A compra do primeiro imóvel requer planejamento e alguns cuidados. Confira dicas de especialistas e depoimentos dos novos proprietários
Primeira e principal definição antes da aquisição é ter clareza sobre a destinação do bem
A primeira e principal definição antes de comprar o primeiro imóvel é ter clareza sobre sua destinação. É realmente para você morar? Pretende têlo como investimento para receber o aluguel? Ou como formador de poupança para utilizá-lo na troca por um outro imóvel mais adequado ao seu perfil?
Considera que está a um ótimo preço e pretende negociá-lo o mais rápido possível por um preço melhor? Acha que o imóvel irá valorizar nos próximos anos e está adquirindo o bem para obter ganhos futuros com a sua venda?
Segundo o economista Marcos Rambalducci, professor da UTFPR e coordenador do Núcleo de Pesquisas Econômicas Aplicadas da UTFPR/UEL, as análises sobre a compra do imóvel só começam a fazer sentido após todas essas questões acima serem respondidas.
“Se for para ser sua residência, a localização tem papel preponderante, seja pela proximidade com as facilidades comerciais, de deslocamento. Agora, se for como investimento, é preciso lembrar que um imóvel é como um carro retirado da agência – da porta para fora já começa a perder valor. O que valoriza é a localização do imóvel que, para ser lucrativo, tem que compensar a depreciação do imóvel. Portanto, neste caso, é preciso ter a sensibilidade para identificar um endereço que tenha potencial para valorização nos próximos anos”, explica.
Outro fator a ser considerado na aquisição do imóvel é a documentação. “Saber se o imóvel conta com o Habite-se, se não tem pendências como IPTU ou alguma multa, se ele está realmente habilitado para a venda – não está arrestado por débitos judiciais ou em partilha de herança”, lista.
Deve-se ter em mente que o custo da compra de um imóvel vai sempre além de qual o preço dele. A escritura só é lavrada depois do pagamento do ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis). Esse tributo é cobrado pela Prefeitura e varia conforme o município, mas geralmente fica entre 2% e 4% do preço do bem. Além disso, é preciso considerar os custos de cartório para o registro.
NA PLANTA
Comprar um imóvel na planta pode ser uma alternativa para o primeiro imóvel, desde que seja analisada a capacidade da construtora entregar o imóvel no prazo estipulado e a idoneidade dela.
“Comprar um imóvel que ainda está sendo construído significa financiar parte do empreendimento junto à construtora, por isso é tão importante saber com quem se está negociando, lembrando sempre que se trata de um investimento de risco e que pode, sim, trazer uma série de dores de cabeça no futuro.”
MÍNIMO FINANCIADO
Uma das dúvidas que mais surgem no momento da compra do primeiro imóvel é: o que é mais indicado? Guardar dinheiro para comprar o imóvel à vista ou financiar?
“Em toda e qualquer decisão desta natureza, o ideal é sempre acumular o maior valor em recursos financeiros para poder comprar à vista ou necessitar de um mínimo de financiamento. Acontece que acumular reservas para a aquisição de um imóvel geralmente ultrapassa o tempo que estamos dispostos a esperar.”
Para tomar a decisão de financiar, é preciso considerar situações muito específicas, como o grau de segurança que lhe dá sua profissão ou emprego, a variação da renda mensal e a situação familiar (se tem filhos em idade escolar, por exemplo).
“Somente a partir dessa análise individual é que se torna possível analisar se vale a pena esperar e poupar, alugar uma casa que permita um mínimo de conforto para sua família enquanto acumula reservas, ou então partir direto para um financiamento.”
TAXAS
Atualmente, a taxa média de juros praticada nos financiamentos imobiliários é de 7,16% ao ano, mais a correção da TR (Taxa Referencial), que hoje está em zero. É preciso lembrar que as prestações serão corrigidas pela variação dos juros, atrelados de alguma forma à taxa Selic.
“Portanto, é preciso ter em conta que o percentual de comprometimento da prestação do imóvel em relação a sua renda poderá e irá variar. Então deixe sempre uma folga no seu orçamento para absorver essas variações. Além disso, considere que dificilmente conseguirá financiar 100% do imóvel. Em geral terá que pagar ao menos 20% dele com recursos próprios”, orienta.
No momento de fazer o financiamento, também é preciso considerar o CET (Custo Efetivo Total) ofertado por cada banco. Nesse custo estão incluídos os juros, as taxas de administração, a taxa de amortização e a taxa de seguro. “Cada instituição financeira terá um CET diferente, portanto é imprescindível realizar uma análise comparativa para encontrar a melhor alternativa”, conclui.
“O ideal é sempre poupar para poder comprar à vista ou financiar o mínimo”