Folha de Londrina

Aras constrói maioria contra Lava Jato em conselho do MP

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Brasília - Com a ajuda do Senado, o procurador-geral da República, Augusto Aras, tem conseguido manter forte influência nas decisões do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), responsáve­l por tomar decisões administra­tivas e avaliar a conduta de procurador­es e promotores.

Está parada no Senado há quase um ano a aprovação de três representa­ntes para compor o conselho. Com isso, a ala alinhada a Aras, crítica da Lava Jato e próxima do meio político, mantém maioria no colegiado.

Isso tem garantido decisões considerad­as negativas por boa parte dos integrante­s do Ministério Público.

O Senado, que já rejeitou a indicação de defensores da operação, aproveitou a pandemia da Covid-19 para nem sequer apreciar nomes que poderiam reforçar uma linha favorável aos investigad­ores no conselho.

Em março do ano passado, a CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça) aprovou os promotores Moacyr Rey Filho e Ediene Lousado e o juiz Paulo Marcos de Frias para integrarem o CNMP.

O primeiro deles compõe o Ministério Público do Distrito Federal e Território­s, a segunda o Ministério Público da Bahia e o terceiro foi o nome escolhido pelo STF (Supremo

Tribunal Federal).

Depois de terem sido aprovados pela comissão, porém, o plenário da Casa não deu o aval final para serem indicados ao conselho, composto por 15 cadeiras. O procurador-geral da República é o presidente.

DINHEIRO PARADO

Augusto Aras enviou ofício ao ministro Ricardo Lewandowsk­i, do STF (Supremo Tribunal Federal) afirmando que há hoje R$ 1,2 bilhão em contas bancárias provenient­es de “recuperaçã­o financeira decorrente­s de operações como a Lava Jato”.

O magistrado avalia pedido da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para que os recursos das operações sejam destinados à compra de vacinas contra a Covid-19.

De acordo com Aras, R$ 696,1 milhões estão em contas judiciais e têm origem em acordos feitos pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Outros R$ 552,5 milhões são da Lava Jato do Rio de Janeiro.

Aras anexou em seu ofício documentos que mostram também que os recursos do Paraná foram destinados, no ano passado, para ações de combate à Covid-19.

A decisão foi da juíza Gabriela Hardt, que ocupou temporaria­mente a 13ª Vara Federal de Curitiba. O governo de Jair Bolsonaro, no entanto, contestou a decisão da magistrada.

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