Meu licor preferido
Os licores são famosos. Consumidos há séculos, mais precisamente a partir do ano 1250, quando o alquimista catalão Arnaud Villenueve conseguiu extrair princípios aromáticos das ervas, estão envoltos na mística de que são digestivos. Em partes, é verdade. Talvez por isso o costume é servi-los após as refeições, numa tacinha pequena ou num copinho de shot. E funciona! Eu, por exemplo, já não fico mais sem o meu licor preferido: o limoncello, feito de limão siciliano, uma bebida tradicionalmente italiana.
À base de produtos naturais, como flores, raízes e frutas, os licores ganharam propriedades digestivas. São doces e tem teor alcoólico que varia entre 15 e 55%. O limoncello que gosto, por exemplo, tem cerca de 30%. Além de digerir as refeições, de modo especial as noturnas, ajuda a estimular o sono. Popularmente entre amigos, chamamos de “caideira”. Enfim, o licor é uma bebida mais adocicada e não fermentada, à base de álcool ou aguardente. E tem inúmeros sabores: limão, laranja, chocolate e tantos outros.
Mas, o meu preferido mesmo é o limoncello, um licor produzido à base do limão siciliano, natural do sul da Itália, de modo particular na região de Nápoles, na Costa Amalfitana, dona de algumas das mais belas paisagens naturais italianas, como as ilhas de Ischia e de Capri. Além disso, também é muito comum e popular na Sicília e na Sardenha. E é de lá o DNA de um dos que eu mais gosto, produzido aqui na região pelo chef Alessandro Saba, do restaurante Vittorio Emanuele II, que veio da Sardenha para Londrina.
Um dos segredos para se apreciá-lo é mantê-lo no congelador. De fato, o líquido não congela. E fica muito refrescante, além de descer queimando. Parece que, realmente, limpa o organismo! Já experimentei e degustei outros tantos importados da Itália, todos deliciosos. Há poucos dias, entretanto, numa rápida visita à Serra Gaúcha, bati o olho em um exemplar durante um tour na vinícola colonial Cantina Strapazzon: Casa Possamai. Pedi para experimentar e trouxe comigo uma garrafa. Cheguei aqui e percebi que devia ter trazido mais! Infelizmente a produção deles é pequena e só vendem em alguns pontos em Bento Gonçalves (RS). Quem for para lá terá de trazer algumas encomendas para mim!
Apesar de ser uma bebida deliciosa e fácil de se tomar, não é tão democrática assim. O alto teor alcoólico não agrada muitos paladares. Melhor, sobra mais! Brincadeiras à parte, o limoncello é delicioso para acompanhar bons jantares, depois de bons vinhos e boas sobremesas!
Fábio Luporini é jornalista. Escreve na edição de sexta-feira.