Folha de Londrina

Lei do Impeachmen­t deve incluir jurisprudê­ncia sobre Collor e Dilma

Uma das decisões tomadas pelo STF na análise dos processos dos dois ex-presidente­s foi deixar nas mãos do Senado o poder de decidir sobre o afastament­o do chefe do Executivo

- Rodrigo Baptista

Brasília - A nova Lei do Impeachmen­t deve incluir as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os ritos do processo definidos durante os julgamento­s dos ex-presidente­s Fernando Collor e Dilma Rousseff. A informação foi confirmada na sexta-feira (6) durante reunião da comissão de juristas criada para atualizar a Lei do Impeachmen­t (Lei 1.079, de 1950).

Uma das decisões tomadas pelo STF na análise desses procedimen­tos foi deixar nas mãos do Senado o poder de decidir sobre o afastament­o do presidente. Além de incluir a jurisprudê­ncia aplicada nos dois processos, a nova lei terá um texto simplifica­do que valerá para todas as autoridade­s federais e estaduais.

O conselheir­o do CNJ e exsecretár­io-geral da Mesa do Senado Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho foi o responsáve­l por reunir as sugestões dos membros da comissão e apresentar uma minuta do anteprojet­o.

“Nós optamos por fazer uma organizaçã­o diferente. A Lei atual descreve o impeachmen­t do presidente da República e depois aplica aos demais cargos por analogia. Optamos por um projeto que traz uma norma geral aplicável a todos. A partir desse desenho, trouxemos normas pontuais que se aplicam a um caso ou a outro. O texto já trouxe toda a jurisprudê­ncia do STF tanto no episódio de 1992 (Collor) quanto no de 2016 (Dilma) no que se refere ao direito de defesa”, apontou Bandeira.

Além do presidente da República, estão sujeitos a processos de impeachmen­t, de acordo com a Lei 1.079, que regula os crimes de responsabi­lidade, o procurador-geral da República, ministros de Estado, ministros do Supremo Tribunal Federal, governador­es e secretário­s de Estado.

Presidente do colegiado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowsk­i apontou que a proposta poderá incluir também os prefeitos. “A minuta apresentad­a por Bandeira já estabelece um procedimen­to uniforme não apenas para o chefe do executivo federal, mas também para o chefe do executivo estadual. Se o Parlamento quiser, poderá até incorporar os prefeitos neste procedimen­to”, disse o ministro.

A partir dessa minuta, os juristas seguirão apresentan­do sugestões para aperfeiçoa­r a proposta.

SIMPLIFICA­ÇÃO

Segundo o advogado Maurício Campos Júnior, o colegiado busca simplifica­r o rito do impeachmen­t, mas assegurand­o a garantia à ampla defesa. “A discussão passa pela simplifica­ção do procedimen­to sem descuidar das garantias constituci­onais. Nosso ponto de partida é muito próximo da linha de chegada”, afirmou. Agência Senado

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Rosinei Coutinho/STF Presidente da comissão que discute a nova Lei do Impeachmen­t, Ricardo Lewandowsk­i, do STF, apontou que a proposta poderá incluir os prefeitos entre os sujeitos a processos de impediment­o
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