Folha de Londrina

BBB: “que falta de assunto, hein, FOLHA?”

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Não é segredo para ninguém que o Big Brother Brasil precisa de convidados simpáticos e antipático­s. Esse é o “sal” do reality que amplia a audiência a partir de antagonism­os. Num momento de opiniões enfurecida­s sobre tudo que acontece no País, o velho BBB ainda tem enorme audiência: cerca de 38 a 40 pontos no Ibope em algumas capitais só na eliminação da rapper Karol Conká no paredão.

O BBB, além de concentrar enorme audiência, motiva discussões de soltar faíscas. Esta semana, ao publicar matéria sobre o paredão que derrubou Karol Conká, a Folha 2 alcançou mais de 20 mil pessoas, só no Facebook, até quinta-feira (25). Nas redes sociais, a discussão ferve conforme o grau de envolvimen­to do leitor com a notícia. E os leitores da FOLHA lavaram a alma criticando o comportame­nto não só de Conká, mas até do repórter e da editora da matéria.

Comentário­s do tipo: “Foi a melhor notícia de fevereiro” ou “que falta de assunto, hein, Folha!?” caíram na rede como tempestade e suscitam uma reflexão. Primeiro, o reality consegue mobilizar emoções diversas, que vão do afeto ao linchament­o virtual. Segundo, essas emoções dentro e fora do programa são um espelho da sociedade que se identifica com qualidades e defeitos dos participan­tes do BBB.

Preconceit­os como vimos a própria Karol Conká externar em relação a Lucas Penteado - que, humilhado, acabou deixando o programa antes da hora - encontram ressonânci­a também entre o público que critica Karol chamando-a de “lixo”, “de representa­nte de coisa nenhuma” ou negando que ela seja paranaense pois é apenas “curitibana.”

Essa bronca, recebeu resposta da leitora Karina Kah que replicou: “Percebo que Karol Conká, com toda sua soberba, arrogância e falta de empatia não está muito longe de Londrina. Os comentário­s postados são bem evidentes: “grande b...” , “só curitibano­s como ela”, enfim, comentário­s soberbos, irônicos e com preconceit­o regional (mostram), acredito, que o fruto (Karol) Conká, não caiu longe da árvore paranaense/ londrinens­e.” Com isso, a leitora pôs o dedo na ferida do próprio público tão preconceit­uoso quanto a sister que detonava outros participan­tes de forma rasteira e acabou “tombando” feio com rejeição de 99,17%.

O episódio dá uma ótima reflexão sobre o que interessa ao leitor e o que é pauta no jornalismo. É óbvio que um programa que tem audiência de milhões de espectador­es é notícia. Isso não significa que editores e repórteres babem ovo pelo BBB, mas apenas que estão atentos às preferênci­as do público. Mas quantidade nem sempre significa qualidade como demonstra o show de likes sobre matérias sem muito conteúdo. E como sabemos disso, mantemos no caderno de Cultura, por exemplo, tanto as pautas voltadas para o show de horrores do BBB como matérias de grande conteúdo artístico.

Por mim, estaria falando do lançamento no Brasil do livro “Vida à Venda” de Yukio Mishima, poeta japonês que se suicidou nos anos 1970 por discordar da decadência das tradições no Japão em favor de uma ocidentali­zação cultural que ele não admitia. Mas poucos leitores se interessar­iam de novo pela pauta que também foi publicada na Folha 2 esta semana, na coluna Leitura. Acho isso uma pena e aproveito para dizer que o reality e as matérias de entretenim­ento fajuto são necessária­s porque funcionam também como um espelho da sociedade de consumo cada vez mais superficia­l. E fica a pergunta: para onde estamos caminhando, brothers?

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