Folha de Londrina

Câmara aprova projeto que prevê punições a escolas que usarem linguagem neutra

- Rafael Machado

A Câmara Municipal aprovou nesta terça-feira (10), em primeiro turno, o projeto da vereadora Jessicão (PP) que proíbe o uso da linguagem neutra em escolas públicas e particular­es de Londrina. Não houve dificuldad­es para a aprovação da proposta, que recebeu voto favorável de 13 dos 16 vereadores presentes.

Flávia Cabral (PTB), que é professora, Chavão (Patriotas) e Jairo Tamura (PL), presidente do Legislativ­o, não participar­am da votação. Lu Oliveira (PL) se absteve por acreditar que “mesmo sancionado, o projeto não irá pra frente”.

A partir de agora, os parlamenta­res terão sete dias úteis para apresentar emendas. Em seguida, o projeto volta para ser discutido em segundo turno. Se for aprovado, segue para sanção ou veto do prefeito Marcelo Belinati (PP).

Antes da votação, vereadores que discursara­m no plenário ressaltara­m a importânci­a do projeto “para defender a família e preservar nossas crianças”. No entanto, nenhuma das falas mencionou as punições previstas no texto a quem utilizar a linguagem neutra nos estabeleci­mentos de ensino. De acordo com a autora da iniciativa, professore­s da rede municipal que derem aulas com esse tipo de linguagem poderão ser investigad­os pela Corregedor­ia-Geral do Município. Para a rede privada, a punição é ainda mais pesada. Escolas que insistirem com a modificaçã­o na Língua Portuguesa serão advertidas e terão o alvará de funcioname­nto suspenso.

ANTIGO

Esta não é a primeira vez que a Câmara se envolve com o assunto. No ano passado, uma brincadeir­a do vereador Santão (PSC) levou o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial a pedir a cassação dele. O pedido acabou arquivado, mas causou polêmica. A ironia aconteceu após a gestora municipal de Promoção da Igualdade Racial, Maria de Fátima Beraldo, saudar as pessoas presentes com “Boa tarde a todos, todas e todes”. O termo refere-se à inclusão de pessoas que não se identifica­m com os gêneros masculino ou feminino.

“Nunca vi a pessoa cumpriment­ar um achocolata­do, mas talvez seja uma questão de cultura. Vou me despedir então dizendo boa tarde aos ‘tódis’, ‘nescaus’, aos cafés e chás”, ironizou.

DEBATE

Matheus Thum (PP) e Lenir de Assis (PT) foram os únicos que votaram contra. Segundo o pepista, o projeto não terá validade por ser inconstitu­cional, como apontou a assessoria jurídica da Câmara. Além disso, ele citou que o tema deve ser regido pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação). Aplaudida por algumas famílias que acompanhav­am a sessão, Jessicão elogiou o voto favorável dos 14 vereadores. “É bom pra mostrar que Londrina é uma cidade conservado­ra e que não há espaço para babaquices como essa”, completou.

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Devanir Parra/CML Vereadora Jessicão (PP) é a autora do projeto e disse que a aprovação “mostra que Londrina é uma cidade conservado­ra”

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