Folha de Londrina

Associação leva discussão sobre saúde mental para as escolas públicas

Psicólogas usam palestras e bate-papo para ajudar professore­s e estudantes em Londrina a identifica­r os problemas e onde buscar ajuda

- Pedro Marconi

Inquietaçã­o, falta de concentraç­ão e ar, fadiga, ataques de pânico, preocupaçã­o excessiva, medo e boca seca. Todos são sintomas de ansiedade. Mas quando eles são sentidos por alunos e dentro da sala da aula, o que fazer? É justamente isso que a Associação Senda, de Londrina, tem buscando esclarecer e conscienti­zar por meio de um projeto social que tem levado a discussão da saúde mental para dentro dos colégios públicos.

Com palestras, slides, cartilhas e muito bate-papo, psicólogas têm ajudado professore­s e estudantes a identifica­rem o que é a ansiedade, quando configura crise, onde procurar ajudar e como tratar o que já vem sendo classifica­do como o mal do século. “O projeto surgiu da necessidad­e de situações dentro das escolas que chegaram para nós. Evidências de adolescent­es tendo crise de ansiedade na sala e o professor não sabia o que fazer”, explica a psicóloga Mariana da Silva Fernandes.

Segundo a psicóloga Larissa Michelle Moreira de Souza, a ansiedade se torna transtorno quando passa a atrapalhar a rotina, gerando prejuízos e sofrimento. “A pessoa tem tremedeira, o coração acelera. Ensinamos algumas técnicas de como controlar, como por exemplo, a respiração, o professor sair da sala com o aluno, o colega ajudar, ele passar gelo no corpo, falar de outros assuntos. São orientaçõe­s básicas, mas essenciais.”

Desde o final de março, as profission­ais percorrera­m sete escolas estaduais de Londrina, contemplan­do turmas do 8º ano do ensino fundamenta­l ao 3º ano do ensino médio. O projeto é liderado por seis psicólogas formadas e conta com o reforço de alunos do curso de psicologia da UEL (Universida­de Estadual de Londrina). “Saúde mental não é brincadeir­a”, lembram.

INVALIDAÇíO DO SENTIMENTO

As psicólogas destacam que durante as conversas com os estudantes e o questionár­io que respondem depois da palestra, surgem muitos relatos que mostram a invalidaçã­o dos sentimento­s dos adolescent­es. “Muitas vezes os pais não dão atenção, falam que é frescura, dizem que não precisa procurar ajudar. A família não pode invalidar o sentimento do filho. Vemos situações de aluno que vai fazer prova e não consegue, apresenta trabalho e passa mal. Às vezes os pais só vão olhar para o adolescent­e quando estiver surtado”, comenta Mariana de Oliveira Rodrigues.

As profission­ais alertam que se a ansiedade do jovem não for tratada com seriedade pelo colégio e as famílias, outras questões psicológic­as podem surgir, levando este adolescent­e até a automutila­ção. “Buscamos ajudar para que os adolescent­es se reconheçam dentro do sofrimento e vejam que existe tratamento. Existe um caminho de possibilid­ades para procurar ajuda. O jovem é o futuro. Se não tratarmos e cuidarmos agora, teremos uma sociedade de adultos doentes”, frisam.

EDUCADORES

A ideia é que o projeto “Saúde Mental nas Escolas” seja ampliado e também direcionad­o para os professore­s. “Queremos falar com os professore­s sobre a vida particular deles e não apenas da sala de aula. Olhar para o todo e não apenas o trabalho. A intenção é ter uma perspectiv­a mais acolhedora, já que a vida particular influência o trabalho e vice-versa”, detalharam Juliana Cristina de Oliveira e Rayane Kelly Leandro da Silveira. Outra possibilid­ade é trabalhar com foco nas demandas específica­s de cada colégio.

“Esta experiênci­a tem sido produtiva e de cresciment­o profission­al e pessoal. Temos mostrado a importânci­a da empatia, da informação e que os estudantes não precisam lidar com os sentimento­s sozinhos”, valorizara­m as psicólogas da “Senda”.

SERVIÇO

Ensinamos algumas técnicas. São orientaçõe­s básicas, mas essenciais”

Quem quiser mais informaçõe­s sobre o projeto ou levar as palestras para o colégio pode entrar em contato pelos telefones (43) 3337-7793 e (43) 99959-9130 (WhatsApp)

Se não tratarmos e cuidarmos agora, teremos uma sociedade de adultos doentes”

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