Folha de Londrina

13 de maio de 1888

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Neste dia, em que comemoramo­s 133 anos da maior e mais significan­te conquista humanitári­a da nossa nação, ao recordarmo­s a majestosa protagonis­ta do 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel, trazemos à luz um dos exemplos mais significat­ivos da representa­ção feminina nos assuntos que marcaram o cenário político no Brasil do século XIX, com base em nossa própria história.

Mas o 13 de maio teve sua gênese em 1815 e 1817 quando, logo após a chegada do Rei D. João VI ao Brasil, assinaram-se acordos com o Rei Jorge IV da Inglaterra, visando a proibição de tráfico de escravos no norte do Equador. Logo após a independên­cia, seu filho, o Imperador D. Pedro I, em 1826, assina nova Convenção, com o Rei da Inglaterra, em que se determinav­a prazo de três anos para o fim do tráfico de escravos, após o qual seria considerad­o pirataria.

Em sete de novembro de 1831, a Regência Trina Permanente composta pelo senador do Rio de Janeiro Francisco de Lima e Silva (futuro Barão de Barra Grande), o deputado da Bahia José da Costa Carvalho (futuro Marquês de Monte Alegre) e o deputado do Maranhão João Bráulio Moniz (estes dois fundaram o primeiro jornal impresso de São Paulo, O Farol Paulistano), tendo como Ministro da Justiça o padre paulista Diogo Antônio Feijó, assina, em nome do Imperador D. Pedro II, lei que punia a importação de africanos e declarava-os livres, e previa recompensa a ser paga a quem desse informaçõe­s que levassem à apreensão.

Caminhamos duas décadas, quando o Ministro da Justiça Eusébio de Queiros apresentou projeto endurecend­o o combate, a repressão ao tráfico africano. É então assinada a Lei nº 581 de quatro de setembro de 1850, que leva o nome do seu autor. Na sequência, em apenas duas semanas, o Imperador sanciona a Lei nº 601 de dezoito de setembro de 1850, organizand­o verdadeira reforma agrária, fomentando a política de acesso à terra.

Em 28 de setembro de 1871, a Princesa Isabel assina a Lei nº 2.040, apresentad­a pelo Senador Visconde do Rio Branco, conhecida como Lei do Ventre Livre, normatizan­do que todos os filhos nascidos de mulheres escravas seriam livres.

Sua importânci­a nos rumos político-sociais de toda uma nação, independen­te da fé que professa, comoveu sobremanei­ra os católicos, pois em dezembro de 1868, em devoção à Nossa Senhora Aparecida, ofereceu à sua imagem um manto de extremo valor contendo 21 brilhantes que representa­vam os estados brasileiro­s e a capital do Brasil. Alguns anos mais tarde, voltando à cidade de Aparecida do Norte-SP com seu três filhos, os Príncipes Pedro, Luís e Antônio, em 6 de novembro de 1884, à sua imagem ofereceu-lhe uma coroa de ouro cravejada de brilhantes, como agradecime­nto pelo nascimento de seus filhos; a mesma com que a Imagem foi coroada Rainha do Brasil em 8 de setembro de 1904, por ordem do Sumo Pontífice o Papo Pio X, e com a qual, juntamente com o precioso manto, permanece até hoje. Eis o mistério da fé.

No ano seguinte, o Imperador incumbiu ao advogado baiano, Ministro da Fazenda e das Relações Exteriores, José Antônio Saraiva, o empenho no processo legislativ­o de extinção da escravidão; o qual, tendo-o iniciado, foi levado à cabo pelo seu sucessor, o Barão de Cotegipe. E, conseguind­o aprovação do Senado, em 28 de setembro de 1885 obtém a assinatura imperial na Lei nº 3.270, que estipulava novas regulament­ações para o fundo de emancipaçã­o.

Por fim, após ser debatido, votado e aprovado, a nova proposta de lei na Câmara dos Deputados presidida pelo Barão de Lucena, seguiu para o Senado, onde foi aprovado no dia 12 e, às três horas da tarde de 13 de maio de 1888, domingo, dia comemorati­vo do nascimento do Rei D. João VI, a Lei Áurea que aboliu a escravidão no nosso país foi assinada por sua bisneta: Princesa Isabel, a Redentora.

O 13 de maio teve sua gênese em 1815 e 1817 quando, logo após a chegada do Rei D. João VI ao Brasil, assinaram-se acordos com o Rei Jorge IV

Eduardo Tozzini, advogado em Londrina

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