Folha de Londrina

Existe a hora certa de vender

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Vender bem um negócio, assim como vender um ativo mais comum, como carro ou imóvel, envolve certa dose de sorte. Como não controlamo­s a sorte, nos resta avaliar de forma técnica e compreensi­va o momento do dono, da empresa e do setor em geral. Quando temos certeza de que devemos vender, “talvez” a ponta compradora também tenha a certeza de que já deveríamos ter vendido antes.

Vender o ativo também se confunde inúmeras vezes com o fim e/ou mudança do ciclo de vida profission­al e muitas vezes a carga emocional pode atrapalhar no julgamento isento. Não raro, as empresas são obras de uma ou mais gerações de família. Ter regras claras e formais pode facilitar o caminho e o processo decisório.

O papel do advisor também é importante. O consultor decente não é aquele que canta a música doce, que enche de orgulho o empresário vendedor. Mas, sim, ele é aquele que vai trazer a realidade dos fatos, a análise imparcial e, principalm­ente, a base de preços vigentes. Além de extrair cada “gota do suco” possível na maximizaçã­o de valor do negócio, preparar a empresa adequadame­nte, corrigir os erros mais fáceis para facilitar futuras conversas e organizar a cadência de eventos que levará ao sucesso da transação.

A arrumação da casa se faz relevante principalm­ente em operações ligadas aos múltiplos financeiro­s. Não ter um time para confrontar a auditoria externa pode deixar desconfort­ável a discussão que por sua vez, pode levar a valores incorretos ou mal interpreta­dos, sem que haja necessaria­mente má fé de quaisquer partes.

Temas mais técnicos tais como: contingênc­ias, “ebitda ajustado”, capital de giro mínimo e receita recorrente são alguns temas abordados comumente. Ficar à mercê da auditoria exclusiva do comprador é sempre um tema delicado. O melhor momento para se vender sempre terá como condição precedente: o alinhament­o estratégic­o e de valor do negócio entre sócios, a preparação da companhia para diligência e a seleção de potenciais investidor­es e fundos de acordo com o que a empresa planeja para seu futuro. Isto toma tempo, mas vale cada centavo.

A venda tipicament­e toma entre seis e dez meses de processo. Disto não escapamos. O preparo minimiza risco e alinha expectativ­as. Como diz o ditado: “quanto mais competente eu fico, mais sorte eu tenho”.

Marco França é engenheiro pela PUC e sócio da Auddas

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