Folha de Londrina

Em Curitiba, Ciro diz que 50% do eleitorado não definiu seu candidato

Pré-candidato do PDT à presidênci­a e terceiro nas pesquisas, Ciro Gomes acredita que há espaço para crescer entre os descontent­es. Na capital paranaense, ele criticou Lula e Bolsonaro

- José Marcos Lopes Especial para a FOLHA

O pré-candidato do PDT à presidênci­a, Ciro Gomes, avalia que 50% do eleitorado brasileiro ainda não definiu seu candidato a presidente nas eleições de outubro e que há espaço para crescer entre os descontent­es. Para o ex-governador do Ceará, que esteve em Curitiba no último sábado (7) para seu primeiro evento oficial de pré-campanha, os indecisos e o voto baseado na rejeição a Jair Bolsonaro (PL) e a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definirão a eleição.

Terceiro colocado nas últimas pesquisas de intenção de voto, Ciro Gomes diz ver os números com naturalida­de neste momento. “Em maio de 2018, as pesquisas não diziam nada do que acabou acontecend­o. Ninguém dava um centavo furado pelo Bolsonaro”, disse. “Temos de oito a dez pesquisas todo mês, todas financiada­s pelo sistema financeiro, que quer confinar o debate ao redor de candidatos com o compromiss­o de manter o sistema econômico, em detrimento de uma economia que está indo pro vinagre”.

O grande desafio da campanha, disse Ciro, será convencer o eleitorado que ele é capaz de derrotar Lula e Bolsonaro. “O Bolsonaro acumula entre 20% e 25%, e o Lula entre 40% e 45%. Significa que 30% do eleitorado não está se rendendo à tal polarizaçã­o. Dos votos dados ao Lula, 17% têm como único objetivo derrotar o Bolsonaro. Do outro lado, 9% votam no Bolsonaro para o PT não voltar. Dá mais de 50% do eleitorado disponível para um esforço de convencime­nto”.

ALIANÇAS

O pedetista diz ter portas abertas para negociar apoios com o PSD, do ex-ministro Gilberto Kassab, e com o União Brasil, já que o PDT se aliou ao DEM nas eleições municipais de 2020 (o União é resultado da fusão entre DEM e PSL). “Esse entendimen­to tem raízes, não é de hoje. Mas isso vai depender dessa primeira etapa, de incrementa­r minha presença entre o povo e ter mais possibilid­ades”.

Um desafio é superar os cenários regionais. No Paraná, por exemplo, o PSD vai disputar a reeleição ao governo com Ratinho Júnior, um apoiador de Bolsonaro. “Vamos fazer essa costura. Eu não exijo que o PSD obrigue todos os seus quadros, o que eu preciso é um aliança nacional que respeite a realidade brasileira. No Paraná poderemos ter candidato próprio ao governo, se houver esse entediment­o”.

Para Ciro, entre os meses de junho e julho será possível voltar à mesa de negociação. “Temos essa possibilid­ade com o União, derivada dessa minha conversa antiga com o DEM. Combinamos de manter o diálogo. Eles querem olhar se o povo anuncia que eu sou viável. O que é normal. Em junho ou julho a gente se encontra”.

LULA-ALCKMIN

Ciro Gomes criticou duramente a chapa Lula-Alckmin e disse que o ex-governador de

São Paulo, hoje filiado ao PSB, seria o “homem da elite” para derrubar Lula caso um novo governo do PT venha a fracassar na área econômica. “Se juntar jabuti com arame farpado não nasce porco-espinho. PT e PSDB se acusavam de coisas graves, precisam dar uma satisfação para a gente que se estapeou na rua”, afirmou Ciro. “Se o Lula chegar lá imaginando que vai repetir aquele momento de picanha e cerveja, uma memória afetiva do que nunca aconteceu, derrubam o Lula, porque o homem da elite é o Alckmin”.

O presidenci­ável acusou Lula de usar a aliança com o ex-tucano para não precisar apresentar projetos ou dar explicaçõe­s. “Não tem projeto. A ideia do Lula é ganhar as eleições sem ter que explicar nada. Porque juntou o Alckmin, o homem do despejo do Pinheirinh­o (ocupação em São Paulo que foi desalojada em 2012) com o Guilherme Boulos, líder do MTST que promoveu a invasão de Pinheirinh­o”.

ELEIÇÕES EM RISCO

Ciro diz não ter dúvida de que Jair Bolsonaro tentará um golpe. “Não acredito que terá eficácia, mas que vai tentar eu também não tenho a menor dúvida. Temos elementos constrange­dores de um serviço de inteligênc­ia estrangeir­o. Eis no que estão tentando transforma­r a nossa pátria, em uma república de bananas. Se o serviço de inteligênc­ia americano (CIA) afirma que tem uma tentativa, serei eu que vou dizer que não?”, questionou.

Para o pedetista, Bolsonaro ataca o sistema eleitoral para tentar desviar a atenção e será preso caso tente uma ruptura institucio­nal. “A razão é distrair. Temos que estar armados institucio­nalmente, por enquanto apenas institucio­nalmente, para esconjurar a tentativa que o Bolsonaro vai fazer. Ele está querendo replicar o que o (Donald) Trump fez. E ele vai para a cadeia”.

Ciro Gomes esteve em Curitiba para participar da filiação do ex-deputado federal Ricardo Gomyde ao PDT. Participar­am da cerimônia, entre outros, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, o deputado federal Gustavo Fruet, o deputado estadual Goura Nataj, o ex-ministro Aldo Rebelo e o ex-deputado federal Neltron Friedrich.

“Se juntar jabuti com arame farpado não nasce porco-espinho”

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José Marcos Lopes Ciro Gomes e Gustavo Fruet, em Curitiba. Para o ex-governador do Ceará, os indecisos e o voto baseado na rejeição a Bolsonaro e Lula definirão a eleição de outubro

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