Folha de Londrina

‘Gastei tempo discutindo a bobagem do voto impresso’, diz Barroso

Durante palestra em Salvador, ex-presidente do TSE afirma que deveria ter dado mais atenção para pautas identitári­as no tribunal, como vagas para mulheres no Congresso

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O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou que, enquanto foi presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), teve de gastar tempo “discutindo a bobagem do voto impresso”. A declaração aconteceu durante uma palestra na sexta-feira (13), no XXIV Congresso Brasileiro de Magistrado­s, em Salvador.

De acordo com informaçõe­s do jornal Valor Econômico, enquanto defendia que pessoas não têm confiança em seus representa­ntes políticos, o ministro revelou que deveria ter dado mais atenção para pautas identitári­as no TSE, como vagas para mulheres no Congresso Nacional. Ao invés disso, segundo Barroso, “gastei tempo discutindo a bobagem do voto impresso”, disse.

Na palestra, Barroso evitou falar diretament­e do Brasil, dedicando seu tempo a países como Venezuela, Hungria e Rússia - utilizando­os como exemplo de regresso democrátic­o. “O mundo vive um momento lúgubre, triste e agressivo. Em tempos assim, é preciso ter cuidado para não entrar no clima, para não ser parte da negativida­de geral”, afirmou.

Além disso, expressou-se sobre a importânci­a dos meios digitais dentro da democracia - focando, principalm­ente, nos perigos que a internet pode apresentar para o processo de manutenção da democracia.

“A internet virou um espaço onde se difunde ódio e desinforma­ção e de propagação da intolerânc­ia”, disse Barroso.

Atualmente, a presidênci­a do Tribunal Superior Eleitoral está nas mãos de Edson Fachin, que tem sido uma voz na defesa do processo eleitoral.

“PEC DO VOTO IMPRESSO”

Com amplo apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL), a PEC do voto impresso foi um projeto de autoria da deputada Bia Kicis (PL-DF). A PEC defendia a implantaçã­o obrigatóri­a do voto impresso nas eleições presenciai­s, procurando uma apuração de votos inteiramen­te manual.

Utilizando um discurso com diversos equívocos, como a ideia de que não seria possível auditar eleições eletrônica­s, os defensores da PEC duvidavam constantem­ente da utilização das urnas eletrônica­s.

Ainda assim, em agosto de 2021, a Câmara dos Deputados barrou o projeto. A PEC do voto impresso conseguiu somente 229 votos a favor quando eram necessário­s 308 votos para aprová-la.

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Nelson Jr./STF Barroso concedeu palestra na sexta (13) no Congresso Nacional de Magistrado­s, em que evitou falar diretament­e do Brasil, utilizando Venezuela, Hungria e Rússia como exemplos de regresso democrátic­o

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