Associação leva discussão sobre saúde mental para as escolas públicas
Psicólogas usam palestras e bate-papo para ajudar professores e estudantes em Londrina a identificar os problemas e onde buscar ajuda
Inquietação, falta de concentração e ar, fadiga, ataques de pânico, preocupação excessiva, medo e boca seca. Todos são sintomas de ansiedade. Mas quando eles são sentidos por alunos e dentro da sala da aula, o que fazer? É justamente isso que a Associação Senda, de Londrina, tem buscando esclarecer e conscientizar por meio de um projeto social que tem levado a discussão da saúde mental para dentro dos colégios públicos.
Com palestras, slides, cartilhas e muito bate-papo, psicólogas têm ajudado professores e estudantes a identificarem o que é a ansiedade, quando configura crise, onde procurar ajudar e como tratar o que já vem sendo classificado como o mal do século. “O projeto surgiu da necessidade de situações dentro das escolas que chegaram para nós. Evidências de adolescentes tendo crise de ansiedade na sala e o professor não sabia o que fazer”, explica a psicóloga Mariana da Silva Fernandes.
Segundo a psicóloga Larissa Michelle Moreira de Souza, a ansiedade se torna transtorno quando passa a atrapalhar a rotina, gerando prejuízos e sofrimento. “A pessoa tem tremedeira, o coração acelera. Ensinamos algumas técnicas de como controlar, como por exemplo, a respiração, o professor sair da sala com o aluno, o colega ajudar, ele passar gelo no corpo, falar de outros assuntos. São orientações básicas, mas essenciais.”
Desde o final de março, as profissionais percorreram sete escolas estaduais de Londrina, contemplando turmas do 8º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. O projeto é liderado por seis psicólogas formadas e conta com o reforço de alunos do curso de psicologia da UEL (Universidade Estadual de Londrina). “Saúde mental não é brincadeira”, lembram.
INVALIDAÇÃO DO SENTIMENTO
As psicólogas destacam que durante as conversas com os estudantes e o questionário que respondem depois da palestra, surgem muitos relatos que mostram a invalidação dos sentimentos dos adolescentes. “Muitas vezes os pais não dão atenção, falam que é frescura, dizem que não precisa procurar ajudar. A família não pode invalidar o sentimento do filho. Vemos situações de aluno que vai fazer prova e não consegue, apresenta trabalho e passa mal. Às vezes os pais só vão olhar para o adolescente quando estiver surtado”, comenta Mariana de Oliveira Rodrigues.
As profissionais alertam que se a ansiedade do jovem não for tratada com seriedade pelo colégio e as famílias, outras questões psicológicas podem surgir, levando este adolescente até a automutilação. “Buscamos ajudar para que os adolescentes se reconheçam dentro do sofrimento e vejam que existe tratamento. Existe um caminho de possibilidades para procurar ajuda. O jovem é o futuro. Se não tratarmos e cuidarmos agora, teremos uma sociedade de adultos doentes”, frisam.
EDUCADORES
A ideia é que o projeto “Saúde Mental nas Escolas” seja ampliado e também direcionado para os professores. “Queremos falar com os professores sobre a vida particular deles e não apenas da sala de aula. Olhar para o todo e não apenas o trabalho. A intenção é ter uma perspectiva mais acolhedora, já que a vida particular influência o trabalho e vice-versa”, detalharam Juliana Cristina de Oliveira e Rayane Kelly Leandro da Silveira. Outra possibilidade é trabalhar com foco nas demandas específicas de cada colégio.
“Esta experiência tem sido produtiva e de crescimento profissional e pessoal. Temos mostrado a importância da empatia, da informação e que os estudantes não precisam lidar com os sentimentos sozinhos”, valorizaram as psicólogas da “Senda”.
SERVIÇO
Ensinamos algumas técnicas. São orientações básicas, mas essenciais”
Quem quiser mais informações sobre o projeto ou levar as palestras para o colégio pode entrar em contato pelos telefones (43) 3337-7793 e (43) 99959-9130 (WhatsApp)
Se não tratarmos e cuidarmos agora, teremos uma sociedade de adultos doentes”