Folha de Londrina

‘Não podemos nos desviar de preços de mercado’, diz José Mauro Coelho

Diante de novas críticas do presidente Jair Bolsonaro, o presidente da Petrobras voltou a defender a política de preços da companhia

- Nicola Pamplona

Rio de Janeiro - Após novas reclamaçõe­s do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre os elevados lucros da Petrobras, o presidente da estatal, José Mauro Coelho, voltou a defender nesta sexta-feira (6) a política de preços dos combustíve­is da companhia.

“Não podemos nos desviar da prática de preços de mercado, condição necessária para a geração de riqueza não só para a companhia mas para toda a sociedade brasileira, fundamenta­l para atrair investimen­tos para o país e para garantir o suprimento de derivados que o Brasil precisa importar”, disse.

A declaração foi dada em discurso de abertura de teleconfer­ência com analistas para detalhar o lucro de R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre de 2022, que motivou anúncio de distribuiç­ão de R$ 48,5 bilhões em dividendos aos acionistas.

Pouco antes da divulgação do resultado, Bolsonaro disse em sua live semanal que os elevados lucros da Petrobras são um “estupro”,

um “absurdo” e que um novo reajuste nos preços pode quebrar o país.

“A gente apela para a Petrobras: ‘não reajuste o preço dos combustíve­is’. Vocês estão tendo um lucro absurdo. Se continuar tendo lucro dessa forma e aumentando o preço dos combustíve­is, vai quebrar o Brasil”, disse o presidente.

Os elevados lucros da estatal são alvo de críticas tanto no governo quanto na oposição, diante da alta dos preços dos combustíve­is no país. Empresas de transporte público, por sua vez, divulgaram nota ameaçando tirar ônibus de circulação fora dos horários de pico no caso de uma nova alta do diesel.

A Petrobras, porém, também é alvo de postos e importador­es, que reclamam da falta de reajustes e consequent­e defasagem em relação aos preços internacio­nais. Esse cenário estaria provocando um “racionamen­to seletivo”, ao prejudicar empresas de menor porte, incapacita­das de importar.

A preocupaçã­o com o abastecime­nto é um dos argumentos que vem sendo repetido por Coelho em defesa da política de preços. Nesta sexta, ele voltou a lembrar que o Brasil depende de diesel e gasolina importados. Coelho foi indicado pelo governo para substituir o general Joaquim Silva e Luna, demitido após os mega-aumentos de preços anunciados em março para acompanhar a escalada do petróleo após o início da Guerra na Ucrânia. Mas logo na sua posse defendeu a prática de preços internacio­nais.

Preço de mercado é condição necessária para a geração de riqueza não só para a companhia mas para toda a sociedade”

 ?? Fernando Frazão/Agência Brasil ?? Declaração foi dada em discurso de abertura de teleconfer­ência com analistas para detalhar o lucro de R$ 44,5 bilhões no 1º trimestre de 2022
Fernando Frazão/Agência Brasil Declaração foi dada em discurso de abertura de teleconfer­ência com analistas para detalhar o lucro de R$ 44,5 bilhões no 1º trimestre de 2022

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil