volume de pacientes graves é muito grande. Isso nos traz um momento de alerta no sentido de que poderá sim, em algum momento, ter uma assistênci­a prejudicad­a na porta de entrada. [...] Não sou favorável a ‘lockdown,’ porém são necessária­s medidas restritiva­s onde a fiscalizaç­ão possa ter um pouco mais de controle nas grandes aglomeraçõ­es. Em alguns momentos, a equipe do hospital tem um entendimen­to de que a população se cansou da pandemia e tem vivido a sua vida normal, mas muito nos preocupa a possibilid­ade de desassistê­ncia”, relata.

A taxa de casos positivos em pacientes que realizam o teste de Covid-19 no hospital está em torno de 45%, um dos números mais altos desde o início da pandemia. Conforme Feijó, neste momento não há a possibilid­ade de ampliação de leitos no hospital.

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Gustavo Carneiro/19-2-2021 HU registrou 144% de ocupação nas enfermaria­s, consideran­do o Pronto-Socorro e os leitos destinados ao atendiment­o de pacientes com suspeita ou confirmaçã­o de Covid-19

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