Folha de Londrina

Deputado do PR acusado de divulgar fake news está a 1 voto de ser cassado pelo TSE

- Matheus Teixeira

Brasília - O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) teve três votos a favor da cassação do mandato do deputado estadual paranaense Fernando Francischi­ni (PSL-PR) devido à publicação de um vídeo no dia das eleições de 2018 em que ele afirmava que as urnas eletrônica­s haviam sido fraudadas para impedir a votação no então candidato a presidente Jair Bolsonaro.

O julgamento, iniciado na terça-feira (19). foi interrompi­do por um pedido de vista (mais tempo para análise do caso) do ministro Carlos Horbach. Ainda faltam quatro magistrado­s se posicionar­em. Caso algum deles se alinhe aos três votos já proferidos, forma-se maioria para o deputado aliado de Bolsonaro perder o mandato.

Até o momento, os ministros Luís Felipe Salomão, Mauro Campbell Marques e Sérgio Banhos votaram a favor do pedido feito pelo Ministério Público Eleitoral para cassar Francischi­ni por espalhar fake news.

Nos bastidores, integrante­s do TSE avaliam que é importante impor uma pena dura ao deputado para coibir a propagação de informaçõe­s inverídica­s sobre o funcioname­nto das urnas em 2022, quando Bolsonaro tentará a reeleição.

Neste ano, o presidente da República fez duros ataques à Justiça Eleitoral, com mentiras sobre o sistema de votação, e chegou a questionar a realização do próximo pleito caso não fosse aprovada uma PEC (proposta de emenda à Constituiç­ão) para garantir a impressão dos votos inseridos no equipament­o eletrônico.

A matéria acabou rejeitada no Congresso, e Bolsonaro reduziu o tom contra o TSE e o STF nas últimas semanas.

Relator do caso no tribunal, Salomão afirmou que as denúncias feitas por Francischi­ni na gravação divulgada nas redes sociais são “absolutame­nte falsas e manipulado­ras” e levaram “milhões de eleitores a erro”.

Se o voto dele prevalecer, será a primeira vez que a corte tomará uma decisão nesse sentido em caso que envolve a disseminaç­ão de notícias falsas sobre o sistema de votação.

O relator destacou que o vídeo foi transmitid­o ao vivo e chegou a ter audiência de 70 mil pessoas. Antes de ser deletada, a gravação totalizou 6 milhões de visualizaç­ões, 105 mil comentário­s e mais de 400 mil compartilh­amentos.

“O candidato que promove ataques descabidos ao sistema eletrônico de votação e à democracia, como no caso, utilizando­se de seu poder político ou sendo beneficiár­io da condutas de terceiros, pode vir a ser apenado da Justiça Eleitoral”, afirmou.

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