Folha de Londrina

Putin e Zelenski recorrem a alegorias históricas da Segunda Guerra

Os dois presidente­s se acusam mutuamente de cometerem atos nazistas na véspera da celebração da vitória dos aliados sobre a Alemanha de Adolf Hitler

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São Paulo - Às vésperas da celebração da data em que os Aliados derrotaram a Alemanha de Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial, Vladimir Putin e Volodimir Zelenski usaram a memória histórica neste domingo (8) em discursos públicos para mobilizar apoio.

O presidente da Rússia afirmou que seus soldados, assim como os antepassad­os da União Soviética, lutam para “livrar a pátria da sujeira nazista”, alusão clara às alegações de que é preciso “desnazific­ar” a Ucrânia, apresentad­as por ele desde o início como uma das justificat­ivas para invadir o vizinho e contestada­s por especialis­tas.

Já seu homólogo ucraniano comparou as ações russas a dos nazistas. Em um vídeo recheado de referência­s históricas, disse que Moscou faz uma “encenação sangrenta, uma repetição fanática do nazismo”, e acrescento­u que a Rússia parece querer tomar o protagonis­mo nazista da histórica como um dos maiores males da história humana.

Putin falava a território­s aliados de Moscou --como a ditadura da Belarus, os separatist­as da Trandsníst­ria, na Moldova, o governo do Cazaquistã­o e as autoprocla­madas repúblicas de Donetsk e Lugansk, no Donbass, leste ucraniano--, em

O cantor irlandês Bono, do grupo U2, deu um show neste domingo em uma estação de metrô de Kiev, durante o qual elogiou a luta da Ucrânia pela “liberdade” e pediu que a paz chegue em breve

discurso relacionad­o ao Dia da Vitória, que será celebrado nesta segunda-feira (9).

Zelenski, por sua vez, usando uma camisa com a frase “eu sou ucraniano” em inglês e parado na frente de prédios bombardead­os, usava a data do Dia da Memória e da Reconcilia­ção para mobilizar não apenas o povo de seu país, como também de outras nações. Fez referência­s, entre outros, ao Reino Unido, à Polônia e à França.

O líder do Kremlin disse que como em 1945, os russos novamente

vencerão. E seguiu: “Hoje o nazismo volta a levantar a cabeça; nosso dever é frear os sucessores ideológico­s dos que já foram derrotados”.

O presidente ucraniano, em fala de mais de 10 minutos, disse que “o mal voltou à Ucrânia”. “Décadas após a Segunda Guerra, a escuridão voltou. Com uniforme e slogans diferentes, mas com o mesmo propósito: uma sangrenta reconstruç­ão do nazismo na Ucrânia.”

O país foi ocupado pelos nazistas

de 1941 a 1944, época em que ainda era parte da União Soviética. Antes da invasão, a capital, Kiev, contava com cerca de 160 mil judeus --20% da população local--, e mais de 100 mil deles fugiram temendo a violência. Inúmeros episódios de violência foram registrado­s, sendo um dos principais o Babi Yar, quando mais de 33 mil judeus foram assassinad­os.

O 74º dia de conflito também foi marcado por afirmações de autoridade­s de Lugansk de que uma escola que servia de abrigo para cerca de 90 pessoas foi destruída após um bombardeio. Ao menos 60 ainda estariam desapareci­dos nos escombros, e o governador regional, Serguei Gaidai, afirmou que, provavelme­nte, todos estão mortos.

Ele disse que socorrista­s do vilarejo de Bilogorivk­a tiveram dificuldad­e para trabalhar durante a madrugada porque os ataques não cessaram --ao contrário, aumentaram quando as luzes dos arredores foram acesas para facilitar as buscas por possíveis sobreviven­tes.

Gaidai também disse que tropas ucranianas deixaram Popasna, palco de intensos bombardeio­s ao longo das últimas semanas. O local estaria “completame­nte destruído”. Mais cedo, o ditador da Tchetchêni­a, Ramzan Kadirov, aliado de Moscou, disse que suas tropas haviam assumido o controle da maior parte da cidade.

Do lado russo, o Ministério da Defesa alegou ter destruído com mísseis um navio de guerra da Marinha ucraniana perto de Odessa. A pasta também diz ter derrubado dois caça-bombardeio­s ucranianos SU-24 e um helicópter­o de ataque Mi24 na ilha de Cobra, no mar Negro, informaçõe­s que não puderam ser confirmada­s de forma independen­te.

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Sergei Chuzavkov/AFP
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