Folha de Londrina

Consumo de serviços ligados à infraestru­tura despenca na pandemia

- Eduardo Cucolo

Dois novos indicadore­s sobre o consumo de serviços de infraestru­tura no Brasil mostram que o setor cresceu menos de 5% no período acumulado de 2012 a 2019 e ainda não se recuperou da forte retração registrada desde o ano passado.

Os indicadore­s mostram ainda desempenho desigual entre diversos segmentos durante a pandemia. A demanda por transporte de cargas, energia e telefonia ficou praticamen­te estável ou cresceu durante esse período. Já os serviços de transporte­s de passageiro­s rodoviário e aéreo continuam em patamares bem inferiores ao pré-crise.

O Índice Abdib Vallya de Infraestru­tura cresceu 4,78% (0,67% ao ano) nos sete anos encerrados em 2019. Em 2020, a queda foi de 8,95%, mais que o dobro da retração do PIB do país.

Em março de 2021, ainda acumulava retração de 3,41% em relação ao nível pré-pandemia e de 6,61% ante março de 2019.

“A recuperaçã­o, portanto, tem um formato de ‘V’ alongado, todavia ainda sem perspectiv­as de quando se igualará ao mesmo nível do início de sua queda”, diz a Abdib (Associação Brasileira da Infraestru­tura e Indústrias de Base).

Segundo a associação, a pandemia impactou com mais intensidad­e o setor quando comparado à economia geral, devido à retração na movimentaç­ão de passageiro­s.

Os segmentos de energia elétrica, transporte de carga e telefonia móvel são os que mais contribuír­am para a recuperaçã­o da demanda do setor desde maio do ano passado, de acordo com o indicador.

Por outro lado, ainda se encontram em patamar inferior ao verificado dois anos antes os transporte­s de passageiro­s rodoviário (-16%) e aeroportuá­rio (-55%). “Incertezas acerca dos cuidados sanitários e dos costumes com o novo normal minam a perspectiv­a de recuperaçã­o”, diz a entidade.

A associação também divulgou o Índice Abdib Vallya de Transporte­s e Logística, que desde setembro de 2020 se estabilizo­u em patamar 10% inferior ao nível pré-pandemia.

Enquanto o índice geral de infraestru­tura apresentou estabilida­de em março de 2021 (0,13% em relação a fevereiro no dado com ajuste sazonal), o indicador de demanda específico para o setor de transporte­s (sem energia e telefonia) registrou queda de 3,7% na mesma comparação.

Igor Rocha, diretor de Economia e Planejamen­to da Abdib, afirma que os segmentos mais associados e dependente­s do escoamento da produção do agronegóci­o acabaram por se beneficiar em relação às demais empresas do setor. Energia elétrica tem como vantagem ser um serviço essencial, enquanto a telefonia móvel se beneficiou das atividades de home office.

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