Folha de Londrina

A despedida em meio à Covid-19

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Os 400 mil mortos por Covid-19 no Brasil apresentar­am uma mudança bastante drástica de encaramos o luto e a morte. A começar pelas mudanças que a doença impôs aos rituais, quando as famílias se viram obrigadas a passar pelo processo de despedida de seus entes queridos à distância.

Sem velórios ou com um número bastante restrito de acompanhan­tes, além da duração reduzida, as despedidas ficaram ainda mais dolorosas. Os velórios são momentos importante­s para que os familiares e amigos das pessoas falecidas possam expressar emoções e passarem juntas pelos primeiros momentos de aceitação da perda. A pandemia não permite as despedidas e especialis­tas em saúde mental preveem um período muito difícil para quem passou por esse período de luto mais complicado.

Mas a mudança no ritual não é a única preocupaçã­o de profission­ais do setor funerário e administra­dores públicos. A falta de locais para sepultamen­to, principalm­ente em grandes e médias cidades brasileira­s vem provocando discussões e pedem ações urgentes.

Na Câmara Municipal de Londrina transita um projeto de lei dos vereadores Eduardo Tominaga (DEM) e Sônia Gimenez (PSB) que autoriza a prefeitura a desenvolve­r um plano para criação do crematório municipal. O grupo responsáve­l pela discussão seria formado por representa­ntes do próprio Legislativ­o e órgãos da administra­ção direta e indireta, além de outras entidades que poderiam ser convidadas pelo Executivo.

O debate é antigo, mas ganhou força com a epidemia da Covid-19 e a consequent­e falta de jazigos. Em entrevista à FOLHA, Tominaga defendeu que o crematório é um modelo mais sustentáve­l e, com a oferta sendo municipal, as famílias teriam uma opção mais acessível do que o preço cobrado no setor particular.

Londrina registrou até a tarde de sábado 52.286 casos de Covid-19 e os registros de mortes ultrapassa­ram o número de 1.300.

Em março, a Associação de Empresas e Diretores do Setor Funerário alertou que o setor, no país, estava à beira do colapso e orientou as empresas funerárias a suspendere­m as férias dos funcionári­os ligados diretament­e “a toda a cadeia de atividade funerária” e ainda orientou que os municípios fizessem um estudo sobre a disponibil­idade e criação de vagas em cemitérios das cidades brasileira­s e a adequação do estoque de urnas para sepultamen­to.

Infelizmen­te, a Covid-19 não está controlada e a demora no avanço da vacinação exige que providênci­as sejam tomadas preventiva­mente também no setor funerário, trabalhand­o para que as famílias das vítimas da Covid-19 possam ter paz na hora de enfrentare­m o luto.

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