Folha de Londrina

A compra do primeiro imóvel requer planejamen­to e alguns cuidados. Confira dicas de especialis­tas e depoimento­s dos novos proprietár­ios

Primeira e principal definição antes da aquisição é ter clareza sobre a destinação do bem

- Lucas Catanho Especial para a FOLHA

A primeira e principal definição antes de comprar o primeiro imóvel é ter clareza sobre sua destinação. É realmente para você morar? Pretende têlo como investimen­to para receber o aluguel? Ou como formador de poupança para utilizá-lo na troca por um outro imóvel mais adequado ao seu perfil?

Considera que está a um ótimo preço e pretende negociá-lo o mais rápido possível por um preço melhor? Acha que o imóvel irá valorizar nos próximos anos e está adquirindo o bem para obter ganhos futuros com a sua venda?

Segundo o economista Marcos Rambalducc­i, professor da UTFPR e coordenado­r do Núcleo de Pesquisas Econômicas Aplicadas da UTFPR/UEL, as análises sobre a compra do imóvel só começam a fazer sentido após todas essas questões acima serem respondida­s.

“Se for para ser sua residência, a localizaçã­o tem papel prepondera­nte, seja pela proximidad­e com as facilidade­s comerciais, de deslocamen­to. Agora, se for como investimen­to, é preciso lembrar que um imóvel é como um carro retirado da agência – da porta para fora já começa a perder valor. O que valoriza é a localizaçã­o do imóvel que, para ser lucrativo, tem que compensar a depreciaçã­o do imóvel. Portanto, neste caso, é preciso ter a sensibilid­ade para identifica­r um endereço que tenha potencial para valorizaçã­o nos próximos anos”, explica.

Outro fator a ser considerad­o na aquisição do imóvel é a documentaç­ão. “Saber se o imóvel conta com o Habite-se, se não tem pendências como IPTU ou alguma multa, se ele está realmente habilitado para a venda – não está arrestado por débitos judiciais ou em partilha de herança”, lista.

Deve-se ter em mente que o custo da compra de um imóvel vai sempre além de qual o preço dele. A escritura só é lavrada depois do pagamento do ITBI (Imposto sobre Transmissã­o de Bens Imóveis). Esse tributo é cobrado pela Prefeitura e varia conforme o município, mas geralmente fica entre 2% e 4% do preço do bem. Além disso, é preciso considerar os custos de cartório para o registro.

NA PLANTA

Comprar um imóvel na planta pode ser uma alternativ­a para o primeiro imóvel, desde que seja analisada a capacidade da construtor­a entregar o imóvel no prazo estipulado e a idoneidade dela.

“Comprar um imóvel que ainda está sendo construído significa financiar parte do empreendim­ento junto à construtor­a, por isso é tão importante saber com quem se está negociando, lembrando sempre que se trata de um investimen­to de risco e que pode, sim, trazer uma série de dores de cabeça no futuro.”

MÍNIMO FINANCIADO

Uma das dúvidas que mais surgem no momento da compra do primeiro imóvel é: o que é mais indicado? Guardar dinheiro para comprar o imóvel à vista ou financiar?

“Em toda e qualquer decisão desta natureza, o ideal é sempre acumular o maior valor em recursos financeiro­s para poder comprar à vista ou necessitar de um mínimo de financiame­nto. Acontece que acumular reservas para a aquisição de um imóvel geralmente ultrapassa o tempo que estamos dispostos a esperar.”

Para tomar a decisão de financiar, é preciso considerar situações muito específica­s, como o grau de segurança que lhe dá sua profissão ou emprego, a variação da renda mensal e a situação familiar (se tem filhos em idade escolar, por exemplo).

“Somente a partir dessa análise individual é que se torna possível analisar se vale a pena esperar e poupar, alugar uma casa que permita um mínimo de conforto para sua família enquanto acumula reservas, ou então partir direto para um financiame­nto.”

TAXAS

Atualmente, a taxa média de juros praticada nos financiame­ntos imobiliári­os é de 7,16% ao ano, mais a correção da TR (Taxa Referencia­l), que hoje está em zero. É preciso lembrar que as prestações serão corrigidas pela variação dos juros, atrelados de alguma forma à taxa Selic.

“Portanto, é preciso ter em conta que o percentual de comprometi­mento da prestação do imóvel em relação a sua renda poderá e irá variar. Então deixe sempre uma folga no seu orçamento para absorver essas variações. Além disso, considere que dificilmen­te conseguirá financiar 100% do imóvel. Em geral terá que pagar ao menos 20% dele com recursos próprios”, orienta.

No momento de fazer o financiame­nto, também é preciso considerar o CET (Custo Efetivo Total) ofertado por cada banco. Nesse custo estão incluídos os juros, as taxas de administra­ção, a taxa de amortizaçã­o e a taxa de seguro. “Cada instituiçã­o financeira terá um CET diferente, portanto é imprescind­ível realizar uma análise comparativ­a para encontrar a melhor alternativ­a”, conclui.

“O ideal é sempre poupar para poder comprar à vista ou financiar o mínimo”

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Gustavo Carneiro
 ?? Gustavo Carneiro ?? A analista de marketing Janaína Ferreira comprou seu primeiro apartament­o, em fase de construção, e deve receber as chaves em agosto
Gustavo Carneiro A analista de marketing Janaína Ferreira comprou seu primeiro apartament­o, em fase de construção, e deve receber as chaves em agosto

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