Folha de Londrina

Nove em cada 10 criticam novo auxílio e maioria diz faltar dinheiro

Nova rodada do auxílio, prevista para o período entre abril e agosto, é considera insuficien­te por 87% dos brasileiro­s maiores de 16 anos

- Fernando Canzian

São Paulo - Quase nove entre cada dez brasileiro­s avaliam que o valor do novo auxílio emergencia­l pago pelo governo federal é insuficien­te, segundo pesquisa Datafolha realizada nesta semana, entre 11 e 12 de maio.

Significat­ivamente menor na comparação com o que foi disponibil­izado em 2020, a nova rodada do auxílio, prevista para o período entre abril e agosto, é considera insuficien­te por 87% dos brasileiro­s maiores de 16 anos.

O novo auxílio pagará entre R$ 150 e R$ 375 a 45,6 milhões de beneficiár­ios. O gasto total previsto é de R$ 44 bilhões, equivalent­e a apenas 15% do que foi desembolsa­do em 2020.

Iniciada somente após o trimestre mais letal da pandemia da Covid-19 no Brasil, entre janeiro e março deste ano, a nova rodada é considerad­a satisfatór­ia por apenas 10% da população -outros 3% acham o montante mais do que suficiente.

No ano passado, o auxílio emergencia­l vigorou entre abril e dezembro, somando R$ 293 bilhões destinados a 66 milhões de brasileiro­s. As parcelas iniciais foram de R$ 600, depois reduzidas a R$ 300.

Entre os que receberam o auxílio em 2020, quase 90% consideram o valor deste ano insuficien­te. Segundo o Datafolha, menos da metade (49%) dos beneficiár­ios no ano passado o fizeram neste ano.

Economista­s das áreas de renda e desigualda­de consideram que o governo exagerou na dose do auxílio emergencia­l em 2020 e acabou sem munição neste ano -marcado por nova onda de infecções e mortes e pela falta de vacinas que poderiam permitir o retorno pleno da atividade econômica.

A análise é reforçada por dois indicadore­s. O primeiro é a captação líquida da poupança, que atingiu R$ 166,3 bilhões em 2020, a maior da série histórica do Banco Central. O segundo é a inflação, sobretudo de alimentos, que disparou no ano passado e seguiu alta neste primeiro trimestre, indicando uma elevação de preços decorrente do maior volume de moeda em circulação.

Com o fim abrupto, no início deste ano, do auxílio emergencia­l robusto de 2020, o efeito sobre os mais pobres foi imediato. Houve súbito aumento da taxa de pobreza e o encolhimen­to da chamada classe C.

Segundo dados da FGV Social, o Brasil tem hoje 35 milhões de pessoas na pobreza extrema, ou 16% da população vivendo com menos de R$ 246 ao mês. Em 2019, eles somavam 24 milhões, ou 11% do total.

Desde agosto do ano passado, ápice do pagamento do auxílio emergencia­l, quase 32 milhões de pessoas deixaram a classe C (renda domiciliar entre R$ 1.926 e R$ 8.303) em direção às D/E ou à miséria.

O Datafolha também aferiu que 55% dos brasileiro­s consideram insuficien­te ou muito pouco o que eles e seus familiares ganham atualmente para sobreviver.

O percentual salta a 71% entre aqueles com renda familiar mensal até dois salários mínimos (R$ 2.200) -e que constituem a maioria (57%) das famílias brasileira­s, segundo o perfil da amostra do Datafolha.

Dados da pesquisa também permitem inferir que a popularida­de do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pode estar sendo abalada pela substituiç­ão de um auxílio emergencia­l mais robusto em 2020 por valores considerad­os insuficien­tes agora pela imensa maioria dos brasileiro­s.

Em agosto do ano passado, no auge do pagamento do auxílio emergencia­l, a aprovação ao seu governo atingiu 37%, melhor taxa desde o início do mandato. Na pesquisa desta semana, seu índice de ótimo/bom recuou a 24%, a pior marca.

Além de estar pagando um auxílio menor, Bolsonaro enfrenta uma Comissão Parlamenta­r de Inquérito para apurar sua responsabi­lidade nas cerca de 430 mil mortes pela Covid-19 no país e uma recuperaçã­o econômica medíocre.

 ?? Gustavo Carneiro ?? O novo auxílio pagará entre R$ 150 e R$ 375 a 45,6 milhões de beneficiár­ios. O gasto total previsto é de R$ 44 bilhões, equivalent­e a apenas 15% do que foi desembolsa­do em 2020
Gustavo Carneiro O novo auxílio pagará entre R$ 150 e R$ 375 a 45,6 milhões de beneficiár­ios. O gasto total previsto é de R$ 44 bilhões, equivalent­e a apenas 15% do que foi desembolsa­do em 2020

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil