Paraná decreta lockdown para conter avanço da pandemia
O governador Ratinho Junior instituiu o fechamento dos serviços não essenciais em todo o Estado a partir deste sábado até 8 de março. Prefeituras da região e a PM se organizam para o cumprimento do decreto. O horário do toque de recolher também foi amplia
Diante do colapso iminente no sistema público de saúde do Paraná, prefeitos da Região Metropolitana de Londrina concordaram que a restrição da circulação imposta pelo decreto estadual assinado pelo governador Ratinho Junior (PSD) é fundamental para evitar a propagação do vírus. Questionados pela FOLHA, os prefeitos informaram que irão seguir na íntegra o lockdown que passou a valer neste sábado (27) e estará em vigência até o dia 8 de março.
Entre as medidas anunciadas estão: o toque de recolher das 20 horas até às 5 horas; suspensão do funcionamento dos serviços e atividades não essenciais; proibição do comércio e consumo de bebida alcoólica em espaços públicos e coletivos das 20h às 5h; e a suspensão das aulas presenciais em escolas públicas e privadas, assim como em curso técnico e de graduação superior. Outras atividades que estavam sendo consideradas essenciais, em alguns municípios, como as academias de musculação, ficam suspensas de realizarem suas atividades presencialmente enquanto durar o decreto estadual.
O prefeito de Ibiporã, José Maria Ferreira (PSD), confirmou que além do fechamentos das atividades não essenciais, o município irá regulamentar o atendimento remoto para funcionários públicos, exceto para os que atuam na saúde ou nos serviços considerados essenciais. “Estamos em um nível de contágio muito acelerado. As nossas análises de exames demoram muito para voltar, mas pelo nível de casos que estamos notando nas nossas unidades de saúde e na UPA de Ibiporã, nós teremos um ‘boom’ de casos já no início da semana. É mais que necessária essa restrição de circulação”, afirmou.
O prefeito de Cambé, Conrado Scheller (DEM) também confirmou que irá atender o decreto estadual na integralidade. “Lockdown não é a solução, ele só joga o problema para frente. A solução são mais UTIS e vacinas, mas UTI é finita e vacina não tem chegado no ritmo que a gente espera.” O gestor cambeense lamentou o fato da restrição não ter sido avisada com certa antecedência. “Temos queixas de comerciantes de restaurantes que poderão perdes estoques de perecíveis, mas a gente entende o governador, que diante dos números, não tinha outra alternativa.” Scheller informou que o decreto mais rígido é o que deve ser seguido, segundo o entendimento do departamento jurídico.
Ele pontou ainda que a Secretaria de Saúde de Cambé já havia sinalizado o risco iminente de falta de oxigênio e insumos nos hospitais. “Estávamos com quatro pacientes aqui sem ter vaga no Hospital Universitário. É um quadro que está beirando ao colapso” pontuou.
Na mesma linha, o prefeito Rolândia, Ailton Maistro (PSL), informou que irá editar um decreto municipal próprio, mas que contém, segundo ele, 98% dos dispositivos do decreto estadual. “Já estávamos adotando medidas rígidas, mas acho o anúncio estadual acertado. Os dados são assustadores. Aqui em Rolândia o nosso centro Covid estava atendendo nesta semana 400 pessoas por dia, tivemos que dobrar as equipes. Não temos hospital Covid aqui e o HU não dará conta.” Diagnosticado com Covid logo após as eleições de novembro passado, Maistro sentiu na pele o efeito da infecção. “Perdi 14 quilos, foram 25 dias no hospital, 15 deles na UTI, dias de muito sofrimento” lembrou.
O prefeito de Londrina, Marcelo Belinati (PP) optou por seguir na íntegra o decreto estadual, sem necessidade de reeditar o decreto municipal. Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, Belinati pregou unidade nas ações entre municípios no cumprimento das medidas restritivas. “Apesar de a pandemia em Londrina estar desacelerada, nós observamos que o número de internações aumentou e mais da metade da ocupação dos leitos acaba sendo para pacientes da região. Isso, muito provavelmente, aconteceu em razão da nova cepa do vírus que surgiu em Manaus. Então, tomar uma medida isolada não resolve. As medidas tem que vir de maneira estadual”
Na coletiva o governador também defendeu que a lockdown precisa de participação dos 399 municípios do Estado. “Não adianta termos medidas mais restritivas em algumas cidades, se os municípios vizinhos não fizerem o mesmo. Essa é uma decisão muito dura, que eu obviamente não gostaria de tomar. Mas, é uma decisão importante, que estamos tomando para salvaguardar vidas.” ressaltou Ratinho Junior.