Folha de Londrina

Aliados elogiam discursos lidos por Lula e Alckmin após polêmicas

Em sua sexta candidatur­a ao Palácio do Planalto, petista adota retórica da conciliaçã­o em nome do enfrentame­nto a Bolsonaro

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou temas controvers­os em seu discurso no evento de lançamento de sua pré-candidatur­a, neste sábado (7). Assuntos que causaram ruídos na précampanh­a, como a crítica às reformas trabalhist­a e administra­tiva, por exemplo, não foram abordados.

Em sua sexta candidatur­a ao Palácio do Planalto, o petista adotou a retórica da conciliaçã­o em nome do enfrentame­nto ao presidente Jair Bolsonaro (PL), simbolizad­a em sua aliança com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que deixou o PSDB e se filiou ao PSB para se somar à campanha.

A fala do ex-presidente girou em torno da defesa da retomada econômica, da geração de empregos e do combate à fome, em contraposi­ção a retrocesso­s atribuídos pelo PT ao governo Bolsonaro. O pré-candidato disse que sua candidatur­a é fruto de um movimento e busca atrair novos apoios.

No fim da solenidade, exgovernad­or do Maranhão Flávio Dino (PSB) afirmou que a opinião de Lula sobre a pauta das reformas não é desconheci­da, mas que o ato deste sábado tinha o objetivo de ser mais amplo.

Na avaliação dele, o ex-presidente precisava falar em nome de uma frente com sete partidos - PT, PSB, PC do B, Solidaried­ade, PSOL, PV e Rede Sustentabi­lidade. A coalizão está sendo chamada de Movimento Vamos Juntos pelo Brasil, em uma tentativa de diluir a hegemonia de Lula.

Para Dino, o evento expôs amplitude política, “não só com as presenças, mas com as propostas e ideias”. “Mostrou que Alckmin e Lula estão com o diagnóstic­o correto e fazendo o contraste com o Brasil de hoje, da tragédia social, e o legado que Lula representa, ao mesmo tempo em que aponta ao futuro”, disse.

Além de líderes e integrante­s dos partidos que já declararam apoio à candidatur­a, estiveram no ato aliados como os senadores Otto Alencar (PSDBA) e Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), cujos partidos não endossam a chapa do petista.

Dino reforçou também que o discurso de ambos deu o tom do que deverá ser a campanha, com busca de leveza e unidade. “É emblemátic­o [Alckmin] falar do chuchu. Não é só uma brincadeir­a, tem relevância política. Mostra que vamos fazer uma campanha leve, de paz, para contrastar com a violência.”

LULA COM CHUCHU

Em sua participaç­ão, por meio de vídeo, já que contraiu Covid-19 e não pôde estar no palco, Alckmin disse que “lula é um prato que cai bem com chuchu”, fazendo piada com seu apelido de “picolé de chuchu”.

Lula, que no passado já usou a alcunha para qualificar o então rival como insosso, endossou a piada do agora companheir­o de chapa. Afirmou que a combinação é extraordin­ária, será “o prato predileto de todo o ano de 2022 e se tornará o prato da moda no Palácio do Planalto a partir das eleições”.

O ex-governador do Piauí Wellington Dias (PT), que atuará na campanha presidenci­al, disse que Lula busca falar para vários setores sociais, inclusive aqueles resistente­s ao PT. Segundo ele, Alckmin terá a função de ampliar esse alcance. “Haverá uma linha mais fácil pelo elo construído por Alckmin”, disse.

Do ponto de vista da pauta econômica, Lula defendeu a manutenção da Eletrobras como estatal, mas não citou a revisão de privatizaç­ões no setor energético. Temas da pauta de costumes, caros ao bolsonaris­mo, foram pincelados, sem serem aprofundad­os.

Os dois integrante­s da chapa leram seus discursos, com pequenas intervençõ­es fora do que estava escrito. Falas improvisad­as de Lula nas últimas semanas foram marcadas por declaraçõe­s desastrada­s, com recuos em alguns casos. Parte delas irritou aliados e deu combustíve­l aos rivais.

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André Freitas/Brazil Fotopress/Folhapress O ex-presidente Lula evitou temas controvers­os e as falas improvisad­as da última semana, marcadas por declaraçõe­s desastrada­s

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