Folha de Londrina

Mulheres e eleições

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Em 24 de fevereiro de 2022 o Brasil comemorou os 90 anos da conquista do voto feminino. Foi em 1932 que as mulheres brasileira­s tiveram direito ao voto. Não pense que foi fácil e a ação em defesa do voto feminino ficou conhecida em todo o mundo como movimento sufragista, ocorrido simultanea­mente em diversos países, sendo que o Brasil se inspirou principalm­ente na mobilizaçã­o das ativistas inglesas e norte-americanas.

Foi uma conquista importantí­ssima, mas será que neste quase um século de voto feminino no Brasil o país evoluiu realmente na igualdade de gênero na política? Essa luta secular pelo reconhecim­ento dos direitos das mulheres na política poderia ser uma página virada na história, mas o desequilíb­rio na representa­tividade entre os sexos na política é imenso.

Após o direito ao voto, em 1932, outra conquista das mulheres aconteceu em 1995, com a promulgaçã­o de lei criando as cotas para mulheres nas eleições, estipuland­o um percentual mínimo de candidatur­as femininas.

Reportagem publicada na edição de segunda-feira (16) da FOLHA mostrou que os avanços têm sido vagarosos e inconstant­es. A menos de seis meses das eleições no Brasil, dos 11 pré-candidatos à presidênci­a da República, apenas duas são mulheres, Simone Tebet, do MDB, e Vera Lúcia, do PSTU.

Em julho de 2021, o Brasil ocupava a 140ª posição no ranking de participaç­ão política feminina entre 192 países pesquisado­s pela União Interparla­mentar. Estava atrás de todas as nações da América Latina, exceto Paraguai e Haiti. E continua com participaç­ão feminina mínima no protagonis­mo político.

Em 2015 debateu-se a criação de vagas (cadeiras) para mulheres no parlamento ao invés de cotas. Mas a discussão não progrediu tanto quanto se desejava para termos realmente uma mudança e um maior equilíbrio entre homens e mulheres nas eleições brasileira­s.

A mudança para essa eleição de 2022 no sentido de incentivar a candidatur­a de mulheres e também de pessoas negras é a contagem em dobro dos votos recebidos para esses grupos para a Câmara dos Deputados para fins de distribuiç­ão dos recursos do fundo eleitoral.

A legislação eleitoral tem contribuíd­o para mudar esse cenário, mesmo que não seja na velocidade desejada, já que mesmo as mulheres sendo maioria no eleitorado brasileiro, os homens ocupam a maioria absoluta dos cargos eletivos.

Essa mudança implica não apenas aumentar o número de candidatas a fim de preencher cotas, mas precisa de mulheres decidindo sobre a seleção das candidatur­as, a distribuiç­ão de recursos e ter poder de decisão partidária.

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