Rússia diz que não usará arma nuclear contra Ucrânia
O ex-presidente dos EUA, George W. Bush, comparou Zelensky a Churchill
São Paulo - O governo russo disse nesta sexta-feira (6) que não usará armas nucleares na Ucrânia. Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Alexei Zaitsev, o uso de armas nucleares por Moscou não era aplicável ao que chama de sua operação militar especial na Ucrânia.
Na quinta-feira (5), o presidente do Parlamento russo havia dito que a Rússia poderia considerar o uso de armas nucleares. “Consideramos apenas a possibilidade de responder [com um dispositivo nuclear] a um ataque direcionado”, disse Vyacheslav Volodin.
No final de fevereiro, a Rússia anunciou que estava colocando suas forças de dissuasão nuclear em alerta diante às “declarações agressivas” dos principais países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) devido à campanha militar russa, segundo Moscou, na Ucrânia.
A guerra da Rússia na Ucrânia chegou nesta sexta-feira (6) ao 72º dia com ataques ao território ucraniano. A Defesa da Ucrânia indicou que as forças russas continuam a disparar contra “áreas residenciais e subúrbios de Kharkiv”, segunda maior cidade do país. Várias regiões na faixa central da Ucrânia, incluindo Kiev, estão com alertas para a possibilidade de ataques aéreos.
A Rússia disse, em seu relatório ter atacado diversas áreas no leste ucraniano, em ações em que “até 280 nacionalistas [combatentes ucranianos] e 41 unidades de equipamento militar das Forças Armadas da Ucrânia foram destruídos”.
Para George W. Bush, que comandou os Estados Unidos entre 2001 e 2009, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, é “o Winston Churchill de nosso tempo”, em referência ao primeiroministro britânico no período da Segunda Guerra Mundial.
“Agradeci ao presidente por sua liderança, seu exemplo e seu compromisso com a liberdade e saudei a coragem do povo ucraniano”, disse na quinta-feira (5) o ex-presidente americano -que esteve à frente das invasões americanas ao Iraque e ao Afeganistão no início da década de 2000em referência a uma conversa que teve com o ucraniano.
No domingo (8), Zelensky irá participar de um encontro virtual do G7, grupo que reúne Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália e Japão.
O complexo Azovstal, onde civis estão refugiados e combatentes ucranianos fazem resistência na cidade portuária de Mariupol, é alvo de ataques. Segundo o Ministério da Defesa da Ucrânia, “em algumas áreas, com o apoio da aviação, [as forças russas] retomaram as operações de assalto para assumir o controle da usina”.
Um carro que iria retirar civis de Azovstal foi atingido, segundo o governo ucraniano. Ao menos uma pessoa morreu e outras seis ficaram feridas, de acordo com o Regimento Azov.
De acordo com o chefe de gabinete da Presidência da Ucrânia, Andriy Yermak, foi possível retirar cerca de 500 civis de Azovstal e da região de Mariupol. A Ucrânia continuará a fazer tudo para salvar todos os civis e militares.
Na quinta-feira (5), o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), que atua na organização de corredores para a evacuação de civis, disse esperar que a coordenação contínua com Rússia e Ucrânia leve “a mais pausas humanitárias para permitir a passagem segura de civis”.
Para a inteligência do Ministério de Defesa do Reino Unido, “o esforço renovado da Rússia para garantir Azovstal e completar a captura de Mariupol está provavelmente ligado às próximas comemorações do Dia da Vitória [em referência à Segunda Guerra],
em 9 de maio, e ao desejo de Putin de ter um sucesso simbólico na Ucrânia”.
Há a expectativa de que as forças russas tentem promover desfiles em cidades ocupadas na Ucrânia na próxima segunda-feira.
Aliados da Ucrânia, os britânicos disseram que “este esforço custou pessoal, equipamento e munições para a Rússia”. “Enquanto a resistência ucraniana continua em Azovstal, as perdas russas continuarão aumentando.”
O governo ucraniano emitiu, nesta sexta (6), um alerta para a possibilidade de ataques em 8 e 9 de maio. “Como as tropas russas não podem se gabar de conquistas significativas antes do Dia da Vitória, o risco de bombardeios maciços de cidades ucranianas está aumentando.”
Representantes do governo ucraniano afirmam que um toque de recolher está previsto para todo o país nos próximos dias em razão desse temor.
Oficialmente, não houve anúncio da medida até o momento. O prefeito de Kiev, Vitaliy Klitschko, porém, nega que haja possibilidade de restrição na região da capital.
Em Moscou, está previsto um discurso de Putin no desfile do Dia da Vitória, segundo o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov.
“O Dia da Vitória não é apenas um feriado. O Dia da Vitória para todos os russos, para quase todos os residentes do antigo território da União Soviética, é um dia sagrado”, disse Peskov.