Acil e Abrasel criticam decreto do governo estadual
Entre as medidas anunciadas, está o fechamento de atividades consideradas não essenciais
A Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) criticou as medidas restritivas anunciadas pelo governador Ratinho Junior nesta sextafeira (26) devido à pandemia do coronavírus. Entre as regras anunciadas, está o fechamento de atividades consideradas não essenciais.
A entidade diz considerar que o setor produtivo não pode ser punido pela irresponsabilidade daqueles que desrespeitam os protocolos de segurança no combate à pandemia. “Sabemos que as aglomerações são provocadas por uma pequena parcela da população, trazendo riscos à vida do próximo e imensos prejuízos a todos. O comércio, a indústria e os serviços vêm obedecendo todas as medidas preventivas e não se apresentam como focos de contaminação”, aponta a nota.
Por esse motivo, a associação coloca que os comerciantes deveriam ser poupados do lockdown decretado em todo o Paraná.
Para a Acil, o poder público deveria focar em outros assuntos, e intensificar a fiscalização de festas, churrascos e outras celebrações clandestinas; coibir a prática de esportes coletivos; restringir o consumo de bebidas alcoólicas em espaços públicos e a circulação de pessoas entre 23h e 5h; bem como ampliar o número de leitos hospitalares. A entidade pede ainda mais agilidade e eficiência na fabricação, aquisição e distribuição de vacinas.
“O empresário não deve arcar com o prejuízo provocado por quem desrespeita a lei. Muitas empresas já estão fragilizadas pela crise e vão fechar definitivamente, aumentando o desemprego e reduzindo a renda das famílias - muitas delas sem condições financeiras de se preparar para o lockdown”, diz a nota.
Em meio a um cenário crítico da pandemia, consumidores e comerciantes desrespeitam as regras de prevenção à pandemia do novo coronavírus ao fazerem uso incorreto da máscara no comércio de rua do centro da cidade.
Neste cenário, comerciantes se dividem em relação às medidas anunciadas pelo governo estadual. Para Leonardo Pinange, proprietário de uma ótica, a medida torna mais justas as regras impostas aos estabelecimentos, já que as universidades estão fechadas enquanto bares ficam abertos. “O que deveria estar fechado está aberto e o que deveria estar aberto está fechado.”
Já o comerciante Naim Geha diz não ver sentido na medida. “Se o governo tivesse preocupação com a saúde das pessoas, teria fechado as estradas e a rodoviária no Carnaval.” Para ele, o comércio não representa risco. “Olha só quanta aglomeração”, diz, apontando para a loja vazia.
Edson Adolfo Blum, gerente de uma joalheria, criticou o prazo dado pelo governo para as atividades não essenciais fecharem as portas. “Muitas empresas precisam de um prazo maior para entrega de produtos, por exemplo. Um prazo maior seria mais respeitoso e alcançaria o mesmo objetivo.”
A técnica de enfermagem Elaine de Jesus e sua filha, a estudante Mel Chanan, concordam com o fechamento das atividades não essenciais. “Pelo que a gente vê nos hospitais superlotados, e em relação às pessoas que não têm consciência do que está acontecendo, acho que é o certo”, diz a técnica de enfermagem. “O que eu acho que vai deixar muito prejuízo é o fechamento das escolas”, ela acrescenta.
‘LAMENTÁVEL’
A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) Norte do Paraná considera “lamentável” a medida anunciada pelo governo estadual, de fechamento de bares e restaurantes, da forma como foi feita, afirma João Paulo Albuquerque, vice-presidente da entidade. “Temos folha de pagamento semana que vem e essa medida vindo de uma hora para a outra acaba nos condenando a perder estoque e não ter dinheiro para pagar funcionários. É um descaso completo.”
Segundo Albuquerque, a associação está tentando negociar com o sindicato de trabalhadores do setor alguma solução para esse período em que os estabelecimentos ficarão fechados.
Na semana passada, a entidade fez uma manifestação em frente à Prefeitura de Londrina. “Estamos tentando demonstrar para a sociedade e para o poder público que estamos pagando uma conta que não é nossa. Fomos obrigados a fechar por diversas vezes e em nenhum momento vimos medidas reparatórias vindo para o setor. Estamos condenando nossos funcionários à fome, à miséria e ao desemprego”, disse o vice-presidente.