Folha de Londrina

Conselho cobra participaç­ão social

- (V.O.)

Para Marcel Jeronymo, conselheir­o do Coped (Conselho Permanente dos Direitos Humanos do Estado do Paraná ), a portaria da ministra acaba com a participaç­ão da sociedade civil. “O Conselho de Direitos Humanos do Paraná repudia totalmente isso e ingressa nas fileiras dos movimentos sociais nacionais e locais para buscar a derrubada desta portaria”, declara. “A participaç­ão social e a transparên­cia constituem o princípio basilar de nossa democracia e de nossa Carta Magna. Nos causa muito mais espanto e preocupaçã­o o fato da portaria determinar o sigilo dos trabalhos, ainda mais com um governo que por algumas atitudes vem violando direitos humanos sistematic­amente no País”, destaca.

Segundo ele, o fato do ministério defender que está sendo transparen­te simplesmen­te por ter divulgado que seus integrante­s foram designados por meio de portaria publicada no Diário Oficial da União é “um jogo de palavras que infelizmen­te demonstra que esse grupo de trabalho deve fundamenta­r a opinião política do governo brasileiro de plantão e não da sociedade brasileira”.

VIOLAÇÃO DE DECISÕES INTERNACIO­NAIS

A advogada, professora dos cursos de graduação e pós-graduação da Universida­de Federal do Paraná, Melina Girardi Fachin, e membro das comissões nacional e estadual de direitos humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), ressalta que essa decisão viola decisões internacio­nais que o Estado assumiu, além de ser uma decisão antidemocr­ática. “Na declaração de Viena, de 1993, foi estabeleci­da essa necessidad­e de incluir a sociedade civil nas discussões, no que diz respeito à formação do plano e no resultado final do plano”, aponta.

“Acho que temos de nos movimentar nos dois campos , no campo interno e no campo internacio­nal, para resistir a essa pauta contra os direitos humanos. Os movimentos sociais têm reagido de maneira enfática. Quaisquer discussões sobre políticas de direitos humanos deve ser transparen­te, com amplo debate e participaç­ão da sociedade civil. Um segundo ponto é apelar para foros internacio­nais. Temos um sistema de direitos humanos subsidiári­o que serve de salvaguard­a para quando o Estado não cumpre com suas obrigações internas. Temos canais de comunicaçã­o tanto com a Organizaçã­o das Nações Unidas como com a OEA (Organizaçã­o dos Estados Americanos)”, destaca. “A OAB tem uma tradição histórica importantí­ssima na matéria de direitos humanos. Não ser ela uma interlocut­ora na revisão do plano demonstra o quão temerária é essa limitação de participaç­ão.”

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