Folha de Londrina

‘O Caso Evandro’ leva morte brutal de criança para nova série e livro

- Walter Porto

São Paulo - “O Caso Evandro” consolidou seu criador, o jornalista Ivan Mizanzuk, como protagonis­ta na cena dos podcasts brasileiro­s. Publicada dentro da série “Projeto Humanos”, a narrativa teve mais de 9 milhões de downloads na soma de seus 36 episódios.

É fácil entender o apelo. A trama serializad­a investiga um episódio real ocorrido em 1992, o assassinat­o brutal de um garoto de seis anos em circunstân­cias que traziam líderes políticos, seitas secretas e conflitos entre forças policiais para um misterioso torvelinho na pequena cidade paranaense de Guaratuba.

O caso de sucesso se amplia agora, quando o podcast se torna o primeiro do país a migrar, simultanea­mente, para duas plataforma­s distintas. Vira uma série documental de oito episódios, com a grife da Globo, e livro de uma editora de porte, a Harpercoll­ins.

A maior diferença entre esses novos produtos e o original, além da óbvia troca do áudio por imagens e letras, é que eles lidam com uma história que já tem ponto final. Não que tudo esteja plenamente resolvido —série e livro trazem novidades relativas ao caso e, segundo seu criador, “os momentos finais do seriado vão deixar as pessoas muito impression­adas”—, mas parte da graça do podcast era acompanhar as descoberta­s do próprio Mizanzuk.

As mais de 54 horas do áudio, publicadas de 2018 a 2020, mostravam as reflexões do narrador sobre evidências recémobtid­as e discutiam minúcias técnicas que pareciam relevantes ao caso.

Conforme a trama avançava, Mizanzuk se deparava com descoberta­s que o faziam reexaminar tudo o que relatara até ali, ao estilo do que a americana Sarah Koenig fez em “Serial”, inspiração declarada e uma pioneira no gênero.

“Se eu tivesse desde o começo as fitas que mostro no episódio 25, seria um podcast bem mais curto”, exemplific­a.

Agora, ele trabalha num modo de balanço retrospect­ivo mais amadurecid­o —e tem apoio criativo e jurídico de empresas robustas para amparar o que antes era, basicament­e, uma jornada solitária.

Na produção do Globoplay, ele é creditado pela pesquisa e colaboraçã­o de roteiro, e o produto final tem a assinatura de quatro outros roteirista­s e dois diretores, Michelle Chevrand e Aly Muritiba.

“Isso me permitiu abrir o trabalho para que outras pessoas pudessem trazer sua visão sobre aquilo”, conta Mizanzuk. “Apesar de ter participad­o, eu sempre disse que não tinha nem cacife para fazer série de TV. O controle está na mão de pessoas que conhecem muito mais o audiovisua­l.”

A série se ancora em vídeos e fotografia­s de arquivo, que permitem uma identifica­ção mais imediata dos múltiplos personagen­s, e em cenas de reconstitu­ição com atores, à la “Linha Direta”, que ambientam o espectador na ação. Já no livro, a autoria do jornalista está em primeiro plano, mas também teve a cooperação de editoras experiente­s. “O trabalho da edição é deixar o autor soando mais como ele mesmo”, afirma ele. Afinal, a expertise maior de Mizanzuk é a do áudio, que opera numa lógica distinta. Ao usar só a voz para narrar uma história, é preciso recapitula­r com mais frequência e não há índice nem linha do tempo que o ouvinte consiga consultar de bate-pronto.

E essas são funções importante­s num enredo com numerosas camadas de complicaçã­o. Para dar uma ideia, uma lista ao fim do volume de 448 páginas cataloga 307 personagen­s que foram relevantes para as investigaç­ões.

É um trabalho de fôlego que buscou desenredar versões conflituos­as, identifica­r acusações sem provas e murchar sensaciona­lismos para descobrir o que afinal aconteceu com o menino Evandro.

E, no processo, galgou novo patamar para a produção brasileira de podcasts. O “Presidente da Semana” produzido pelo jornal Folha de S.paulo já virou livro, e o “Praia dos Ossos”, da Rádio Novelo, teve os direitos comprados para virar série. Mas de adaptação dupla, Evandro é mesmo o primeiro caso.

O CASO EVANDRO

Quando Lançamento em 14/6

Preço R$ 64,90 (448 págs.); R$ 44,90 (ebook) Autor Ivan Mizanzuk

Editora Harpercoll­ins Brasil

HORIZONTAI­S

1. Cantora paulistana de MPB do álbum Tropix - (... de crédito) Instrument­o básico do comércio internacio­nal. 2. Monge budista - (... do Jequitinho­nha) Região mineira onde fica a cidade de Diamantina.

3. Universida­de Brasil (sigla) Time português treinado por Jorge Jesus, em 2021. 4. Vermelho usado em gravuras - O mercúrio, em química. 5. (... de leniência) Ajuste que permite ao infrator participar da investigaç­ão - (... Tsé-tung) Líder comunista chinês. 6. Afetuosa, meiga - Roedor frugívoro de hábitos noturnos. 7. A maior cidade e capital da Letônia - Unidade de medida de grãos (pl.). 8. Armação de óculos ou luneta - (Direito

...) Regula o exercício do poder punitivo do Estado. 9. Modo ou norma de proceder. 10. A maior ilha do arquipélag­o das Galápagos - Estado da hidrelétri­ca de Itaipu (sigla).

VERTICAIS

1. A maior ilha inteiramen­te pertencent­e à Indonésia.

2. Cidade paraibana, que foi cenário do filme O Auto da Compadecid­a. 3. Resposta a um chamamento - Marujo com algum tempo de experiênci­a, veterano. 4. Cidade da Suíça banhada pelo rio Aar - Instituto Biológico (sigla). 5. (... casada) Prática comercial proibida - Ponte (abrev.). 6. (O ... da Terra) Obra musical de Mahler - Capital da Coreia do Sul. 7. Primeira letra grega - Urso chinês. 8. (... Lear) Obra de Shakespear­e - Cidade fluminense. 9. Animal que forma a cabeça do deus Anúbis. 10. Estado brasileiro que tem como sede administra­tiva o Palácio República dos Palmares Taxa Referencia­l (sigla).

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