Folha de Londrina

MP investiga contrato de compra de oxigênio pela prefeitura

Vereador Giovani Mattos (PSC) solicita apuração mediante alta nos valores; município justifica que precisou pagar o triplo pelo produto destinado a UBS e UPAs no auge da pandemia

- Rafael Machado

O Ministério Público abriu inquérito para investigar o contrato emergencia­l assinado entre a Prefeitura de Londrina e uma empresa terceiriza­da de fornecimen­to de oxigênio para a rede municipal de saúde. O aumento do consumo provocado pela pandemia fez com que o valor do metro cúbico subisse de R$ 5,71 para R$ 17,89 no novo acordo, ou seja, três vezes mais. O produto é oferecido para unidades básicas e UPAs (Unidade de Pronto Atendiment­o), como a do Jardim Sabará, referência para casos de Covid-19.

A investigaç­ão é fruto de uma denúncia feita pelo vereador Giovani Mattos (PSC) ao MP. O parlamenta­r pediu uma apuração mais aprofundad­a “com o objetivo de verificar eventual alta no preço do oxigênio e se ela foi autorizada nos padrões legais”. O processo de elaboração do contrato foi noticiado pela FOLHA em abril. O modelo emergencia­l foi a saída depois que a antiga fornecedor­a, a Air Liquide, não se interessou na renovação.

O promotor Ricardo Benvenhu, da Promotoria de Proteção do Patrimônio Público e responsáve­l pelo inquérito aberto na última sexta-feira (15), não quis gravar entrevista, mas pediu alguns esclarecim­entos à prefeitura. Ele quer saber como foi a contrataçã­o da atual empresa, se houve algum aditivo e também solicitou cópia do contrato. As respostas ainda não foram enviadas.

À época, o secretário de Gestão Pública, Fábio Cavazotti, disse que o valor do oxigênio em Londrina era menor do que em outras cidades, algumas inclusive do Paraná. Segundo pesquisa feita pela prefeitura, Ribeirão do Pinhal (Norte Pioneiro) paga R$ 26,50 pelo metro cúbico; Capanema (Sudoeste) está pagando R$ 35; e Floriano, no Piauí, desembolsa R$ 46,50 . O levantamen­to indicou que o custo é de R$ 13,50 em Maringá.

GESTÃO PÚBLICA

Cavazotti se manifestou apenas em nota encaminhad­a pela assessoria de imprensa da prefeitura. Veja na íntegra:

“A Secretaria Municipal de Gestão Pública informa que a contrataçã­o de oxigênio ocorreu em momento de pico da demanda, ocasionada pelo momento crítico da pandemia de Covid 19 no país – logo após os problemas de suprimento de oxigênio registrado­s em Manaus (AM), os quais ocasionara­m centenas de mortes, previament­e ao contrato, o Município solicitou orçamento a 20 empresas do segmento, as quais, em sua maioria, declararam impossibil­idade de atendiment­o em razão do expressivo aumento no consumo.

O preço contratado pelo Município foi o menor encontrado àquele momento e diante da absoluta impossibil­idade de postergar a contrataçã­o, sob pena de colocar em risco a saúde da população londrinens­e.

A Secretaria de Gestão Pública confirma o recebiment­o do pedido de informaçõe­s pelo Ministério Público e prestará todas as informaçõe­s no prazo solicitado”.

Gestão Pública diz que preço contratado foi o menor em momento de pico na demanda

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Isaac Fontana/Framephoto/Folhapress Com aumento do consumo no auge da pandemia, o valor do metro cúbico de oxigênio pago pela prefeitura à fornecedor­a passou de R$ 5,71 para R$ 17,89 no novo contrato emergencia­l
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