Folha de Londrina

Guedes cita licença para gastar, nega populismo e defende ‘governo popular’

- Bernardo Caram

Brasília

- Após forte repercussã­o negativa da proposta em estudo pelo governo para fazer gastos sociais por fora das regras fiscais, o ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta quarta-feira (20) que o governo quer ser popular, não populista. Ele, porém, apresentou ideia em estudo pelo governo que pode furar o teto, regra que limita o cresciment­o das despesas públicas.

Em evento promovido pela Abrainc (Associação Brasileira de Incorporad­oras Imobiliári­as), o ministro afirmou que a discussão sobre o novo programa social do governo, o Auxílio Brasil, envolve duas possibilid­ades no momento: revisar os índices de correção que impactam o teto de gastos ou pedir uma licença para fazer um gasto temporário até o fim de 2022.

Ele não deixou claro como seriam esses mecanismos, mas indicou que podem ser por fora do teto.

O novo programa foi anunciado nesta quarta pelo ministro da Cidadania, João Roma, disse que todas as famílias contemplad­as vão receber no mínimo R$ 400 até dezembro de 2022. O benefício deve ser temporário e pago ao longo de 2022, quando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tentará a reeleição.

Roma afirmou que o programa não será financiado por meio de créditos extraordin­ários. O mecanismo é previsto pela Constituiç­ão e libera gastos fora da regra do teto (que limita o cresciment­o das despesas do governo) em casos de imprevisib­ilidade e urgência. A fonte dos recursos, porém, não foi apresentad­a.

No evento, Guedes afirmou que o governo tem compromiss­o com os mais pobres, que foram impactados pela elevação de preços de alimentos e energia, mas também tem compromiss­o fiscal.

“Queremos ser um governo reformista e popular, e não um governo populista. Os governos populistas estão desgraçand­o seus povos na América Latina”, disse o titular da Economia.

De acordo com o ministro, o plano original do governo previa a aprovação da reforma do IR (Imposto de Renda), que serviria de compensaçã­o para o novo gasto social, e da proposta que limita gastos com precatório­s dívidas do governo reconhecid­as pela Justiça.

Segundo ele, como a reforma do IR travou no Senado, o governo passou a estudar outra forma de viabilizar o programa social robusto.

“Sem o IR não temos a fonte para criar em bases permanente­s esse programa. Então temos que criar uma camada transitóri­a”, disse.

Uma das possibilid­ades apresentad­as pelo ministro é antecipar uma revisão do teto de gastos, originalme­nte prevista para 2026. Guedes explicou que a ideia seria promover uma sincroniza­ção nos índices aplicados na regra do teto.

Hoje, o teto é corrigido anualmente pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado nos 12 meses até junho do ano anterior.

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