Violência contra a mulher
No dia 05 de fevereiro de 2021, o jornal Folha de Londrina publicou uma matéria sobre o caso Néia, que finalmente teve o júri popular realizado, culminando na condenação de Emerson Henrique de Souza a 23 anos e dez meses de reclusão e dez meses e um dia de detenção, pela tentativa de feminicídio da excompanheira Cidnéia Aparecida Mariano.
Como leitora, advogada e principalmente como mulher, abrir o jornal e me deparar com a manchete me fez reviver o horror e o inconformismo que senti quando o caso ganhou a atenção da mídia há anos.
Horror por saber que nos dias de hoje ainda existem homens com a crença de que a mulher é de sua posse e de que, se elas não mais o querem, então merecem ser punidas. Néia não morreu, mas sua vida e saúde foram mudadas para sempre pelas ações de uma pessoa egoísta e sem compaixão pela vida do próximo.
Já o inconformismo vem de um lugar um pouco mais sombrio, da raiva de saber que por aí existem muitas Néias que sofrem e ainda irão sofrer nas mãos de criminosos como Emerson.
Esses sentimentos só cresceram quando na semana seguinte foi anunciado o julgamento de Luis Felipe Manvailer, acusado de matar a esposa, a advogada
Tatiane Spitzner. Conforme noticiado pela Folha, no dia 10 de fevereiro, a sessão de júri foi cancelada pela terceira vez em decorrência de mais uma manobra da defesa, que tenta evitar a condenação do réu.
Nesse ponto minha indignação não é somente como um ser humano que sente pela violência perpetuada contra um semelhante, mas também como profissional! Embora seja papel da defesa defender seu cliente, impedir que a justiça julgue o caso é um desrespeito com o poder judiciário do nosso país, que diga-se de passagem, não é barato e muito menos rápido, bem como um desrespeito aos familiares da vítima que tiveram usurpado de suas vidas uma pessoa amada e até agora não encontraram paz.
Enfim, são muitas frustrações, a prática criminosa, a falta de respeito com a justiça, um crime impune!
No dia 23 de fevereiro, mais uma vez a Folha de Londrina abordou o tema feminicídio, atitude que parabenizo, o assunto não é leve, mas necessário. A matéria publicada trouxe números extremamente preocupantes, como por exemplo, as 30 mil medidas protetivas pedidas em 2020, no Estado do Paraná, em decorrência de violência contra a mulher. Também cita o salto no número de inquéritos instaurados no ano de 2020. Apesar de não ser algo para se comemorar, a investigação e o futuro julgamento desses casos dá a esperança de que precisamos de que a justiça não se calará em frente da crueldade perpetuada.
Esse texto que aqui escrevo não é apenas uma opinião de leitora, é um clamor por justiça de todas as mulheres do Brasil, parem de nos matar! Tatiane e Néia, vocês serão lembradas!
Embora seja papel da defesa defender seu cliente, impedir que a justiça julgue o caso é um desrespeito com o poder judiciário do nosso país