Folha de Londrina

Violência em prisões expõe nova derrota de Moreno no Equador

Onda de execuções deixou quase 80 mortos em diferentes carceragen­s no país

- Sylvia Colombo

Buenos Aires, Argentina - A onda de violência coordenada que deixou quase 80 mortos em diferentes prisões no Equador é a demonstraç­ão de mais uma derrota da combalida gestão do atual presidente, Lenín Moreno, e pode ter impacto no segundo turno das eleições. A disputa é entre o candidato apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa, Andrés Arauz, e o direitista Guillermo Lasso e a votação ocorre no dia 11 de abril.

Nos últimos quatro anos, o país viu um incremento da presença de facções do crime organizado nacionais e estrangeir­as. A crise se agravou com o acordo de paz entre o Estado colombiano e a guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia), em 2016. Desde então, dissidente­s que não aceitaram se desarmar buscaram refúgio em outros países da região - o Equador entre eles. Com a migração, passaram a reforçar facções criminosas locais.

Muitos desses grupos têm suas lideranças operando de prisões superlotad­as e supervisio­nadas por agentes do Estado muitas vezes corruptos. Entre 2013 e 2017, durante a gestão de Correa, foram demitidos mais de mil funcionári­os do sistema prisional, de carcereiro­s a diretores de presídios. Muitos deles ainda respondem a processos, acusados de receber suborno em troca de benefícios aos presos.

Segundo informaçõe­s oficiais, a hipótese mais provável de ter detonado a onda de mortes da última terça-feira (23) aponta para um ato de vingança pelo assassinat­o do líder da facção criminosa Los Choneros, conhecido como “Rasquiña”, na cidade de Manta, um ponto importante da rota do narcotráfi­co que segue até a América Central e de lá aos EUA.

Isso teria gerado uma disputa de ajuste de contas entre os mais de 38 mil presos que pertencem a diferentes grupos e cartéis. Registros gravados com celulares mostram decapitaçõ­es e mutilações. No fim do dia, o governo afirmou que a situação havia sido controlada.

Apesar de não ser um produtor de cocaína, o Equador recebe rotas do tráfico que vêm de vários pontos da América do Sul. Sua geografia, com selvas e montanhas, serve de esconderij­o para grupos criminosos colombiano­s, peruanos, mexicanos e locais.

Além disso, o país conta com um grande porto, o de Guayaquil, por onde passa parte do contraband­o. Também são recorrente­s as vias terrestres, que levam as drogas ilícitas para o norte.

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José Sanchéz Lindao/AFP Parentes ficaram desesperad­os nos arredores de presídio em Guayaquil

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