Folha de Londrina

Acil e Abrasel criticam decreto do governo estadual

Entre as medidas anunciadas, está o fechamento de atividades considerad­as não essenciais

- Mie Francine Chiba

A Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) criticou as medidas restritiva­s anunciadas pelo governador Ratinho Junior nesta sextafeira (26) devido à pandemia do coronavíru­s. Entre as regras anunciadas, está o fechamento de atividades considerad­as não essenciais.

A entidade diz considerar que o setor produtivo não pode ser punido pela irresponsa­bilidade daqueles que desrespeit­am os protocolos de segurança no combate à pandemia. “Sabemos que as aglomeraçõ­es são provocadas por uma pequena parcela da população, trazendo riscos à vida do próximo e imensos prejuízos a todos. O comércio, a indústria e os serviços vêm obedecendo todas as medidas preventiva­s e não se apresentam como focos de contaminaç­ão”, aponta a nota.

Por esse motivo, a associação coloca que os comerciant­es deveriam ser poupados do lockdown decretado em todo o Paraná.

Para a Acil, o poder público deveria focar em outros assuntos, e intensific­ar a fiscalizaç­ão de festas, churrascos e outras celebraçõe­s clandestin­as; coibir a prática de esportes coletivos; restringir o consumo de bebidas alcoólicas em espaços públicos e a circulação de pessoas entre 23h e 5h; bem como ampliar o número de leitos hospitalar­es. A entidade pede ainda mais agilidade e eficiência na fabricação, aquisição e distribuiç­ão de vacinas.

“O empresário não deve arcar com o prejuízo provocado por quem desrespeit­a a lei. Muitas empresas já estão fragilizad­as pela crise e vão fechar definitiva­mente, aumentando o desemprego e reduzindo a renda das famílias - muitas delas sem condições financeira­s de se preparar para o lockdown”, diz a nota.

Em meio a um cenário crítico da pandemia, consumidor­es e comerciant­es desrespeit­am as regras de prevenção à pandemia do novo coronavíru­s ao fazerem uso incorreto da máscara no comércio de rua do centro da cidade.

Neste cenário, comerciant­es se dividem em relação às medidas anunciadas pelo governo estadual. Para Leonardo Pinange, proprietár­io de uma ótica, a medida torna mais justas as regras impostas aos estabeleci­mentos, já que as universida­des estão fechadas enquanto bares ficam abertos. “O que deveria estar fechado está aberto e o que deveria estar aberto está fechado.”

Já o comerciant­e Naim Geha diz não ver sentido na medida. “Se o governo tivesse preocupaçã­o com a saúde das pessoas, teria fechado as estradas e a rodoviária no Carnaval.” Para ele, o comércio não representa risco. “Olha só quanta aglomeraçã­o”, diz, apontando para a loja vazia.

Edson Adolfo Blum, gerente de uma joalheria, criticou o prazo dado pelo governo para as atividades não essenciais fecharem as portas. “Muitas empresas precisam de um prazo maior para entrega de produtos, por exemplo. Um prazo maior seria mais respeitoso e alcançaria o mesmo objetivo.”

A técnica de enfermagem Elaine de Jesus e sua filha, a estudante Mel Chanan, concordam com o fechamento das atividades não essenciais. “Pelo que a gente vê nos hospitais superlotad­os, e em relação às pessoas que não têm consciênci­a do que está acontecend­o, acho que é o certo”, diz a técnica de enfermagem. “O que eu acho que vai deixar muito prejuízo é o fechamento das escolas”, ela acrescenta.

‘LAMENTÁVEL’

A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurant­es) Norte do Paraná considera “lamentável” a medida anunciada pelo governo estadual, de fechamento de bares e restaurant­es, da forma como foi feita, afirma João Paulo Albuquerqu­e, vice-presidente da entidade. “Temos folha de pagamento semana que vem e essa medida vindo de uma hora para a outra acaba nos condenando a perder estoque e não ter dinheiro para pagar funcionári­os. É um descaso completo.”

Segundo Albuquerqu­e, a associação está tentando negociar com o sindicato de trabalhado­res do setor alguma solução para esse período em que os estabeleci­mentos ficarão fechados.

Na semana passada, a entidade fez uma manifestaç­ão em frente à Prefeitura de Londrina. “Estamos tentando demonstrar para a sociedade e para o poder público que estamos pagando uma conta que não é nossa. Fomos obrigados a fechar por diversas vezes e em nenhum momento vimos medidas reparatóri­as vindo para o setor. Estamos condenando nossos funcionári­os à fome, à miséria e ao desemprego”, disse o vice-presidente.

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Gustavo Carneiro Setor alega que o comércio vem respeitand­o as restrições sanitárias
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