Nenhuma empresa se interessa em terminar obra da UBS Fraternidade
Contrato com vencedora da licitação foi assinado no final de 2019, mas obra está parada com 44% de execução
A dor de cabeça dos moradores da Vila Fraternidade, zona leste de Londrina, que esperam ter um posto de saúde no bairro, ainda vai continuar por bastante tempo. O último capítulo nesta história que parece não ter fim foi o desinteresse das empresas que participaram da licitação em terminar a obra. A prefeitura procurou as outras instituições depois que empresa vencedora do processo licitatório abandonou os trabalhos com 44% de execução.
Sem operários e muito menos máquinas, o contrato com a empreiteira londrinense foi rompido. Ele foi assinado no final de 2019 e previa o pagamento de R$ 994 mil. O último prazo previsto para o término era dezembro de 2020. Com o passar dos meses, os problemas se acumularam com atrasos, notificações da secretaria de Obras e aumento da cobrança da população local. A administração municipal, até para obedecer a legislação, sondou as entidades que participaram do edital na época.
Das seis que se interessaram na ocasião, apenas duas responderam a prefeitura. A Construtora Regioli alegou que “não havia interesse em executar a referida obra sob o valor proposto pela empresa contratada anteriormente, mesmo que atualizado”. Já a Reconstrul Construções Civis justificou a opção de não assumir o serviço “em função da constante alta dos preços de insumos a materiais”. Os ofícios foram encaminhados à secretaria de Gestão Pública na semana passada.
PACIENTES NÔMADES
Sem a UBS no bairro, moradores da Vila Fraternidade tiveram que ser atendidos na Vila Ricardo. Porém, o local foi transformado pela secretaria de Saúde em um posto exclusivo de atendimento a casos de Covid-19. Com isso, os pacientes foram realocados para o Jardim Interlagos, distante cerca de dois quilômetros.
Enquanto o poder público não resolve o problema, pessoas em situação de rua já passaram pela estrutura abandonada. Em dezembro, a FOLHA constatou colchonetes, marmitas, roupas e sapatos velhos. A reportagem tentou contato, na manhã de ontem, com o secretário de Obras, João Verçosa, para saber quando o ‘’sonho’’ da UBS da Fraternidade sairá definitivamente do papel, mas ele estava com o celular desligado.
A Terra Viva Serviços de Engenharia foi alvo de um processo de penalidade. O resultado foi uma multa pesada pelo descumprimento do contrato: R$ 198 mil. A construtora recorreu e argumentou que “a paralisação e restrição de horário de funcionamento das indústrias e do comércio não possibilitaram a execução no ritmo desejado”.
As explicações não foram aceitas pelo gestor do acordo, que sugeriu a manutenção do valor da infração. A indicação foi acatada na última terça-feira (23) pelo secretário de Gestão Pública, Fábio Cavazotti.
DESDE 1970
A UBS da Vila Fraternidade funcionava desde a década de 1970 e foi a primeira da cidade. Acabou desativada em 2013 e um ano depois demolida. A alegação do poder público, à época, foi de que o lugar havia se transformado em mocó para moradores de rua. A promessa era de que uma nova estrutura seria edificada no mesmo espaço, o que demorou seis anos para acontecer.
Unidade de saúde do bairro foi a primeira de Londrina e funcionava desde a década de 1970