Confronto entre Hamas e Israel deixa mais de 50 mortos
Ação de grupo islâmico é “resposta” à destruição de prédio de 13 andares no centro de Gaza
- O confronto entre Hamas e Israel teve sequência nesta quarta-feira (12), com novos bombardeios aéreos israelenses na Faixa de Gaza, de onde, nos últimos dois dias, o grupo islâmico lançou uma onda de foguetes contra cidades israelenses, incluindo a capital econômica Tel Aviv.
Ao menos 59 pessoas morreram desde segunda-feira (10) 53 em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, e seis em Israel, de acordo com autoridades médicas israelenses.
Nesta quarta, Israel realizou centenas de ataques aéreos em Gaza e disse que sua ofensiva matou ao menos 16 líderes de inteligência e membros da ala militar do Hamas, como parte de uma nova e extensa série de operações contra membros do alto escalão da facção considerada terrorista. Os aviões de guerra teriam mirado ainda locais que os militares disseram ser pontos de lançamento de foguetes, além de escritórios e residências de outras lideranças do grupo islâmico.
“Este é apenas o começo. Vamos atingi-los como nunca sonharam ser possível”, disse o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, em um comunicado.
O Hamas confirmou, “com orgulho, coragem e desafio” a morte de Bassem Issa, um de seus comandantes, e disse que as baixas no alto escalão não os acovardarão. Pelo contrário, o grupo disse que milhares de líderes e soldados seguirão os passos dos comandantes mortos e se referiu aos “líderes martirizados” como “combustível para nosso projeto de libertar nossa terra”.
Os militantes islâmicos disseram ter disparado ao menos 220 foguetes contra as cidades de Tel Aviv e Berseba durante a noite de terça e madrugada de quarta. A operação aconteceu em resposta à destruição de um prédio de 13 andares no centro de Gaza, no qual as principais figuras do Hamas mantinham escritórios.
De acordo com testemunhas, o edifício havia sido evacuado cerca de uma hora antes do ataque, mas o grupo não deixou claro se houve vítimas. O Hamas também relatou a destruição da sede da polícia palestina e de um prédio de nove andares no centro da cidade que abrigava residências, lojas e uma televisão local.
“Israel enlouqueceu”, disse à agência de notícias Reuters um homem em uma rua de Gaza, onde as pessoas saíram correndo de suas casas para tentar se proteger das explosões. Em Tel Aviv, também houve correria e moradores insones que buscavam segurança em abrigos antiaéreos públicos ou em espaços de paredes reforçadas obrigatórios em todas as construções desde 1991.
Imagens publicadas nas redes sociais mostraram o céu de Tel Aviv repleto de mísseis sendo interceptados pelo sistema de defesa israelense, ao som de sirenes que serviam de alerta para os moradores. Não fosse o potencial letal dos foguetes, o brilho e o movimento dos projéteis se assemelhariam ao de estrelas cadentes.
“As crianças escaparam do coronavírus e, agora, [enfrentam] um novo trauma”, disse a uma emissora de TV local uma mulher israelense na cidade de Ashkelon, também alvo dos disparos do Hamas.
A sensação de insegurança também se espalhou por outras cidades do país. Em Lod, por exemplo, o prefeito disse estar à beira de uma guerra civil e decretou estado de emergência. Cidades como Haifa, Jafa e Nazaré também tem sido palco de manifestações da população árabe, em apoio à causa palestina, e a polícia prendeu dezenas de pessoas.
De acordo com o ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz, o clima de guerra deve se prolongar pelos próximos dias. “Os militares israelenses continuarão atacando e proporcionarão um silêncio total e duradouro”, disse Gantz, em uma entrevista coletiva nesta quarta.