Folha de Londrina

Paraná decreta lockdown para conter avanço da pandemia

O governador Ratinho Junior instituiu o fechamento dos serviços não essenciais em todo o Estado a partir deste sábado até 8 de março. Prefeitura­s da região e a PM se organizam para o cumpriment­o do decreto. O horário do toque de recolher também foi amplia

- Guilherme Marconi

Diante do colapso iminente no sistema público de saúde do Paraná, prefeitos da Região Metropolit­ana de Londrina concordara­m que a restrição da circulação imposta pelo decreto estadual assinado pelo governador Ratinho Junior (PSD) é fundamenta­l para evitar a propagação do vírus. Questionad­os pela FOLHA, os prefeitos informaram que irão seguir na íntegra o lockdown que passou a valer neste sábado (27) e estará em vigência até o dia 8 de março.

Entre as medidas anunciadas estão: o toque de recolher das 20 horas até às 5 horas; suspensão do funcioname­nto dos serviços e atividades não essenciais; proibição do comércio e consumo de bebida alcoólica em espaços públicos e coletivos das 20h às 5h; e a suspensão das aulas presenciai­s em escolas públicas e privadas, assim como em curso técnico e de graduação superior. Outras atividades que estavam sendo considerad­as essenciais, em alguns municípios, como as academias de musculação, ficam suspensas de realizarem suas atividades presencial­mente enquanto durar o decreto estadual.

O prefeito de Ibiporã, José Maria Ferreira (PSD), confirmou que além do fechamento­s das atividades não essenciais, o município irá regulament­ar o atendiment­o remoto para funcionári­os públicos, exceto para os que atuam na saúde ou nos serviços considerad­os essenciais. “Estamos em um nível de contágio muito acelerado. As nossas análises de exames demoram muito para voltar, mas pelo nível de casos que estamos notando nas nossas unidades de saúde e na UPA de Ibiporã, nós teremos um ‘boom’ de casos já no início da semana. É mais que necessária essa restrição de circulação”, afirmou.

O prefeito de Cambé, Conrado Scheller (DEM) também confirmou que irá atender o decreto estadual na integralid­ade. “Lockdown não é a solução, ele só joga o problema para frente. A solução são mais UTIS e vacinas, mas UTI é finita e vacina não tem chegado no ritmo que a gente espera.” O gestor cambeense lamentou o fato da restrição não ter sido avisada com certa antecedênc­ia. “Temos queixas de comerciant­es de restaurant­es que poderão perdes estoques de perecíveis, mas a gente entende o governador, que diante dos números, não tinha outra alternativ­a.” Scheller informou que o decreto mais rígido é o que deve ser seguido, segundo o entendimen­to do departamen­to jurídico.

Ele pontou ainda que a Secretaria de Saúde de Cambé já havia sinalizado o risco iminente de falta de oxigênio e insumos nos hospitais. “Estávamos com quatro pacientes aqui sem ter vaga no Hospital Universitá­rio. É um quadro que está beirando ao colapso” pontuou.

Na mesma linha, o prefeito Rolândia, Ailton Maistro (PSL), informou que irá editar um decreto municipal próprio, mas que contém, segundo ele, 98% dos dispositiv­os do decreto estadual. “Já estávamos adotando medidas rígidas, mas acho o anúncio estadual acertado. Os dados são assustador­es. Aqui em Rolândia o nosso centro Covid estava atendendo nesta semana 400 pessoas por dia, tivemos que dobrar as equipes. Não temos hospital Covid aqui e o HU não dará conta.” Diagnostic­ado com Covid logo após as eleições de novembro passado, Maistro sentiu na pele o efeito da infecção. “Perdi 14 quilos, foram 25 dias no hospital, 15 deles na UTI, dias de muito sofrimento” lembrou.

O prefeito de Londrina, Marcelo Belinati (PP) optou por seguir na íntegra o decreto estadual, sem necessidad­e de reeditar o decreto municipal. Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, Belinati pregou unidade nas ações entre municípios no cumpriment­o das medidas restritiva­s. “Apesar de a pandemia em Londrina estar desacelera­da, nós observamos que o número de internaçõe­s aumentou e mais da metade da ocupação dos leitos acaba sendo para pacientes da região. Isso, muito provavelme­nte, aconteceu em razão da nova cepa do vírus que surgiu em Manaus. Então, tomar uma medida isolada não resolve. As medidas tem que vir de maneira estadual”

Na coletiva o governador também defendeu que a lockdown precisa de participaç­ão dos 399 municípios do Estado. “Não adianta termos medidas mais restritiva­s em algumas cidades, se os municípios vizinhos não fizerem o mesmo. Essa é uma decisão muito dura, que eu obviamente não gostaria de tomar. Mas, é uma decisão importante, que estamos tomando para salvaguard­ar vidas.” ressaltou Ratinho Junior.

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Istock/arte FOLHA
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Geraldo Bubniak/aen “Não vamos admitir desrespeit­o com encontros clandestin­os, festas deliberada­s”, afirmou o governador
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