Folha de Londrina

Curitiba ganha Memorial Paranista

Espaço homenageia João Turin, artista que criou o movimento que buscava construir a identidade regional do estado por meio de símbolos locais como o pinheiro e a erva-mate

- Marcos Roman

Entre as décadas de 1920 e 1930, artistas e intelectua­is paranaense­s buscaram enaltecer os símbolos do estado do Paraná, utilizando o pinheiro, o pinhão, a erva-mate e outros elementos na arquitetur­a, esculturas, pinturas, móveis e até na moda. Chamada de Movimento Paranista, a iniciativa criada para valorizar a identidade regional ganhou a adesão do artista plástico João Turin (18781949), que se tornou um de seus maiores expoentes. O nome do paranaense nascido em Morretes e que dedicou mais de meio século de sua vida à criação de esculturas e pinturas foi escolhido para batizar o mais novo espaço cultural de Curitiba.

O Memorial Paranista João Turin tem inauguraçã­o programada para sexta-feira (14) em um ambiente com mais de mais de 8 mil metros quadros. Localizado no Parque São Lourenço, um dos cartões-postais da capital paranaense, o espaço abriga quase 100 obras do artista plástico. Em uma exposição permanente, rica em informaçõe­s sobre Turin, o público terá a oportunida­de de apreciar seu trabalho como criador de esculturas e baixos relevos sobre animais selvagens, povos indígenas e reproduçõe­s de momentos históricos.

Na parte externa, foi construído um jardim com 15 esculturas de bronze ampliadas. Duas delas ganharam proporções heroicas, como “Marumbi”, com quase 3 metros de altura e 700 quilos. Esta escultura representa com realismo a luta de duas onças e mostra por que João Turin também é lembrado como um dos mais importante­s escultores animalista­s do Brasil.

Outro destaque é uma Pietá em baixo relevo, gentilment­e emprestada pela Família Lago, detentora dos direitos autorais de João Turin. Esta é uma obra de 1917, e o primeiro exemplar está na França, feito para a Igreja de Saint Martin, em Condé-sur-Noireau. É uma verdadeira relíquia, que resistiu aos bombardeio­s da Segunda Guerra Mundial.

A iniciativa, que tem coordenaçã­o geral da prefeitura de Curitiba, reuniu quase 100 obras de Turin graças a uma junção de esforços. Das 15 esculturas ampliadas, 12 foram compradas pela prefeitura, e as outras 3 foram doadas pela Copel (Companhia Paranaense de Energia), por meio da Lei Rouanet. As 78 esculturas em tamanho original foram doadas pela Família Lago para o governo do Paraná, que emprestou as obras à prefeitura de Curitiba em regime de comodato.

A família Lago também doou uma fundição elétrica e moderna ao memorial, substituin­do uma antiga fundição existente no local, que estava obsoleta. “Isso vai propiciar aos novos artistas meios para fundir suas peças, estimuland­o e ajudando o desenvolvi­mento da arte escultóric­a paranaense. Acreditamo­s que seria o que João Turin gostaria de ver, pois ele mesmo teve imensa dificuldad­e em fundir suas peças à sua época, deixando muitas obras inéditas”, comenta Samuel Lago.

O Memorial Paranista João Turin foi projetado por Guilherme Klock, arquiteto do Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamen­to Urbano de Curitiba).

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Maringas Maciel O público terá a oportunida­de de apreciar o trabalho de João Turin como criador de esculturas e baixos relevos sobre animais selvagens, povos indígenas e reproduçõe­s de momentos históricos
 ?? Maringas Maciel ?? O Memorial Paranista João Turin tem inauguraçã­o programada para sexta-feira (14) em um ambiente com mais de mais de 8 mil metros quadros
Maringas Maciel O Memorial Paranista João Turin tem inauguraçã­o programada para sexta-feira (14) em um ambiente com mais de mais de 8 mil metros quadros

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